Há anos o celular deixou de ser um telefone móvel e passou a integrar nossas vidas de maneira integral, presente nos momentos mais inimagináveis. Contudo, por mais que o aparelho seja realmente um grande resolvedor de problemas e um amigo da correria, usá-lo irrestritamente pode trazer uma série de prejuízos não só para a saúde, mas também para as relações interpessoais. Afinal, você tem vício no celular?
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É natural afirmar que o celular nos aproxima de familiares e amigos distantes, e isso não deixa de ser verdade. As chamadas em vídeo, por exemplo, foram essenciais durante o período pandêmico e são uma boa forma de nos comunicarmos com pessoas que moram longe. No entanto, você já parou para pensar que a troca de mensagens muitas vezes nos coloca em uma posição cômoda? Não precisamos mais ver nossos amigos pessoalmente, basta mandar um áudio e perguntar como ele está.
E as reuniões familiares? Em muitas casas, estamos tão imersos no universo digital, que nem lembramos de trocar palavras pessoalmente, ou prestar atenção plena nos momentos que temos com os outros. Para a psicóloga e especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e Trânsito Interdisciplinar Marcela Delgado, que ministrou palestra sobre o uso excessivo do celular durante a 8ª SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes da Unimed Paraná, essa dependência se chama “nomofobia” e tem deixado as pessoas muito mais passivas.
E o vício não é apenas no uso do aparelho, como pontua Marcela, mas também nas relações construídas no meio digital.
“Nos tornamos dependentes das respostas rápidas, das publicações que fazem para nós, das demonstrações de afeto no ambiente virtual. O uso irrestrito das redes sociais pode causar, também, prejuízos como baixa resistência à frustração, agressividade e, ainda, contribuir para diagnósticos equivocados de TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade”.
O impacto na saúde também acende um alerta, já que as telas interferem em questões essenciais, como o sono e a alimentação, além de nos levar a uma maior taxa de sedentarismo. A psicóloga elenca alguns dos prejuízos:
- Comportamento antissocial
- Manias
- Sintomas depressivos
- Aumento da gordura corporal
- Alterações oftalmológicas
- Acidentes de carro causados pela falta de atenção
- Aumento da ansiedade e do estresse
Outro problema citado pela profissional é que o usuário viciado dificilmente percebe que está passando muito tempo em frente às telas. Por isso, ter apoio de colegas e familiares é importante para reduzir o uso de redes sociais, assim como a imposição de limites para crianças e adolescentes. “É essencial fazer as refeições sem o uso do celular, pois isso faz com que nós tenhamos mais atenção à comida que estamos ingerindo, além de incentivar a conversa com as pessoas que estão na mesa. Da mesma maneira, não devemos de forma alguma usar o celular enquanto dirigimos ou enquanto estamos caminhando na rua, pois o risco de acidentes é enorme”, lembra.
Durante a palestra, muitos colaboradores citaram a importância de estabelecer momentos de “desintoxicação” do celular. Seja uma tarde por semana em que você deixa o celular de lado e vai ao parque, seja durante algumas horas pré-combinadas por dia, limitar o tempo em frente às telas faz bem para a saúde e, com certeza, irá contribuir para um bem-estar muito maior.