Uma série de webinars foi realizada pela Unimed do Estado do Paraná como parte do Projeto de Terapias Especiais – TEA Paraná, com o objetivo de sensibilizar médicos pediatras e de família sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), refletindo o compromisso da Unimed com a excelência em seus serviços.
A decisão de realizar eventos sobre TEA reflete o compromisso da Unimed Paraná com as políticas de qualidade, buscando a satisfação de suas Singulares. Os encontros, que foram on-line, abordaram temas cruciais, como prevalência, diagnóstico, terapias e os impactos financeiros enfrentados pelo Sistema Unimed.
“Possibilitar o desenvolvimento de ações que fomentem o crescimento sustentável e subsidiar eventos, como a sensibilização dos médicos pediatras e de família em TEA, contribuem para a capacitação do cooperado em identificar quando a criança necessita de uma intervenção precoce”, destaca Daniely de Matos Alves Mendes, coordenadora de Soluções em Saúde da Unimed Paraná.
Ela explica que os webinars foram divididos por regiões, totalizando nove encontros. Surpreendentemente, a participação foi excelente, considerando a intensa rotina dos médicos.
Ao todo, 297 participantes estiveram presentes, sendo 90% médicos e 10% técnicos da equipe multiprofissional.
“O sucesso se deve ao apoio das diretorias, central do cooperado, estruturação de plano de divulgação e envolvimento dos focais de cada Singular por meio do Grupo Técnico em Terapias Especiais do Estado do Paraná (GTTE Paraná)”, ressalta Daniely.
Atualmente, das 22 Singulares do Paraná, 13 têm Recursos Próprios para atendimento de Terapias Especiais, e duas planejam a estruturação do serviço para o próximo ano. Com 95% das Singulares já iniciando a estruturação de fluxo operacional para acolhimento das famílias, a Unimed Paraná atende 1.188 crianças, estimando que no estado cerca de 10.842 crianças estejam em tratamento de Terapias Especiais.
Segundo o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, referência mundial a respeito do tema, estima-se um crescimento de 22% na prevalência do Autismo nos últimos anos. Ou seja, saímos de 1 em 44, último resultado de 2021, para 1 em 36 em 2023.
O aumento na carga horária de tratamentos, a prática exacerbada de valores-hora em terapias e a falta de profissionais especializados são obstáculos a um atendimento de qualidade, além de contribuir para a elevação dos custos assistenciais, desperdiçando recursos. Segundo Daniely, isso resulta em sobrecarga para o próprio paciente em questão e impacto no acesso para início do tratamento.
Iniciativa do Projeto TEA Paraná
Uma das etapas do Projeto que contribuiu para a ação de sensibilização com cooperados foi norteada pelas principais dores relatadas Singulares, sendo elas: aumento de solicitações médicas com múltiplas terapias e carga horária elevada sem embasamento técnico, insuficiência de rede, recursos próprios atendendo em sua capacidade máxima e dificuldade em gestão de atendimentos, ausência de profissionais qualificados no mercado e ausência de protocolos técnicos para apoio em ações de regulação e auditoria.
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“Na minha visão, enquanto gestora da área, a estratégia de Sensibilização dos Médicos Cooperados e a escolha em termos uma médica de Família, com um olhar diferenciado desse público, para o acolhimento das famílias, foram os destaques para entrega de bons resultados já no ano de implantação do projeto”, comenta Arianne Gaio, gerente da área de Atenção à Saúde da Unimed Paraná.
Para a Federação, outro aspecto fundamental foi a parceria com a Faculdade Unimed e escolha do palestrante, o médico pediatra Renato Santos Coelho, especialista em Desenvolvimento e Comportamento e referência em avaliação diagnóstica em transtornos do neurodesenvolvimento.
“Essa iniciativa vem ao encontro do que venho fazendo, o intuito de compartilhar esse conhecimento e numa visão histórica, da evolução da medicina e da neurociência, do autismo do Kanner ao espectro autista de hoje. Do diagnóstico tardio ao diagnóstico cada vez mais precoce, assim como a intervenção mais precoce também. E com isso, preencher um pouco a lacuna que o ensino médico tradicional deixa na formação do acadêmico, bem como o residente em pediatria no tema desenvolvimento infantil”, conta Coelho.
A situação do Transtorno do Espectro do Autismo no Brasil ainda tem espaço para melhorias significativas, segundo o médico. Para ele, é necessário aprimorar o conhecimento sobre a história natural desse transtorno, para que possamos avançar de uma abordagem baseada em interesses pessoais e comerciais para uma perspectiva centrada nas necessidades da criança e da família.
“Vejo a situação do TEA no Brasil como se fosse uma onda do mar, que veio trazendo esse tema de forma aparentemente de surpresa, e que pegou a maioria dos profissionais da área da saúde pelas costas, e estão aos poucos tentando surfar não mais na onda, mas nas marolas. Ainda dá tempo de nos prepararmos para a sequência de ondas que ainda virão”, aponta.
Depoimentos
“Como pediatra já atuando há vários anos, encaminhei alguns pacientes com suspeita de autismo para investigação. Após aquela noite pude repensar a minha atuação e trazer um olhar diferenciado no atendimento ao paciente, pois foi muito bem salientado que o Espectro Autista engloba diferentes níveis de necessidade de suporte e o tratamento deve ser individualizado de acordo com o comprometimento do desenvolvimento do paciente.”
Wilma Lilia de Castro Souza Silva – Pediatra (Unimed Curitiba)
“Achei muito importante a escolha da aula do Dr. Renato, o espectro autista hoje é uma grande demanda nos consultórios pediátricos, e todo pediatra ou especialista que atenda crianças precisa estar preparado para esse atendimento, acolhendo e orientando essas famílias, não só os neurologistas e psiquiatras. Acho que seria ótimo termos outras aulas sobre o tema com o Dr. Renato ou outros colegas. Parabéns pela iniciativa.”
Luciane Cristine Oliveira Valdez – Pediatra e Hematologista (Unimed Curitiba)
(…) foi realmente fantástico, porque precisamos olhar para o neurodesenvolvimento e aprendermos um pouco mais sobre ele, aprendermos mais sobre como fazer uma avaliação diagnóstica precoce e, principalmente, termos os instrumentos de avaliação. Com isso, a abordagem pediátrica será muito mais assertiva.”
Mariana Arns – Pediatra (Unimed Maringá)
“Eu tive o prazer e o privilégio de visitá-los (equipe de Renato Coelho) presencialmente e observar o seu trabalho. É um trabalho diferenciado, é um trabalho que desconstrói diagnósticos errados e confirma os diagnósticos precisos, trazendo qualidade ao atendimento dessas crianças que o merecem tanto.”
Marcelo Ferreira Pinto Rezende – Cirurgião-geral (diretor de Mercado da Unimed Maringá),
“Considerando o cenário atual de alta prevalência desse transtorno na população e a grande demanda pelos serviços de saúde, o pediatra é o primeiro profissional procurado pelos pais. Manter um canal de comunicação e oferecer educação continuada para esse público é uma estratégia eficaz para engajar esses colegas em condutas importantes para a qualidade assistencial, sem colocar em risco a sustentabilidade de nossas Singulares.”
Antônio Carlos de Farias – Neurologista infantil (Unimed Curitiba)
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