Os cuidados paliativos ainda são cercados de tabus, mesmo entre profissionais de saúde. Voltados a pacientes com doenças que ameaçam a vida, têm como principal objetivo trazer dignidade ao paciente, o colocando no centro do cuidado.
Neste episódio da Conversa Ampla, falamos com a gerente de Atenção à Saúde da Unimed Paraná, Arianne Gaio, em que está o Programa de Cuidados Continuados da Federação. Ela explica como funcionam os cuidados paliativos, dá dicas aos médicos e demais profissionais de saúde que desejam se envolver na área e, ainda, desmistifica os tabus que cercam o tema. Confira no YouTube ou Spotify.
O que são os cuidados paliativos?
Os cuidados paliativos são uma modalidade multidisciplinar dedicada a pacientes com doenças que ameaçam a vida. O principal objetivo é trazer dignidade ao paciente, focando a qualidade de vida e o cuidado centrado na pessoa.
Por que os cuidados paliativos são cercados por tantos tabus?
Muitos dos esforços da medicina são voltados à busca pela cura, e há um sentimento de derrota associado a aceitar a ausência de caminhos para reverter o quadro da doença. No entanto, isso pode resultar em ainda mais sofrimento ao paciente e àqueles ao seu redor. É nesse contexto que entram os cuidados paliativos, com o seu olhar individualizado e centrado na pessoa, em suas vontades e necessidades.
“As pessoas têm a sensação de que você vai tirar todos os aparatos do paciente, como se fosse uma desistência — e não é. A ideia é evitar que ele passe por intervenções que não tragam resultado no quadro clínico, que não passe suas últimas 24 horas em um leito de UTI em que não pode nem receber as visitas da família e das pessoas que conhece”, explica Arianne.
Programa de Cuidados Continuados da Unimed Paraná
Como porta-voz do trabalho desenvolvido pela equipe de Atenção à Saúde da Unimed Paraná, Arianne explica que o objetivo principal do Programa de Cuidados Continuados é a condução da vida com o máximo de qualidade e conforto possíveis. Isso envolve evitar a obstinação terapêutica em algo que, com base em evidências científicas, trará mais sofrimento e não terá efeitos significativos no curso da doença.
Os cuidados envolvem ações como o alívio da dor, por exemplo, mas também aspectos para além do âmbito físico. A equipe busca entender quais as necessidades daquela pessoa e de sua rede de apoio naquele momento, e promover o suporte necessário para trazer mais conforto.
“Cada dinâmica familiar nos mostra o que é necessário. Às vezes, o paciente quer revisar a situação familiar antes de qualquer coisa de seu tratamento”, exemplifica Arianne, que ressalta a construção de uma sala específica para acolhimento na sede administrativa da Federação. “A depender da necessidade e do vínculo que forma com a equipe, é que vai ser determinado o que precisa ser feito, se é questão de tratamento, documentos”, relata. O planejamento dos últimos momentos de vida também faz parte, com um foco no luto.
Leia também: Cuidados paliativos: ATENÇÃO e dignidade para pacientes e seus familiares
Cuidando do cuidador
Em 2023, a Unimed Paraná iniciou o projeto Cuidando do Cuidador, que se dedica a incentivar o autocuidado dos beneficiários e familiares que se dispõem a cuidar de alguém, minimizando sua sobrecarga. “É a famosa frase: primeiro cuide de si para depois cuidar do outro”, diz Arianne.
Para ampliar a conversa
Para saber mais sobre os cuidados continuados, confira as recomendações da Arianne.
- Livro Mortais, de Atul Gawande
- Úrsula Guirro, médica paliativista precursora no Paraná
- Livro Precisamos falar sobre a morte: Histórias e reflexões sobre a arte de viver e morrer, de Kathryn Mannix
- Documentário Partida Final
- Ana Claudia Quintana Arantes, especialista em cuidados paliativos