Enfrentamento à Covid-19 virou guerra: busca por leitos é árdua

Enfrentamento à Covid-19
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

No enfrentamento à Covid-19, hospitais estão à beira do colapso e busca por leitos é tarefa árdua na rotina dos profissionais

Situação de guerra: assim tem sido descrita a realidade atual no enfrentamento à Covid-19. Com uma elevação descontrolada no número de casos e internamentos tanto na rede pública, quanto na rede privada, os profissionais da área da saúde têm trabalhado 24 horas seguidas em busca de leitos, medicamentos e equipamentos para salvar o maior número de vidas possível.

Números atualizados do novo coronavírus no Paraná

Se antes os números sofriam oscilações semana a semana, atualmente o que se vê é uma situação muito mais crítica. Em questão de horas, o cenário muda completamente e, se em um momento a condição parece ser mais tranquila, logo em seguida ela passa a beirar o caos. Nesse contexto, conseguir mais leitos para pacientes que estão em estados mais grave virou quase uma loteria. “Hora o hospital não tem capacidade, hora não tem equipamento, medicamento ou profissional”, pontua a gerente de Operações, Intercâmbio e Rede Prestadora da Unimed Paraná, Daniela Weber, que no momento atua diretamente na busca pelo aumento de leitos em todo o Paraná.

Operação conjunta no enfrentamento à Covid-19

Por meio do Comitê de Crise montado pela Federação, há o contato diário entre os municípios e o estado para conseguir a transferência de pacientes em casos mais graves, levando os profissionais da área a trabalharem 24 horas seguidas para garantir uma chance para quem está internado. “Estamos 24 horas em busca de vagas, 24 horas com as equipes trabalhando e buscando o máximo possível nesse momento. E o que vemos é um afrouxamento nas medidas restritivas, piorando ainda mais o cenário”, afirma a colaboradora da área de Mercado da Federação, Kellen Dickel, que neste contexto tem atuado em uma espécie de gerenciamento do centro de leitos disponíveis.

Em apoio às profissionais, o médico e gerente de Atenção à Saúde, Halsey Costa Resende, assim como o também médico e gerente de Estratégias e Regulação de Saúde, Marlus Volney de Morais, agem, respectivamente, com a busca por insumos e equipamentos – que têm sofrido um aumento brusco e desproporcional nos valores -, e com a tentativa de expandir as equipes médicas e de enfermagem atuante no combate à pandemia. “Contamos com o apoio da área de Gestão de Pessoas nessa busca por mais profissionais, mas por enquanto a maior dificuldade se reflete na questão de deslocamento. Há a necessidade de encontrar equipes que possam atuar nos pontos mais críticos”, pontua Morais.

Em meio à escassez de recursos, as equipes da linha de frente da Unimed Paraná não têm medido esforços para realizar a transferência de pacientes agravados, inclusive realizando o transporte aéreo em alguns casos mais críticos. “Chegamos a transferir um paciente para o Espírito Santo na semana passada. O problema é que, nesse momento em específico, não temos leitos disponíveis nem lá [no Espírito Santo] mais. Está faltando para todo mundo”, complementa Kellen.

O caos em busca da vida

Inevitavelmente, porém, as equipes já vivem a realidade de escolher qual paciente, seguindo uma série de critérios pré-estipulados, será transferido assim que uma vaga é aberta. Ao mesmo tempo que os profissionais lutam 24 horas ao dia para conseguir transferir os pacientes com quadros mais graves e garantir mais horas nessa busca incessante pela vida, o que se vê fora dos hospitais é uma imprudência sem tamanho. Festas lotadas, negligência no uso de máscara, aglomerações sem sentido e muita irresponsabilidade permeiam a sociedade que, por cansaço ou negacionismo, cria um ambiente favorável para que o vírus circule ainda mais. Dessa forma, o sistema de saúde é cada vez mais sobrecarregado, tornando mais eminente o colapso total.

E para quem espera que a situação se normalize em breve, a notícia não é a mais agradável. “O maior pico deve acontecer ainda nessa semana aqui no Paraná. Deve ser uma semana bem crítica. Se as medidas restritivas forem mantidas e principalmente respeitadas, temos a expectativa de que a partir da outra semana comece a haver um equilíbrio para, aí sim, ter a redução dos casos de forma gradativa”, alerta o médico epidemiologista Moacir Ramos.

Os próximos meses

O médico e superintendente Operacional da Unimed Federação do Estado de São Paulo (Fesp), Mauro Couri, destaca que o que se vê no Sul neste momento, deve se espalhar por São Paulo durante as próximas semanas. “Já vemos, principalmente em cidades do interior, o mesmo cenário que acontecia no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul há algumas semanas. A previsão é que daqui duas, três semanas, nós [São Paulo] nos tornemos o novo Sul”, diz.

Na perspectiva do médico, não há uma previsão de melhora da situação pandêmica antes do fim de abril, principalmente com o momento de colapso vivido em quase todas as regiões do país. Mais do que nunca, essa é a hora de ter consciência e tolerância para entender que o momento é o mais crítico de todo o último ano, e sem perspectiva breve de uma melhora considerável.

Enquanto a vacina não chega para todos, faça a sua parte: não participe de aglomerações, use a máscara corretamente, pratique o distanciamento social e ajude a salvar o maior número possível de vidas.

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