Como as empresas se tornaram agentes de transformação da sociedade

Dr. Luis Francisco

Em busca de produtividade e resultados, as empresas descobriram que precisam ter responsabilidade social

Você já parou para pensar em qual é o local onde passa a maior parte do tempo? Pois é, isso mesmo: a maioria das pessoas passa oito horas ou mais do seu dia em seu ambiente de trabalho. Mesmo agora, com o home office, a interação com os colegas de trabalho e com a cultura da empresa é intensa. Levando-se em consideração que uma das formas que mais influenciam o ser humano é o exemplo, as empresas têm uma grande responsabilidade em relação aos seus colaboradores e à sociedade, ajudando a moldar relações entre as pessoas e entre elas e o mundo.

Tudo é muito dinâmico, de tal forma que as empresas vão se transformando no decorrer do tempo, em virtude das necessidades que cada época vai impondo. Muitas empresas entenderam, por exemplo, que não há produtividade possível, muito menos lucratividade, em um “planeta e/ou sociedade devastados”. Aos poucos, a cultura do quanto somos todos responsáveis (pessoas físicas e jurídicas) pelo nosso amanhã toma corpo e dimensões importantes no mundo dos negócios.

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Precisamos de riqueza, sim. Riqueza gera empregos, gera bens, gera bem-estares físico e social, contribuindo em muito para o crescimento da sociedade. Porém, riqueza sem responsabilidade gera prejuízo e muito desperdício, no médio e no longo prazos. Prejuízo para as pessoas e para as empresas, para o futuro das gerações de hoje e também das de amanhã.

As constantes mudanças que a sociedade impõe, oriundas do próprio desenvolvimento e de situações, como a globalização, têm afetado todos nós, o que tem exigido constante criatividade na forma de gerenciar nossos negócios, nossas vidas e empresas. Desde o século 19, há registros de ações sociais de empresários. Algumas ações de empresas norte-americanas no início do século 20 já podiam ser observadas visando à sustentabilidade da própria organização, a não apenas ao lucro a ser repassado a sócios e acionistas.

Com caráter essencialmente filantrópico, a Responsabilidade Social nas empresas começou a ganhar contornos, principalmente, por volta da década de 1960. “O termo RS aparece pela primeira vez em um manifesto, que defendia a responsabilidade dos gestores de indústrias em manter o equilíbrio justo entre todos os interessados, incluindo consumidores, fornecedores, acionistas e setor público”.

De lá para cá, estamos cada vez mais conscientes do quanto é fundamental manter as forças da sociedade em equilíbrio, assim como cresce o entendimento de que o econômico não sobrevive sem o ambiental, o social e o cultural. Por isso, o conceito de Responsabilidade Social foi adquirindo cada vez mais amplitude e está diretamente relacionado com a sustentabilidde do negócio, levando em conta todos os públicos da cadeia interessada.

O que isso traz de mudanças para as pessoas e para a sociedade? Em busca de produtividade e resultados, as empresas descobriram que precisam investir em pessoas. As pessoas são a empresa. Isso tem provocado duas coisas extraordinárias: incentivo à transformação pessoal, de líderes e equipes, e prática da alfabetização emocional. As pessoas estão sendo instigadas a pensar sobre seu entorno, a aprender a lidar com outras pessoas, a ser líderes de verdade, principalmente de suas vidas, e ser coach de suas equipes, escutar mais, descobrir seus potenciais, cuidar de si mesmas, de sua saúde, enfim, tornarem-se seres humanos melhores. E o que é ainda melhor: respeitar o mundo em que vivemos.

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Parece romântico demais? Na prática, no entanto, é isso que vem acontecendo. Uma revolução silenciosa dentro de muitas empresas. Ainda existem os predadores, a competição acirrada, os maus jogadores, aqueles que sempre querem levar vantagem em tudo? Aqueles que só pensam no dia de hoje e no lucro fácil? Claro que sim. Não queiramos maquiar a realidade. No entanto, caminhamos, sim, para uma consciência de que a cooperação, o cuidado, a ética e a transparência são reconhecidos como as melhores opções e que só trazem ganhos. Os ganhos fáceis, a qualquer custo, são enganosos e no “vamos ver” trazem perdas ao final, em vez de riqueza real.

A adoção de programas de compliance (conformidade à lei e à ética) e integridade nas empresas só vem reforçar essa consciência e a ideia, parafraseando Mahatma Gandhi, de que cada um de nós deve ser a mudança que deseja ver na sociedade. Tudo começa com a transformação das pessoas. E as empresas, ao tomarem para si a responsabilidade de modelar em seus negócios (seja por espontânea vontade ou por forças maiores que a estão conduzindo a isso) formas de enfrentar a corrupção, ajudam a sociedade a entender a importância de atitudes éticas (e, portanto, empáticas) no trato que devemos ter uns com os outros e também com o planeta.

Quando falamos de cooperativas, então; quando falamos de Unimed, podemos afirmar que essa preocupação, a da integridade e, também, a de seu papel nas comunidades em que está inserida, tem sido fundamental e tem guiado todas as nossas ações. O que muito nos orgulha, ao mesmo tempo em que reconhecemos o peso do que isso significa. Responsabilidade Social, compliance, integridade são pontos de maturidade que exigem revisitação, sempre, para constante alinhamento e desenvolvimento.

Dr. Luís Francisco Costa
Diretor Administrativo Financeiro da Unimed Paraná

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