Os transtornos mentais afetam aproximadamente 14% da população mundial, segundo dados do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) de 2021. São números que pioraram com a pandemia de Covid-19 — com estudos estimando um aumento de mais de 25% em casos de transtorno depressivo maior e de transtornos de ansiedade.
Os transtornos mentais com maior prevalência global, segundo o estudo Global Burden of Disease (GBD) de 2021, são:
- Transtornos de ansiedade
- Transtorno depressivo maior
- Transtornos de personalidade
- Distimia
- Deficiência intelectual
- Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
- Transtornos do espectro autista
- Transtorno de conduta
- Transtorno bipolar
- Esquizofrenia
Entenda mais sobre cada um abaixo, e fique atento: o diagnóstico dos transtornos só é válido quando feito por profissionais qualificados, como psicólogos e psiquiatras, treinados para avaliar sua presença em diferentes situações, contextos e indivíduos de acordo com todos os critérios cientificamente consolidados.
Quais são os transtornos mentais mais comuns?
1. Transtornos de ansiedade
Medo e preocupação excessivos são características dos transtornos de ansiedade, os mais frequentes na população. Neste guarda-chuva, estão condições como o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de pânico e o transtorno de ansiedade de separação.
O transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo, também conhecido como TAG, é caracterizado pela presença de ansiedade, apreensão e preocupações excessivas na maioria dos dias, por muitos meses, em áreas diversas da vida — com dificuldade para controlar tais sintomas, provocando sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social.
Já o transtorno de pânico envolve a ocorrência repetitiva e inesperada de ataques de pânico (crises de ansiedade, medo ou desconforto intenso, com alguns sintomas físicos, como sensação de falta de ar, ondas de calor, náusea e medo de morrer).
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O indivíduo, inclusive, pode mudar seu comportamento devido à preocupação persistente com a possibilidade de ter novos ataques, evitando sair de casa ou desempenhar outras atividades do dia a dia.
Segundo a OMS, as síndromes ansiosas são cerca de 50% mais comuns ao longo da vida de mulheres do que de homens, assim como os transtornos depressivos.
2. Transtorno depressivo maior
A OMS aponta que os transtornos depressivos são uma das principais causas de anos vividos com incapacidade, perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva.
Nos transtornos depressivos, o humor triste e desânimo são desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que momentos de tristeza comuns no dia a dia. Frequentemente, envolvem também choro fácil ou frequente, irritabilidade exacerbada, apatia, ideias de morte, diminuição ou aumento do apetite, diminuição ou aumento do sono, autoestima diminuída e déficit de atenção e concentração.
O transtorno depressivo maior envolve ao menos uma experiência de humor deprimido ou perda de interesse/prazer, na maior parte do dia, por ao menos duas semanas, com características como mudança na alimentação, apetite ou peso, sono excessivo ou insônia, fadiga, problemas em concentração e sentimentos de desvalor ou de culpa desproporcionais.
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3. Transtornos de personalidade
Os transtornos de personalidade são caracterizados por padrões de comportamento, experiências internas e reações inflexíveis e mal adaptativas, marcadamente diferentes do que é considerado aceitável na cultura do indivíduo.
São exemplos os transtornos de personalidade obsessivo-compulsiva, em que pode haver preocupação excessiva com detalhes, regras e listas, perfeccionismo e rigidez, por exemplo; paranoide, com um padrão de desconfiança difusa; e borderline, que envolve questões como relacionamentos pessoais intensos, mas muito instáveis, comportamentos suicidas ou de automutilação, raiva intensa e inapropriada e sentimentos crônicos de vazio.
4. Distimia
A distimia é uma forma crônica de depressão, que dura ao menos dois anos ininterruptos, de intensidade leve. São sintomas o humor deprimido na maior parte dos dias, na maioria dos dias, podendo haver diminuição da autoestima, insônia, fragilidade aumentada, alterações no apetite, dificuldades em tomar decisões e sentimentos de desesperança.
