Mesmo que, às vezes, soe como utopia, todos já pensaram, ao menos uma vez, em poder mudar o mundo. Seja quando criança, ao imaginar o futuro, na adolescência, durante a busca por uma profissão, ou mesmo na fase adulta, através dos mais variados trabalhos. Fazer a diferença é um propósito nobre. No entanto, essa busca por transformar vidas pode, às vezes, ser atropelada pela correria do dia a dia, afazeres que se tornam prioridade e outros mil motivos.
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E quando adoecemos? Ou ainda mais doloroso: quando alguém que nós amamos muito recebe o diagnóstico de uma doença grave, como um câncer? A palavra, por si só, já assusta. Pensar em tratamentos, sessões de radio e quimioterapia, prognósticos, expectativas… é como se um rolo compressor passasse em cima de tudo e todos – inclusive sonhos. Inevitavelmente, o tratamento é momento desconfortável em que muitos são tomados pela tristeza e, em alguns casos pela falta de esperança. Mas será que precisa realmente ser assim?
Para a equipe da Clínica de Oncologia Unimed Londrina, a resposta é não. O propósito de transformar vidas e situações é um mote dos profissionais que, recentemente, ganharam visibilidade nacional devido à viralização de um vídeo um tanto quanto diferente. Com mais de 4 milhões de visualizações, os profissionais da saúde aparecem fantasiados, em volta de uma paciente que fazia a última sessão de quimioterapia, dançando e cantando uma música da banda ABBA. Segundo a enfermeira oncológica Laryssa Mondek, responsável pela publicação do registro, esse foi só um recorte dos muitos momentos encantadores vividos no local.
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Com o sonho de humanizar o atendimento e transformar um momento que poderia ser de sofrimento em esperança, a profissional lembra que, inicialmente, a clínica contava apenas com placas celebrativas para que os pacientes tirassem foto nas últimas sessões de quimioterapia. “Começamos a fazer mais plaquinhas, a trazer bexigas e a enfeitar as poltronas. Em um dia, porém, eu fui pendurar uma das bexigas, que era transparente com confete dentro, e ela estourou. Foi como um ‘sopro de Deus’. Eu olhei aqui e pensei ‘seria lindo a gente jogar esses confetes no paciente, como se fosse uma chuva de bençãos’”, relembra. A partir desse momento, a prática se tornou tradição e toda a equipe foi se envolvendo cada vez mais, até que começaram as músicas, decorações e fantasias.
Por acreditar nesses momentos especiais, a enfermeira começou a registrar as festas e celebrações e, com a autorização dos pacientes, publicou em suas redes sociais, até que um dos vídeos ganhou o país e a rede social de famosos. “A gente só consegue perceber a dimensão do que fazemos ao assistir ao vídeo. É ali que conseguimos ver a reação de cada um e como é emocionante. Alguns fecham os olhos e erguem os braços, outros choram… é como se lavasse, de fato, a alma nessa chuva de bençãos”.
A coordenadora da Clínica de Oncologia, Carime Rodrigues, reforça o envolvimento de toda a equipe, inclusive os mais tímidos, para fazer com que os pacientes se sintam especiais. Atualmente, essa característica de festejar que os profissionais têm é até citada nas etapas de recrutamento de novos colaboradores. “Um dos pacientes, em um relato, destacou esse poder que os profissionais têm de fazer com que todos se sintam, nas palavras dele, ‘reis e rainhas’. Segundo ele, vir até a clínica se tornou, mesmo que ironicamente, um momento de prazer, pois eles esquecem que estão fazendo um tratamento”, comenta.
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Entre os momentos marcantes, Laryssa e Carime lembraram do mesmo caso: um jovem, formado em direito, que tinha o sonho de ser delegado, mas precisou interromper momentaneamente a jornada ao descobrir a doença. “Todos se envolveram muito com a história e, na última sessão de quimioterapia, fizemos todo um cenário em que ele era o delegado e aprisionava a doença. Toda a equipe estava ali paramentada com roupa de policial, foi muito lindo e emocionante”, diz a coordenadora.
Cada tema, conforme a profissional, é escolhido respeitando a individualidade de cada paciente. Alguns detalhes são descobertos durante o período de tratamento, nas conversas e atendimentos. Contudo, atualmente, muitos pacientes já ficam ansiosos pelo momento e, inclusive, pedem o tema e a música para a equipe. “Sentimos que fazemos mesmo a diferença na vida dessas pessoas. Tivemos um caso em que uma paciente, que era supervaidosa, deixou de se cuidar devido à doença. Ao iniciar o tratamento, ela pensou que ia chegar na clínica e encontrar um ambiente de dor e tristeza, mas não. Na segunda sessão ela já começou a se arrumar e, ao perceber que aquele era, na verdade, um ambiente de cura, recuperou a autoestima”.
E fazer a diferença continua sendo o propósito de toda a equipe. A viralização do vídeo, para Carime, foi surpreendente e ao mesmo tempo emocionante, pois reforça esse desejo que todos têm em comum. “Saber que milhares de pessoas assistiram ao vídeo nos dá a esperança de que, de alguma forma, o nosso trabalho seja capaz de inspirar outras pessoas, plantando a sementinha em outros profissionais. Pois tudo foi feito de coração e não por holofote. Fazemos o que fazemos por acreditar que é possível ser diferente”, finaliza.
Confira abaixo as matérias publicadas sobre as festas na última sessão de quimioterapia: