Prioridade na atualização e valorização profissional
Futuro da medicina está no gerenciamento de pacientes e na busca constante de capacitação diante da presença cada vez mais forte da tecnologia na vida de todos
Prever o futuro continua sendo um desafio nos mais diversos setores. A velocidade da informação impõe um ritmo de mudança acelerado e, embora alguns direcionamentos existam, a certeza ainda não é uma realidade. Como forma de se aproximar desse futuro, grandes empresas como a Nasa e o Google estão apostando em uma escola de futurologia focada em cursos de nanotecnologia, biotecnologia e inteligência artificial, para tentar entender quais serão as ideias que virão em breve. E a medicina? Já parou para pensar como essa área está se desenvolvendo e vai atender a população do planeta?
Sem dúvida, o profissional da saúde continuará sendo insubstituível na relação com o paciente e na administração dos meios diagnósticos. Inclusive, na avaliação do presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Wilmar Mendonça Guimarães, a tecnologia veio para ficar e o médico precisa estar atento para disponibilizá-la aos pacientes. “Nesses últimos anos, a oferta tecnológica cresceu numa proporção vertiginosa e os médicos precisam estar atentos às inovações para colocá-las a serviço dos pacientes. O seu uso criterioso trará benefícios e poderá facilitar a vida de ambos”, explica.
Entre os exemplos das ferramentas já disponíveis está a instrumentalização médica menos invasiva ou mais eficaz e as cirurgias robóticas, que já são realizadas e podem até proporcionar maior segurança para os pacientes. “Os exames complementares também aumentaram sua importância com o advento da biologia molecular, facilitando o controle dos pacientes”, destacou Guimarães.
Atendimento
Assim como na questão operacional, muitas das mudanças já estão em andamento, principalmente com a sociedade conectada em que vivemos. Segundo o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), Nerlan Tadeu Gonçalves de Carvalho, o desafio do profissional está na atualização constante, pois a medicina evolui rapidamente e os paradigmas são mudados. “O acesso à informação faz com que pacientes cheguem ao consultório com informações pontuais obtidas pela internet, e cabe ao médico mostrar uma visão ampla, orientando cada caso e personalizando o tratamento”, destaca.
Somado a isso, outro aspecto necessário é a aproximação com esse paciente. “Os médicos continuam amealhando os melhores conceitos da população, como profissionais de valor. São considerados com grande apreço pela maioria. Antes eram muito mais próximos no atendimento, mas à medida que houve interposição de outros interessados na intermediação dos serviços, aos poucos os vínculos foram enfraquecendo e deixando um hiato que temos que restaurar”, aponta Guimarães.
Além disso, considerando que a profissão é dependente de capital humano, Carvalho demonstra preocupação com a qualificação de quem está chegando ao mercado e será responsável pelo atendimento futuro. ”Considerando o grande volume de médicos que estão se formando em escolas que não oferecem a devida qualificação, é preocupante ter no mercado uma mão de obra barata à mercê de exploradores, colocando em risco a saúde da população”, analisa, indicando a necessidade atual dos profissionais buscarem capacitação em áreas que envolvem o desenvolvimento de células-tronco e implantes monitorados, por exemplo.
O presidente do CRM-PR complementa enfatizando que a medicina é ciência de grande complexidade e seu exercício empresta enorme responsabilidade ao acadêmico. “Não podemos deixar que se delegue à residência médica os conteúdos que precisam ser absorvidos durante o curso. Infelizmente, temos residência apenas para a metade dos egressos de curso de formação e, esse contingente, sem acesso, precisará trabalhar com os conceitos adquiridos durante o curso”, explica. Ele lembra ainda que a tecnologia também está ao alcance do doente, que questiona muito mais que anos atrás. “Temos que conviver com essa nova realidade, que não comporta indecisão e insegurança”
6 Inovações reais na medicina
Confira algumas das
tecnologias que já trouxeram inovação para a área médica
1) Terapia CAR-T para a leucemia e linfoma: Usando um novo método chamado receptores quiméricos de antígeno – terapia de células T -, os médicos estão agora recrutando as células imunes dos próprios pacientes na luta contra a leucemia e o linfoma. As células T de um indivíduo são removidas e geneticamente modificadas para procurar e destruir células cancerosas, e, então, re-infundidas por via intravenosa.
2) Biópsia líquida para rastreio do câncer: A biópsia líquida é capaz de identificar fragmentos de DNA de tumores na corrente sanguínea e indicar sua presença antes mesmo de eles se tornarem visíveis, em uma fase em que podem ser bloqueados. O exame pode ajudar a entender como os tumores mudam para vencer os tratamentos existentes ou ajudar a identificar os estágios iniciais da doença.
3) Cetamina para a depressão resistente ao tratamento: Para um terço das pessoas com depressão, nem terapia ou medicação é eficaz. A Cetamina, que já foi usada de forma ilícita como alucinógeno, melhora os sintomas rapidamente para a maioria desses pacientes, de acordo com estudos iniciais (cerca de um dia para 70% dos participantes testados). Nos Estados Unidos, a substância vem sendo administrada para casos graves, em emergências psiquiátricas, no qual há risco de suicídio.
4) Visualização 3D e realidade aumentada para cirurgia: Câmeras 3D estão ajudando cirurgiões e suas equipes a terem uma visão melhor. A tecnologia amplia o campo de visão e permite que todos na sala de cirurgia possam ver o que está acontecendo em três dimensões.
5) Stents bio-absorvíveis: E se o stent pudesse simplesmente desaparecer depois de ter feito seu trabalho? O stent bioabsorvível possibilita a desobstrução da artéria coronária sem implante metálico permanente, pois todo o sistema é bioabsorvível. Estudos indicam que a nova prótese também reduz a dor no peito após a cirurgia.
6) Médico de família: A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), vem incentivando, cada vez mais, a expansão dos projetos de atenção primária, como forma de garantir acesso e promover saúde, tirando a sobrecarga dos especialistas em atendimentos que poderiam ser realizados pelo médico de família.