Atitude de sócio

Atitude de sócio garante a perenidade do negócio

Projeto Ser Unimed busca despertar motivação e sentimento de pertencimento nos cooperados para conquistar resultados e fortalecer a organização

JÁ DIZIA O ANTIGO DITADO: “O olho do dono é que engorda o boi”. A expressão popular é bem conhecida no mundo empresarial e tem seu fundo de realidade, já que a presença do dono é fundamental para a prosperidade de muitos negócios. Imagine, então, como seria uma empresa com centenas de sócios que, juntos, trabalham para tornar o negócio sustentável e rentável.
É esse protagonismo que a Federação Unimed Paraná está tentando despertar nos médicos cooperados por meio do Projeto Ser Unimed. O trabalho está sendo realizado pessoalmente por Alexandre Gustavo Bley, médico e diretor de Mercado e Comunicação da Unimed Paraná, com reuniões realizadas nas próprias Singulares.
Na ocasião, é apresentada a palestra “O mercado da saúde suplementar e os impactos no Sistema Unimed e na Medicina”, que contextualiza o atual cenário das operadoras de Saúde no Brasil e as transformações na profissão. Além disso, o médico ainda customiza as apresentações de acordo com a realidade de mercado de cada Singular.
“Estamos vivendo um momento de transformação no cenário da saúde suplementar e o Sistema Unimed necessita se adaptar a esses novos tempos. Informar e conscientizar os cooperados do que está acontecendo é dever de quem dirige a cooperativa, e foi nesse contexto que criamos o Projeto Ser Unimed”, explica Bley.
Segundo ele, o objetivo é despertar a motivação do cooperado em fazer parte do Sistema Unimed, assim como resgatar a participação dos médicos nos processos decisórios das Unimeds.
“Para enfrentar o que estamos presenciando, vai ser necessária uma boa dose de união e resgate de princípios, pois o cenário se assemelha ao que os pioneiros do cooperativismo vivenciaram, um risco de mercado à profissão”, ressalta.

REFERÊNCIA

Maior sistema cooperativista de Saúde do mundo, o Sistema Unimed conta com 344 cooperativas e está presente em 84% do território nacional, levando assistência até as regiões onde o atendimento sanitário é deficitário. O modelo adotado se tornou exemplo e suas experiências foram apresentadas no evento “Saúde no Século 21: Workshop para Executivos de Saúde Latino-Americanos”, realizado na renomada Universidade de Harvard, em março de 2019.
No encontro, Alberto Gugelmin Neto, vice-presidente da Unimed do Brasil, apresentou o caso de sucesso de cooperativismo de Saúde brasileiro e ainda destacou os projetos de Atenção Primárias e o remodelamento da remuneração médica, assim como o Jeito Unimed de Ser.
Em sua apresentação, o dirigente destacou o papel dos médicos no sucesso do modelo de atendimento. “Trata-se de um formato alternativo que coloca os médicos como protagonistas da prestação de serviços de saúde e os diferencia de simples prestadores contratados por seguradoras ou pelo poder público”, destacou no evento.
E é justamente essa atitude e, esse sentimento de pertencimento que o Ser Unimed está buscando. Para Bley, o médico tem um duplo papel dentro da cooperativa.
“Queremos desmistificar a ideia de cooperado meramente prestador de serviço, pois sua participação deve ir muito além, englobando sua responsabilidade na sustentabilidade e perenidade daquilo que também é seu negócio”, comenta.

