Dietas milagrosas, rápidas e que prometem expulsar os quilos a mais sem acompanhamento profissional estampam revistas há tempos e, nos últimos anos, inundam as redes sociais. Receitas de sucos, sopas que aceleram o metabolismo, exclusão de um grupo de alimentos… as opções são inúmeras. E, na maior parte das vezes, extremamente prejudiciais à saúde.
Com promessas como “perca 10 quilos em 15 dias”, ou “dieta detox elimina impurezas em dois dias”, as publicações costumam ser persuasivas e atraem ao mostrar resultados milagrosos. A realidade, porém, costuma ser bem diferente. Muitas dietas levam à uma alimentação restritiva e geram frustração, uma vez que é difícil seguir o “cardápio milagroso” por muito tempo. “As dietas restritivas, por exemplo, se a pessoa tiver algum problema de saúde mental, pode afetar diretamente e piorar a condição”, destaca a nutricionista Marceli Wurr. “Saber o que são proteínas, carboidratos, fibras e vitaminas, por exemplo, faz toda a diferença na saúde”, complementa.
Jejum intermitente
Entre um dos famosos métodos divulgados ultimamente por blogueiras e perfis nas redes sociais está o jejum intermitente, que consiste em não ingerir nenhum alimento durante um período de tempo. “O corpo realmente precisa de uma pausa para fazer a digestão, para poder se regenerar, mas ele precisa de um período de adaptação para que isso aconteça de forma positiva”, explica Marceli.
Se uma pessoa está acostumada a ingerir grandes quantidades de carboidratos simples ou se for hipoglicêmica, não é indicado para ela fazer o jejum intermitente, frisa a nutricionista. Por isso, a necessidade de sempre buscar orientação. O que dá certo para uma pessoa, nem sempre pode ser aplicado à outra.
Conheça a sua fome
A nutricionista lembra que o processo de emagrecimento requer tempo e adaptação, reeducação alimentar é feita aos poucos. Para ela, é importante conhecer a fome e respeitá-la. “Não é todo mundo que precisa comer de três em três horas, assim como não é necessário comprar produtos caros para fazer dietas”, complementa.
Um ponto importante para ter sucesso na reeducação alimentar é fazer tudo de forma leve. Planejamento e organização na alimentação, colocar objetivos e trabalhar a mentalidade é fundamental. “Está tudo dentro da cabeça: os pensamentos podem elevar ou destruir. É importante ter foco nas necessidades, analisar a própria realidade que muitas vezes é extremamente diferente da de uma blogueira. Pois, não raro, a maioria de nós tem uma tripla jornada de trabalho, filhos, família, restrições alimentares entre outras diferenças significativas”, conclui a nutricionista.
Modismos podem prejudicar a saúde
Alguns modismos e padrões de comportamento alimentar não usuais podem causar riscos à saúde, como explica o médico Daniel Saura. “Dietas restritivas, cardápios baseados em tipos específicos de alimentos e sem qualquer fundamento nutricional, nem sequer estudos, estão cada vez mais comuns. Esses tipos de dieta podem resultar em perda de massa magra, falta de nutrientes importantes, provocar ansiedade e depressão entre outros problemas”, diz. Saura acrescenta que a saúde mental faz toda a diferença na saúde física, por isso é importante detectar o gatilho da compulsão ou restrição alimentar e trata-lo da forma correta.
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Não é recomendado aderir a nenhuma dieta sem o acompanhamento de um profissional, especialmente nutrólogo e nutricionista, até mesmo para realizar o acompanhamento dos resultados e possíveis adequações ao longo do processo. “A reeducação alimentar, prática de exercícios físicos, adesão de hábitos saudáveis serão sempre as melhores escolhas”, recomenda o médico.
Por fim, o profissional explica que muitas vezes falta educação em saúde e entendimento alimentar. “É desde o básico, como saber quais são os tipos de alimentos, suas funções, se determinada comida é carboidrato ou proteína, por exemplo”, finaliza. Não basta ter vontade de emagrecer, é preciso saber a melhor forma e ter acompanhamento para que seja efetivo o processo e não cause frustração e malefícios à saúde.
OMS divulga 5 dicas para ter uma alimentação mais saudável
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um estudo em 2019, no qual aborda que a ingestão de comidas e bebidas está diretamente relacionada à capacidade do corpo em combater infecções, assim como no desenvolvimento de problemas de saúde como obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer. Observe as principais orientações:
Consumir uma variedade de alimentos
Comer diariamente uma mistura de alimentos básicos como trigo, milho, arroz, lentilha, feijão, vegetais frescos e fontes de proteína animal como carne vermelha, peixe, ovos e leite e optar por alimentos integrais, que são ricos em fibras e fornecem saciedade.
Cortar o sódio
O aumento da pressão arterial, que é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas e derrames, está diretamente relacionado ao consumo excessivo de sal. O uso diário, em média, é o dobro do limite recomendado de 5 gramas, o equivalente a uma colher de chá.
É importante ressaltar que o sódio está presente e em grande quantidade em alimentos e bebidas processados.
Reduzir gordura trans
Optar por cozinhar ou ferver os alimentos em vez de fritar é uma solução mais saudável. Evitar alimentos pré-fritos e ultraprocessados, como lanches prontos. Evitar comer muita carne vermelha e retirar o excesso de gordura visível.
Limitar a ingestão de açúcar
A agência da ONU diz que, assim como o sal, é importante verificar a quantidade de açúcares “mascarados” que podem estar nos alimentos e bebidas processadas. Uma única lata de refrigerante pode conter até 10 colheres de chá de açúcar adicionado.
Alimentos salgados podem contém um alto índice de açúcar, pois não se refere apenas ao sabor, e sim, à composição do alimento.
Evitar o uso excessivo de álcool
Alguns tipos de câncer podem ser ocasionados pelo excesso de álcool no organismo. O álcool não combina com uma dieta saudável e pode provocar danos e efeitos a longo prazo, como doenças cardíacas e mentais, câncer e problemas no fígado, além de acidentes por embriaguez.
Não existe um nível seguro de consumo do álcool, segundo a ONU. Para alguns, uma quantidade mínima da substância já faz um estrago significativo à saúde.