Artesão das palavras
O médico neurologista e eletroecefalografista Pedro André Kowacs não acumula apenas experiências relacionadas à sua profissão, ele também possui uma extensa vivência com as atividades que pratica fora do ambiente da medicina. Atualmente coordenador do Setor de Cefaleias do Serviço de Neurologia do HC-UFPR e da Equipe de Neurologia do INC, ele também atua em seu consultório particular. Além do gosto pela literatura, “tanto em ler uma boa literatura quanto em escrever”, como ele mesmo conta, Pedro também tem como hobbies o Boxe, o Motociclismo e o Tênis.
Na opinião dele, existem duas melhores partes nos seus hobbies: a primeira é a satisfação pessoal. “Considero os livros, assim como os artigos científicos que produzo, como ‘filhos’, e dão-me prazer por tê-los escrito. A segunda melhor parte é a de transmitir ideias e valores às demais pessoas, pois todas as estórias são parábolas. É muito bom receber mensagens de leitores que gostaram da leitura ou se identificaram com ela e com o estilo”, relata.
De acordo com ele, os hobbies que lhe trazem benefícios diretos são os esportivos. Já a literatura lhe permite contato com pessoas de outros círculos que não o médico, o que amplia seus horizontes. “Na profissão, a literatura não traz tanto impacto, porém, lembro de pelo menos uma vez em que pedi para um residente “encrenqueiro” que lesse um texto de Jorge Luis Borges sobre uma disputa entre dois teólogos – ele o leu, entendeu e nunca mais criou problemas”, conta.
Inspirações
Sobre as inspirações que o levaram a praticar seus hobbies, Pedro conta um a um. O tênis, iniciou ainda na infância, pois sua cidade natal era um “celeiro” de tenistas. “Lá todos os jovens de minha geração jogavam ou tentavam jogar. Fiquei afastado por muitos anos devido a uma lesão na perna esquerda, mas recentemente voltei”, conta. Foi em virtude dessa lesão na perna esquerda que Pedro passou a lutar boxe, já que não podia forçar as pernas. Já o motociclismo foi motivado por duas vertentes: a semelhança com cavalgar um cavalo, pelo fato de ser nativo de uma cidade localizada no pampa gaúcho, e por ter vivido em uma época que sagrou campeões de motocross, inspiração para ele. “Resultou que depois que meus filhos ficaram adultos comprei uma “big-trail” básica (BMW GS 650), a qual pelo menos por enquanto me serve bem”.
Já com a literatura, o neurologista relata ter uma relação interessante. “Em minha casa havia livros por toda a parte, e praticamente todos nós éramos leitores vorazes de boa literatura. Há muitos anos, eu acalentava a ideia de iniciar a escrever, e durante certas férias na época pré-internet cheguei a fazer pesquisa nos arquivos de um grande jornal de São Paulo. Havia planejado iniciar a escrever aos 50 anos, mas atrasei os planos e iniciei a fazê-lo aos 55”, conta. Desde então, o médico neurologista está com três livros e uma peça de teatro escritos, destes, dois livros já foram publicados pela Editora Arte & Letra (https://www.arteeletra.com.br/) que também os vende. Ele conta que, no momento, tem ideias para pelo menos mais dois livros e para uma peça de teatro, porém, necessita amadurecer os temas e ter tempo para fundamentá-los mediante pesquisa literária. “É possível que alguns escritores escrevam apenas por inspiração, mas da maneira que tento escrever me sinto mais como um artesão, que burila as palavras para obter delas o efeito desejado, seja em relação à transmissão das ideias embutidas, tom do texto ou quanto ao estilo linguístico”, descreve.
Conforme relato do médico, escrever inicia com uma boa ideia. A sua inspiração vem de diversas vertentes: um pensamento, alguém com quem conversa, uma ideia, reflexões. “Já me perguntaram se vivenciei as histórias que escrevo – é claro que não, tratam-se de ficções, mas toda a história traz um pouco de nós”, destacou.
O seu primeiro livro é uma coletânea, que se chama “A Caneta de Borges”. O livro tem dois contos, um ensaio e uma crônica. O livro é uma homenagem ao escritor argentino Jorge Luís Borges, e, portanto, suas estórias têm um viés “borgiano” quanto aos temas e ao estilo.
Na história principal, que dá nome ao livro, o personagem busca por uma caneta que havia pertencido a Jorge Luís Borges. A história é uma parábola sobre o significado dos objetivos que buscamos na vida, suas implicações e consequências. A segunda história fala de sonhos, e também de como eles influenciam a literatura e vice-versa. Há um ensaio que usa como base um conto de Borges e uma crônica que também usa escritos de Borges para ilustrá-la. Já seu segundo livro publicado é um romance que se chama “Beatriz” e usa como base a Divina Comédia, de onde tirou o nome. Traz também referência à sua ancestralidade húngara. “Trata-se de um ‘boy meets girl’ com desdobramentos na cidade de Budapeste”.
Segundo Pedro, a principal dificuldade desse hobby é a de “concatenar” a literatura com as demais obrigações, sem deixar cair a qualidade em nenhuma das frentes de atuação. “Escrever requer pesquisa e estudo, e essas atividades tomam tempo”, lamentou.
Nome: Pedro André Kowacs
Cidade natal: Cachoeira do Sul (RS)
Singular: Curitiba
Idade: 58 anos
Estado civil: casado com
Maria Lucia Alves Pedroso
Filhos: André e Dora
Ano de formação e faculdade: Formado em 1983 pela Fundação Faculdade de Ciências Médicas de Porto Alegre.
Área de atuação: Neurologia Geral, Neurologia Hospitalar, Epilepsia, Cefaléia e Dor.
Um objetivo: Aumentar a distribuição dos livros que já escreveu. Também está no processo de obter financiamento para a produção de uma peça de teatro.
Um desafio: Talvez sair de minha terra natal e criar meus filhos tenham sido os maiores desafios.
Um sonho: Praticar kite-surfing!