Nutricionistas dão dicas para uma lancheira saudável

lancheira saudável
(Foto: gpointstudio/Freepik)

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), temos mais de 380 milhões de crianças e adolescentes obesos no mundo. Os números assustam tanto que a OMS tem pedido para que os governantes busquem ações para reverter esse quadro que afeta diretamente na saúde mundial. Afinal, não estamos falando de estética e sim de saúde. Crianças com obesidade podem desenvolver inúmeras doenças, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e diversas formas de câncer. É nesse cenário que aparece o incentivo para pais montarem lancheiras saudáveis para os pequenos.

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Tendo maior consciência dos danos causados pelo excesso de peso, pais têm adotado uma alimentação mais saudável para seus filhos, evitando doces, gorduras e sódio, até mesmo nas férias. Estudos mostram que o paladar do ser humano é desenvolvido nos primeiros dois anos de vida e, com essa informação nas mãos, é entendido a importância de buscar uma alimentação mais natural possível para os pequenos nos primeiros anos. Pensando nisso, colégios do Rio de Janeiro e de São Paulo têm feito ações para estimular crianças e jovens a ter uma alimentação saudável e limpa.

Não só a mesa é possível sentir essas mudanças, nas cantinas das escolas o movimento também acontece, como é o caso do Colégio Itamarati, localizado em Ribeirão Preto. A instituição conta com a parceria da cantina e o responsável pela alimentação oferecida por eles, Caio, ressalta a importância dessa união colégio-casa: “Sabemos que a idade escolar é uma fase também de muito aprendizado, inclusive alimentar. Como parceiros da escola, temos um papel importante na criação e manutenção de bons hábitos, pois sabemos o quanto isso poderá influenciar nas escolhas alimentares dos alunos ao longo de suas vidas”.

O profissional destaca os alimentos escolhidos:

“Servimos somente salgados assados, temos opções de snacks saudáveis como chips de mandioquinha e batata doce. Além disso, diariamente temos salada de frutas, frutas secas, sanduíches e sucos naturais. Para o almoço, servimos refeições equilibradas, com saladas, arroz, feijão, refogado, duas proteínas e um acompanhamento”, lista Caio que destaca a refeição preferida dos alunos: “Os pequenos gostam muito da nossa almôndega caseira feita com ingredientes saudáveis e molho de tomate artesanal”.

No Itaim, em São Paulo, temos o exemplo do Colégio Domus, onde a saúde nutricional faz parte da preocupação de todo o corpo pedagógico. Patrícia Bruni, professora da escola, conta que existem técnicas para que as crianças se interessem por alimentos naturais. “No dia a dia mostramos e nomeamos os alimentos, assim ampliamos o conhecimento e conseguimos mostrar o quanto é importante comer todos os alimentos, alguns em maior e outros em menor quantidade”, explica a professora.

O lúdico como construção diária de novos hábitos!

Alexandra é coordenadora do Fundamental 1 do Colégio Anglo Leonardo Da Vinci, em São Paulo e aposta em aulas que fortaleçam a importância de hábitos mais sadios. “Em nossas aulas de Vida Saudável, trabalhamos com a construção diária de novos hábitos alimentares, apresentando frutas, verduras e legumes. De forma lúdica as crianças conhecem os benefícios e a importância de consumi-los, além das diversas maneiras de prepará-los. Participando da higienização do alimento, do preparo, da degustação, e até mesmo do plantio. Sempre os desafiando a experimentar”, relata.

Patrícia Viana Costa, nutricionista parceira do Colégio Marília Mattoso, ajuda na elaboração de um cardápio balanceado e em uma alimentação rica em nutrientes. “A alimentação saudável é um hábito que se deve cultivar desde cedo e isso depende dos esforços da família e da escola, que devem formar uma parceria nesse processo. O crescimento saudável das crianças depende diretamente de uma alimentação adequada. Uma prova disso é que a OMS a considera um direito humano fundamental. A escola é uma aliada importantíssima e a educação alimentar tem se tornado uma extensão da proposta pedagógica”.

A profissional lembra que algumas crianças tendem a recusar alguns alimentos após os 2 anos de idade e, para evitar isso, ela dá dicas para pais e professores. “Comer alimentos saudáveis na frente da criança, mostrando como são saborosos. A observação favorece a aceitação. Outro ponto é sempre buscar realizar as refeições em ambiente calmo e tranquilo. Variar a preparação do alimento é um ótimo aliado, pode se mudar o corte, a aparência e a textura. Sempre acrescentar um novo alimento ao que a criança já aceita de forma fácil. Essas atitudes podem facilitar muito o trabalho dos responsáveis pela alimentação”.

Patrícia dá uma dica de ouro para ajudar os pais a criarem o hábito saudável dentro de casa.

“Minha melhor dica começa na ida ao mercado. Vá alimentado, sem fome, assim você reduz o impulso de comprar aquelas guloseimas que quer evitar. Não leve as crianças, elas se encantam com o colorido das embalagens e evite as prateleiras de processados. Cozinhe mais com seus filhos, descasque mais, isso conecta a família e traz momentos de surpresa e felicidade. Se tiver dúvidas na hora de escolher a preparação, abuse das cores no prato, isso garantirá variedade de nutrientes e uma bela visão do que comer!”, diz a nutricionista.

Lancheira Saudável, fácil e rápida

Na Escola Canadense de Niterói, Maria Claudia Maieiro, nutricionista, faz parte do time do colégio há 4 anos e conta como é feito o planejamento alimentar na instituição.

“Os pais, ao fazerem a matrícula do aluno, preenchem uma ficha no departamento médico da escola, onde os mesmos registram as restrições de alimentos, como alergias e intolerâncias alimentares. A partir daí, montamos um cardápio equilibrado de forma a atender as necessidades nutricionais de cada aluno. Todas as nossas preparações são cozidas ou assadas, não é oferecido a criança nenhum tipo de “fritura”. Nosso objetivo principal e fornecer e resgatar hábitos alimentares saudáveis”, detalha a profissional que dá cinco dicas para montar uma lancheira saudável e sem complicação:

  1. Não precisa incluir mais de 3 itens.;
  2. Não é válido colocar várias opções para a própria criança escolher. A criança se perde com tantas opções, e quanto menor a criança for, mais difícil vai ser para ela escolher;
  3. Fruta é obrigatório – cortada, inteira, com casca ou sem casca… fruta sempre!;
  4. Suco naturais: caseiros ou vendidos em mercado sem açúcar ou conservantes;
  5. Biscoitos – preferência pelos integrais, lembrando que a maioria desses biscoitos possuem mais gordura que os pães e bolos caseiros. Por isso, é importante variar essa fonte de carboidrato.

Meu filho não come verduras, frutas, como mudar isso?

“Eu acredito muito na rotina familiar saudável. Nada melhor que o exemplo dos pais nesse processo de introdução de bons hábitos alimentares. E é claro, quanto mais cedo esses hábitos se iniciam, mais chances terão de obter sucesso no cardápio saudável desta criança. A conversa franca, explicativa é muito importante. Lembrando sempre, que o colorido do prato é sinal que estão indo no caminho certo”, finaliza Maria Cláudia.

Fonte: Saúde Debate

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