ABRANGÊNCIA

Desde o início do Projeto, em meados de 2019, as palestras já foram realizadas em 10 Singulares e atingiram cerca de 500 cooperados. Porém, o diretor de Mercado revela que o debate acaba se prolongando além das reuniões, fomentado por quem participou dos eventos, e acaba chegando a um número maior de médicos. Além disso, algumas diretorias replicam o material em outras reuniões, criando maior massa crítica para a definição de estratégias a serem seguidas.
Na Unimed Norte Pioneiro, foram realizados dois encontros. Um deles em Jacarezinho e outro em Santo Antônio da Platina, que reuniram mais de 60 cooperados nas palestras que tiveram como tema “Sua Empresa versus Concorrência – Até quando será sustentável?”.
Já em Pato Branco, participaram mais de 50 cooperados. O diretor presidente da Singular, Antônio Motizuki, considerou a iniciativa da Unimed Federação Paraná muito importante, pois demonstra o cuidado e leva o aconselhamento para os médicos.
“Sabemos que exercemos uma profissão de muita responsabilidade, porque lidamos com vidas. Então, essa palestra é para os médicos se conscientizarem, de como estão caminhando a medicina e os planos de saúde. E a Unimed, que é uma cooperativa de médicos, é uma barreira para que não aconteça esse mercantilismo, e, assim, incentivar que todos exerçam a medicina com dignidade e segurança”, frisou durante a palestra.

ATITUDE

A declaração de Antônio Motizuki revela a preocupação com o atual cenário da saúde suplementar no país. A crise financeira dos últimos tempos fez com que muitas empresas encerrassem as atividades e provocou o fechamento de milhares de vagas de empregos, e com a retração da renda, muitas famílias optaram por planos mais populares.
Estima-se que 3,5 milhões de pessoas perderam acesso ao plano de saúde de 2015 para cá. Nos últimos 12 anos, a diminuição do número de operadoras atuantes no país foi de quase 36%, passando de 1.135, em 2008, para 730 em 2020. Hoje, mais de 162 milhões de pessoas não têm cobertura assistencial privada no Brasil.
Atualmente, os planos de saúde já representam o segundo maior custo para o RH das empresas, o que explica o motivo da preferência de muitas instituições para operadoras de baixo custo e verticalizadas ou pela procura por novas soluções. Um quadro preocupante, uma vez que 66% dos planos em vigência são corporativos.
No Paraná, o diretor de Mercado e Comunicação da Unimed Federação ainda observa que tem havido grande movimentação com a entrada de novas operadoras de saúde, fomentadas por investidores, na compra de hospitais e operadoras locais. Ele revela que existe uma preocupação mercadológica nesses movimentos, especialmente em relação ao trabalho médico, que costuma ser secundário e pouco reconhecido em prol do retorno financeiro e apetite dos investidores.
“Se por um lado temos um mercado fortemente regulado, com olhos voltados ao consumidor, por outro, presenciamos vultosos negócios na saúde, com os olhos voltados ao investidor. Nesse contexto, os profissionais que se dedicam em entregar valor à saúde da população precisam ser vistos, e esse é o papel da cooperativa”, reforça Bley.
Ele salienta que estar dentro de uma cooperativa exige maturidade coletiva, ou seja, entender que as ações individuais interferem no todo e, consequentemente, no desenvolvimento e resultado final. Por isso, a necessidade de reativar o sentimento de ser sócio e responsável, favorecendo um ambiente construtivo para todos.

PROJETO

O Projeto Ser Unimed ainda está na fase de disseminação e consolidação de conceitos e existem outras Singulares a serem trabalhadas em 2020. Esse primeiro ciclo de palestras segue até o mês de julho. Verificado o interesse que os médicos cooperados têm demonstrado, a Unimed Federação estuda formas de manter esse espaço de debate construído pelo caráter estratégico na manutenção e no desenvolvimento do negócio.
“Acredito que a educação cooperativista é o melhor caminho para isso sair do papel, é preciso informar e nivelar o conhecimento da realidade e necessidades da cooperativa. Cada um sabe o que sua Unimed representa para si, mas precisamos expandir esse conceito, saindo do individualismo e partindo para ações sustentadas pela coletividade, visando ao cumprimento dos objetivos da cooperativa e à presença de mercado”, enfatiza Bley.

As palestras já foram realizadas em 10 Singulares e atingiram cerca de 500 cooperados

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