Um grande banco de dados possibilita acompanhar a jornada do paciente e avançar no cuidado da saúde
A mais importante transformação que a evolução tecnológica está trazendo para a saúde é a possibilidade de integração de dados. A saúde é praticamente a última a permitir o compartilhamento de dados entre operadores do setor. Prontuários, sistemas de gestão, laboratórios, imagens, ficavam com seus dados armazenados em silos proprietários, não gerando qualquer valor para instrumentalizar os cuidados primários do cidadão.
Muitos avanços da tecnologia aumentam a capacidade de obter dados de saúde. Os equipamentos digitais, como relógios, o celular, entre outros, estão captando dados e aumentando exponencialmente a quantidade de informações, que até então não estavam disponíveis, pois não eram compartilhadas.
A telemedicina, que possibilita pelo menos um melhor acesso das pessoas aos médicos e serviços de saúde, se não estiver integrada a um prontuário, e esse a um Registro Eletrônico universalizado, será apenas um mero instrumento de logística no atendimento.
É muito pouco.
Um grande banco de dados onde se pode acompanhar toda uma jornada de saúde e de doença é o que possibilita um avanço no cuidado de saúde.
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Ali poderá gerar alertas epidemiológicos, e, com o consentimento do cidadão, acompanhar sua saúde, inclusive utilizando auxílio da inteligência artificial e de alertas comportamentais. Dessa forma, gerenciando riscos à saúde e orientando cuidados personalizados.
As ferramentas para isso estão disponíveis. O que precisamos agora é de tomada de decisão em favor desse compartilhamento. Um dado ou informação guardada em um banco de dados isolado não tem o menor valor para ninguém, muito menos para o dono daquela informação, que é o próprio cidadão.
Esse avanço depende das pessoas que possuem governança sobre esses dados. E isso pode ser difícil ainda hoje, com nossa cultura individualista e proprietária.
Estamos em plena vigência de uma lei importante que regulamenta essa interoperabilidade, definindo responsabilidades e deveres. A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) traduz com clareza isso. Dessa forma, se trabalhamos dentro da lei não há o que temer compartilhar.
Na Unimed, temos um grande projeto de interoperabilidade de dados em Saúde, o R.E.S. (Registro Eletrônico em Saúde) que possibilita o armazenamento desses dados e seu compartilhamento consentido.
Unimeds do Paraná como a Regional de Maringá, Curitiba, Apucarana, entre outras, estão assinando acordos com seus laboratórios de análises clínicas para que os resultados de exames venham para essa base.
Os benificiários da Unimed no Paraná estão vendo os resultados dos exames diretamente no seu aplicativo Cliente e de Saúde.
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Laudos de exames de imagens de autogerados já podem ser enviados ao RES por meio do Prontuário do Sistema Líbero (Líbero Saúde e Líbero Médico). O beneficiário também recebe nos seus aplicativos, e o médico no prontuário integrado.
Entendemos que a evolução depende agora muito mais das pessoas do que de máquinas. As tecnologias estão disponíveis. Temos entraves legais, regulatórios e, principalmente, em processos e fluxos de trabalho. Eles ainda são regidos por culturas hierárquicas e proprietárias. Esse tempo acabou e quem não entender isso e deixar de tomar atitudes inovadoras, de compartilhamento e de cocriação, não terá lugar nesse novo e complexo mundo.
Dr. William Procópio dos Santos
Diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed Paraná