O primeiro painel da 10ª edição do e-saúde, mediado por Thiago Martins Diogo, coordenador de Programas de Inovação para o Cooperativismo no ISAE – Escola de Negócios, focou a inovação em saúde, com cases de instituições que a veem como central a sua atuação. Rodrigo Demarch, diretor-executivo de Inovação do Einstein, abordou o biodesign — design thinking aplicado à saúde — como atividade fundamental, embasada na prática e na multidisciplinaridade. Em sua visão, as organizações de saúde vencedoras no futuro serão aquelas que aprenderam a trabalhar em um ecossistema inovador: “Não é o hospital tradicional, que quer fazer tudo dentro de casa e sozinho, que vai sobreviver lá na frente. Quem vai sobreviver é quem conseguir se conectar, gerar valor e trabalhar em rede, de forma estruturada e sistemática.”
A colaboração entre diferentes entidades também foi frisada por Marcos Bego, diretor de Inovação do InovaHC — Núcleo de Inovação Tecnológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Para Bego, benefícios da saúde digital podem ajudar a mitigar desafios da saúde brasileira, tais como a falta de acesso e a ineficiência da gestão de recursos. A conectividade proporcionada pela 5G e pela internet das coisas médicas permite monitorar pacientes em tempo real, além da realização de cirurgias remotas. Outra vantagem é a integração de dados heterogêneos entre instituições, ou seja, a interoperabilidade, possibilitando um cuidado mais efetivo e personalizado, sem a repetição desnecessária de exames e outros procedimentos.
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Há ainda maior potencial de inovar ao somar tais tecnologias à inteligência artificial. Este foi um dos pontos levantados por Sandro Marques, fundador da Analítica – Evidências com Dados de Saúde e pesquisador-colaborador da Universidade de Stanford. Ele aponta para falhas na gestão de dados de saúde para pesquisa no Brasil — o que limita novas possibilidades. “O algoritmo de inteligência artificial aprende e repete padrões e, para isso, precisa de dados de qualidade. Porém, há uma lacuna na gestão de dados de saúde estruturados no Brasil”, afirma. Informações de registros eletrônicos de saúde e de dispositivos móveis, por exemplo, poderiam servir como grandes fontes das chamadas evidências do mundo real, com o potencial de planejar e complementar ensaios clínicos randomizados (padrão-ouro na pesquisa), fornecendo informações sobre populações comumente sub-representadas — como crianças, idosos e detentores de múltiplas comorbidades.
A inovação em saúde abre espaço a inúmeras possibilidades que, gradualmente, ganham força no Brasil. O Sistema Unimed não é exceção, como foi exposto no painel apresentado por Alexandre Flores, diretor-executivo da Unimed Participações; Daniel Torres, CEO da Nexdom (healthtech idealizada no projeto Sinergia, da Unimed); Mauricio Cerri, superintendente de Tecnologia e Inovação da Unimed do Brasil; e Omar Taha, diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed Paraná.
O grupo celebrou a trajetória do Projeto Sinergia, que nasceu em 2021 com o objetivo de integrar tecnologias e soluções desenvolvidas para a operação de planos de saúde e, em 2024, consolidou uma nova empresa: a Nexdom Healthtech. Fruto da parceria entre Unimed do Brasil, Unimed Paraná, Unimed Fortaleza, Unio Digital, Zitrus Healthtech e Unimed Participações, seu objetivo é ofertar serviços personalizados e customizáveis para operadoras de diferentes portes, com a convergência de tecnologias de prontuários, dados, canais e sistema ERP (Enterprise Resource Planning) no Sistema Unimed, favorecendo a interoperabilidade entre as cooperativas, uma gestão mais eficiente de dados e maior assertividade no cuidado em saúde.