O terceiro webinar da série preparada pelo Programa Segurança Em Alta, da Unimed Paraná, realizado no dia 23 de julho, abordou o tema “O papel do líder no engajamento e experiência do colaborador em tempo de pandemia”. O encontro on-line debateu, entre diversos pontos, a preocupação com a saúde mental de equipes e líderes, além da necessidade de repensar os processos de trabalho e, claro, do relacionamento empresarial, que agora é feito, em muitos casos, a distância.
Lidando com a incerteza durante a pandemia de coronavírus
A palestra, mediada Simone Turra, da 4search, contou com a participação da coach Katia Demeneck, do leadership coach, Guilherme Piazetta, e da sócia e gestora de Transição e Transformação na DeBernt, Izabel Araújo.
Em tempos de pandemia, qual é o papel do líder?
A mediadora do webinar, Simone Turra, deu início ao debate ao abordar o momento totalmente inédito vivenciado por todas as empresas ao redor do mundo. “Foi necessário repensar processos e rotinas, independentemente do tamanho ou segmento da empresa. Quem teve que pensar isso foram, principalmente, os líderes, que lidam, nesse momento, com ferramentas on-line de videoconferência, por exemplo, com a distância física das equipes”, diz.
De acordo com a profissional, nesse novo contexto surgiram cenários inesperados que, de certa forma, colocaram sob prova todas as experiências e conhecimentos que tínhamos anteriormente. “Como vamos conduzir essas equipes de maneira efetiva, de modo que garanta o engajamento e a saúde mental dessas pessoas dentro desse cenário? Em tempos de pandemia, que líder é esse? Qual seu papel?”, questiona.
Os valores humanos como softs skill
Para explicar o momento vivido de acordo com a neurociência, o leadership coach, Guilherme Piazzeta, destaca os três tipos de emoções desencadeadas por um possível estresse: desamparo, ansiedade e, principalmente, agressividade. “Mais do que nunca se espera as chamadas softs skill [habilidades comportamentais] principalmente de valores humanos. Os liderados vão começar a sair do padrão pré-existente, pois estão em um cenário de padrão extraordinário. Como lidar com isso?”, provoca.
Conforme o profissional, é hora de dominar essas habilidades comportamentais para aprender a lidar com as emoções das pessoas. “Comportamentos dos líderes que antes eram mal vistos, como fazer reunião remota ou estar ativo nas redes sociais, passam a ser bem vistos”, exemplifica.
Autoconhecimento
Para isso, líderes e liderados devem buscar processo de autoconhecimento, de acordo com Piazzeta. “O primeiro passo é reconhecer quem nós somos, entender genuinamente quais são as fortalezas e pontos de melhoria”, orienta, ao pontuar as autossabotagens pelas quais os líderes se submetem inconscientemente ao longo da rotina. “Ninguém acorda e decide acabar consigo mesmo, isso é inconsciente. Essas crenças, esses esquemas mentais que os líderes trazem desde sua infância ou adolescência, dificilmente são rompidos sozinhos. Sem um feedback ou uma ajuda, fica difícil entender o que pode ser melhorado na sua atividade de líder”.
Por esse motivo, Guilherme orienta os gestores a buscarem a ajuda profissional para encontrar essa clareza mental das competências, fortalezas e o que precisa melhorar ou não. “Esse é o caminho mais fácil para melhorar. O outro é pela dor, ou seja, pela tentativa e erro”, diz.
Líderes também têm insegurança e medos
Além de buscar ajuda para melhorar suas habilidades comportamentais e profissionais, o leadership coach recomenda que os líderes busquem “válvulas de escape” para balancear as emoções. “É importante equilibrar a equação de coisas positivas e negativas no dia a dia. Isso desbalanceada leva ao estresse, à ansiedade, à depressão. É importante achar uma fonte diária para colocar para fora esses hormônios negativos. Converse com outros líderes que estão com desafios similares e vivendo a mesma coisa, por exemplo”.
É importante lembrar que, assim como o restante da equipe, os líderes também sentem medo, têm inseguranças e estão enfrentando um momento atípico. “O líder precisa ter autocuidado para cuidar dos demais. Por isso, é necessário se cuidar e se autoconhecer para influenciar positivamente as pessoas”, pontua a sócia e gestora de Transição e Transformação na DeBernt, Izabel Araújo. “Assim é possível exercer a liderança positiva, liderança que acolhe, apoia e que também ajuda numa dimensão de futuro. À medida que as pessoas enxergam a proximidade e atenção dirigida par eles, com certeza passar por esse momento fica menos difícil”.
Gestão da rotina dos liderados
Em relação à equipe, a coach Katia Demeneck, lembra que é importante exercitar a flexibilidade com a equipe, entendendo o momento individual de cada um. “Cada um reage de maneira diferente à crise. Até que ponto o líder está disposto a ser flexível? É necessário ter inteligência emocional para gerenciar bem a própria crise e entender a vulnerabilidade das pessoas, entendendo que os colaboradores estão em suas casas passando por momentos bem diferentes uns dos outros”, afirma, ao destacar, além da flexibilidade, a importância da comunicação transparente e do apoio.
“É fundamental apoiar a equipe a manter o foco, pois a rotina mudou. É como ajudar a pessoa fazer uma gestão da sua rotina e trazer alguns elementos para que não fique, de certa forma, muito solto. Um exemplo é manter o programa de reuniões, ou manter algumas práticas que já eram feitas. Por fim, intensifique a comunicação. Diga o que está acontecendo, pois as pessoas têm medo e precisam de clareza”, finaliza Katia.