5. Deficiência intelectual
A deficiência intelectual (DI) é caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, que se inicia antes dos 18 anos.
Ela se apresenta em diferentes graus e, para cerca de 80% dos indivíduos, é a deficiência intelectual leve — envolvendo a dificuldade em lidar com conceitos abstratos complexos e raciocínio lógico, possíveis dificuldades na regulação de emoções e dificuldades nas habilidades escolares.
A deficiência intelectual moderada afeta entre 10 e 15% da população com DI, com aquisição da fala e outras habilidades no período pré-escolar claramente mais lenta, aquisição escolar bastante limitada, necessidade de apoio social e na comunicação para que tarefas simples possam ocorrer de forma simples.
No caso da deficiência intelectual grave (3 a 4%), a linguagem está bastante afetada ou há quase total incapacidade na comunicação verbal. O apoio é necessário para todas as atividades cotidianas.
Por fim, na deficiência intelectual profunda, que é de 1 a 2% dos indivíduos com DI, há grave limitação da compreensão, geralmente não há comunicação falada e há uma grande dependência alheia para o cuidado físico diário.
6. Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH)
Padrões persistentes de desatenção e/ou de hiperatividade e impulsividade, com impactos negativos no funcionamento acadêmico, profissional ou social e que surgem no período de desenvolvimento caracterizam o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, ou TDAH.
Dificuldades relatadas por quem convive com o transtorno envolvem a dificuldade em se organizar, traçar planos realistas, manter o foco e pensar antes de agir.
7. Transtorno do espectro autista
Os transtornos do espectro autista envolvem prejuízos na comunicação, na reciprocidade social e comportamentos estereotípicos e/ou repetitivos, com prejuízos em áreas do desenvolvimento diversas.
Exemplos incluem limitações em iniciar, manter e entender relacionamentos, interesses altamente restritos ou fixos em intensidade ou foco muito maiores do que esperado, com prejuízos clínicos significativos no funcionamento de áreas importantes na vida da pessoa.
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8. Transtornos de conduta
O transtorno da conduta apresenta um padrão existente há ao menos um ano de comportamentos agressivos e transgressivos recorrentes, desrespeitando direitos básicos de outras pessoas e violando regras sociais e leis.
Exemplos incluem a crueldade física a pessoas e animais, a destruição deliberada da propriedade alheia, mentiras frequentes para obter vantagens ou evitar obrigações, entre outros.
Tais comportamentos não são restritos a um só ambiente, como o doméstico ou a escola, e costumam durar alguns anos.
9. Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é caracterizado pela presença de episódios maníacos, hipomaníacos e/ou depressivos, com diferentes diagnósticos de acordo com a combinação de sintomas na doença.
No transtorno, emoções comuns podem ser muito amplificadas, de forma imprevisível, com variações extremas entre estados de felicidade, energia e clareza mental, para estados de tristeza, cansaço e confusão.
Transtorno bipolar requer ajuda especializada, recomenda médico
10. Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma grande preocupação para a saúde pública — com aqueles diagnosticados com ela morrendo em média 10 a 20 anos antes da população em geral, por doenças físicas que poderiam ser prevenidas, segundo a OMS.
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A doença envolve prejuízos significativos na percepção e mudanças no comportamento, podendo haver alucinações persistentes, pensamento desorganizado e agitação extrema.
Sua manifestação envolve diferentes sintomas e comportamentos, que podem variar ao longo do tempo, a exemplo da diminuição da capacidade de experimentar e sentir prazer, existência de delírios e alucinações, lentificação e empobrecimento psicomotor, alterações cognitivas e sintomas ansiosos e depressivos.
Referências
Global Burden of Disease (2021)
World mental health report – OMS
Global report on children with developmental disabilities – OMS e Unicef
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais – Paulo Dalgalarrondo – 3ª edição (2019)