Alergia alimentar: um desafio crescente na saúde pública

alergia alimentar
(Foto: Ilustração/Freepik)

A alergia alimentar tem se tornado um problema de saúde pública cada vez mais comum. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 milhões de pessoas sofrem de alergia alimentar no mundo. Essa é uma condição que, quando não é perigosa, afeta muito o dia a dia de quem lida com ela.

Entretanto, o que é exatamente uma alergia alimentar? Trata-se de uma resposta imunológica exagerada do organismo a determinadas proteínas presentes nos alimentos. “Os alimentos mais comuns que causam alergia são: leite de vaca, glúten, trigo, soja, mariscos como camarão, amendoim, entre outros”, explica Suzana de Bem, médica integrativa e angiologista.

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Os sintomas de uma alergia alimentar podem variar desde manifestações cutâneas, como urticária e inchaço, até reações mais graves, como dificuldade respiratória e choque anafilático. “Os sinais e sintomas de alergia alimentar podemos observar de diversas formas: na pele, por exemplo, pode aparecer em forma de urticária, que é uma erupção cutânea na qual observamos vermelhidão e prurido no local, ressecamento e até edema, ou seja, inchaço principalmente nas áreas dos lábios e rosto”, detalha a médica.

Além das manifestações cutâneas, a especialista alerta para outros sinais. “Sintomas respiratórios, como tosse, coriza, congestão nasal, sibilos e os famosos chiados no peito. Além de sintomas gastrointestinais como distensão abdominal, enjoo, dor abdominal e diarreia. O paciente alérgico pode até mesmo chegar em um choque anafilático, potencialmente fatal”.

No entanto, descobrir uma alergia alimentar pode não ser tão simples, já que o paciente precisa identificar exatamente qual é o agente causador do problema. O diagnóstico é feito por meio de uma combinação de histórico clínico, exame físico e testes específicos. “Na anamnese, colhemos uma história detalhada sobre quais são os sintomas, em qual período começou, quando ocorrem e se têm relação com algum alimento. O ideal também é solicitar ao paciente que faça um diário alimentar, no qual ele anote todos os alimentos consumidos e os sintomas observados após a ingestão”, explica Suzana.

Entre os testes disponíveis, estão o teste de pele, no qual pequenas quantidades de extratos de alimentos são aplicadas na pele por meio de uma leve perfuração e o teste sanguíneo, que mede os níveis de anticorpos IgE específicos para cada alimento. Em casos mais complexos, pode ser necessário realizar um teste de provocação oral, administrando o alimento suspeito sob rigorosa supervisão médica.

Uma vez diagnosticada a alergia alimentar, o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar. “Existem várias estratégias de tratamento, como mudança alimentar, em que o principal e mais importante é a retirada do alimento causador da alergia. Hoje, sabemos que os principais alimentos causadores são o glúten, o açúcar, o leite e derivados”, afirma Suzana.

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Além da exclusão dos alimentos alergênicos, a especialista destaca a importância de uma abordagem holística. “Precisamos sempre focar em dietas ricas em *prebióticos, como as fibras, e também os probióticos, promovendo assim o equilíbrio do intestino. A modulação do estresse, com técnicas como yoga, meditação e acupuntura também pode ajudar a reduzir as reações alérgicas.”

A médica ressalta, ainda, que cada paciente requer um tratamento individualizado. “Todo paciente é único e seu tratamento deverá ser feito de acordo com suas necessidades fisiológicas, analisadas por meio de uma anamnese e de um exame laboratorial detalhados. É necessário um acompanhamento contínuo e disciplina nas mudanças realizadas.”

Com a prevalência crescente das alergias alimentares, torna-se cada vez mais importante a conscientização da população e a capacitação dos profissionais de saúde para lidar com essa condição. Um diagnóstico preciso e um tratamento adequado podem fazer toda a diferença na qualidade de vida dos pacientes, permitindo que eles convivam com a alergia de forma segura e saudável.

Dicas de médica para lidar com a alergia alimentar

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De acordo com Suzana de Bem, especialista em medicina, a alergia alimentar requer uma abordagem individualizada e multidisciplinar para seu diagnóstico e tratamento (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

Conviver e lidar com alergias alimentares é um desafio, mas se adotarmos as estratégias certas, podemos manter a qualidade de vida, evitando assim as tão temidas reações adversas. A médica Suzana de Bem oferece alguns conselhos valiosos para pacientes e familiares que lidam com alergias alimentares no dia a dia:

 

  • Procure conhecer melhor sua alergia, observando sempre o que está ingerindo e quais as reações que cada alimento provoca em você.
  • Faça uma lista de compras, isso ajudará na hora de ir ao supermercado.
  • Planeje suas refeições: se possível, prepare suas refeições em casa, assim você saberá quais ingredientes foram utilizados e a qualidade deles.
  • Leia sempre os rótulos dos produtos alimentícios.
  • Quando tiver que comer fora, pergunte sobre os ingredientes utilizados no prato e informe sobre sua alergia.
  • Procure sempre fazer o manejo do seu estresse, pois ele pode exacerbar as reações alérgicas.
  • Tenha sempre por perto medicamentos para a fase aguda, como anti-histamínicos, corticoides e auto injetores de epinefrina, sempre com orientação médica e pensando em casos extremos.

*Prebióticos – são carboidratos não-digeríveis que estimulam o crescimento e a atividade de bactérias benéficas no intestino. Ex.: frutas, cebola, alcachofra, cereais integrais, alho e aveia, etc.

Probióticos – são micro-organismos também conhecidos como bactérias “do bem”, que melhoram o equilibro microbiano intestinal Ex.: Iogurte, Kefir, chucrute, kombucha, kimchi, misô, etc.

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