Paraná tem pior ano epidemiológico da dengue na história

Dengue no Paraná
(Foto: Ilustração/Pixabay)

O monitoramento da dengue no Paraná ocorre sempre entre agosto de um ano e julho do ano seguinte, é o chamado ano epidemiológico da doença. E nesta temporada 2019/2020, os números registrados pelo estado foram os piores da história (a doença começou a ser monitorada em 1991). Foram registrados 227.724 casos da doença no estado, com 177 mortes. Até então, o pior período havia sido entre 2015 e 2016, com pouco mais de 56 mil casos e 61 mortes.

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O número de mortes no Paraná correspondeu a 41% de todos os óbitos por dengue registrados no Brasil no ano epidemiológico, segundo dados do Ministério da Saúde. No país, foram registrados 874.093 casos suspeitos da doença e contabilizados 415 óbitos, em todo o país. Em relação ao total de casos suspeitos, esse percentual é de 29,8%, o que indica que, além de atingir mais pessoas, a letalidade de doença também foi maior no estado.

A principal razão para o aumento da dengue no estado foi a circulação de um novo sorotipo, até então inexistente por aqui, o Den-2, para o qual a população ainda não tem imunidade. O ano epidemiológico da dengue chega ao fim, no estado, com 244 das 399 cidades paranaenses em situação de epidemia e outras 31 em situação de alerta.

Essa mudança do sorotipo dominante pode ser creditada ao transporte e ao comércio mundiais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). “O aumento da mobilidade nas cidades, entre cidades e entre países e continentes contribuem coletivamente para a ampliação do risco de surtos de doenças transmitidas por vetores, e no caso específico da dengue, para o aumento da gravidade da doença, associada com a disseminação de vários sorotipos de vírus”, diz o documento Estratégia Global para Prevenção e Controle da Dengue em 2012-2020, da OMS.

Em prestação de contas na Assembleia Legislativa do Paraná, o secretário estadual de saúde, Beto Preto, comentou a situação do novo sorotipo e lamentou recursos e tempo desperdiçados no passado, quando o Paraná, no governo anterior foi o único estado do Brasil a adotar a vacina Dengvaxia que, posteriormente, revelou-se contraindicada para pessoas que nunca tiveram a doença e teve a bula alterada. “Estamos analisando todo o arcabouço de ações que foram feitas a partir desta vacinação. Ela previa três doses. Poucas pessoas que estavam aptas a tomar a vacina tomaram as três doses. Não alcançou o objetivo. Mas foi uma decisão da Secretaria da Saúde na época. Não estou aqui contestando, criticando nem concordando. No entanto, foi uma alternativa que não logrou êxito”, respondeu, destacando que não há solução milagrosa para o enfrentamento da dengue diferente do combate ao mosquito, “eliminando os focos, evitando a procriação, conscientizando a população e promovendo visitas dos agentes comunitários para acabar com o acúmulo de água parada”.

Ano epidemiológico Casos Mortes
2019/20 227.724 177
2018/19 22.946 23
2017/18 992 2
2016/17 870 0
2015/16 56351 61
2014/15 35433 24
2013/14 19628 9
2012/13 54716 23
2011/12 2678 1
2010/11 27382 14
2009/10 33456 15
2008/09 893 0
2007/08 1011 2
2006/07 25988 7
2005/06 1141 0
2004/05 989 0
2003/04 107 0
2002/03 9438 0
2001/02 5164 3
2000/01 1288 0
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