Novas tecnologias têm auxiliado médicos e pacientes a manter a saúde e a prevenir doenças – promovendo o autocuidado
Acompanhamento remoto de pacientes, interpretação de resultados de exames, maior eficiência dos processos e melhor recuperação em procedimentos cirúrgicos. Esses são alguns dos benefícios proporcionados pelas tecnologias que têm auxiliado na manutenção da saúde e prevenção de doenças por médicos e pacientes.
O uso de recursos como Inteligência Artificial (IA), cirurgia robótica e dispositivos vestíveis (wearables), a exemplo dos relógios inteligentes (smartwatches), auxilia profissionais de saúde a acompanharem tratamentos, fazerem ajustes de condutas e processos de forma rápida e remota, entre outros benefícios. Dessa forma, alcança- -se um misto de autocuidado e empoderamento do paciente, que passa a ter controle da sua própria saúde.
Essas ferramentas permitem o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas por meio de aplicativos que monitoram questões, como dieta, frequência cardíaca, sono, realização de atividades físicas e que ajudam no controle do uso de medicações. Alguns até guardam os resultados de exames para que os pacientes tenham um relato consistente e lógico da evolução do seu tratamento.
Conforme relata o médico urologista, especializado em Cirurgia Robótica, Disfunção Miccional e Uro-Oncologia e consultor médico de Inovação e Tecnologia da Informação, Carlos Sacomani, do hospital AC Camargo Câncer Center, a telemedicina, a teleconsulta, o telediagnóstico e o diagnóstico a distância são os principais recursos que vêm à sua mente quando se fala em avanço tecnológico na medicina.
“Por meio das ferramentas de monitoramento remoto, como aplicativos e wearables, o paciente pode monitorar diversos parâmetros. Isso para os médicos é o que nós chamamos de personal health records, que é o prontuário que ajuda no autocuidado de quem está em tratamento”, explica.
Na prática
Ainda de acordo com o consultor, de forma um pouco mais avançada, temos a Inteligência Artificial (AI), utilizada para aprimorar diagnósticos sem a necessidade de os profissionais terem uma especialização médica específica. Entre os exemplos práticos, Sacomani comenta sobre a questão dos prontos-socorros, onde há muitos médicos clínicos gerais.
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“Para os casos em que precisam avaliar raio X de tórax e não têm a formação completa para isso, como um pneumologista ou um radiologista, é possível utilizar a ciência da computação (machine learning) para fazer o diagnóstico de doenças pulmonares, facilitando a vida dos médicos nesses estabelecimentos”, ressalta.
Outro exemplo citado por Sacomani é um processo de AI que avalia biópsia de próstata e que consegue, com eficácia de 96%, apontar a amostra possui células cancerígenas. Isso facilita uma pré-avaliação para envio ao patologista especializado, otimizando o tempo dos profissionais envolvidos.
“Além de melhorar a atividade médica, esses recursos permitem aprimorar a gestão em saúde e os processos operacionais, trazendo eficiência no acompanhamento de um paciente”, observa.
Já a cirurgia robótica destaca-se por melhorar as taxas de recuperação, redução de sangramento, além de proporcionar uma visão do campo cirúrgico bastante diferente e evoluída. Carlos Sacomani pondera que, há 20 anos, a cirurgia robótica era algo apenas visto em filmes de ficção científica. Hoje é uma realidade. Ele, inclusive, realiza duas ou três cirurgias robóticas por semana.
Modernização
Outra ferramenta mais comum no nosso dia a dia, os relógios inteligentes (smartwatches) também podem ser utilizados para cuidados com a saúde, já que permitem a avaliação em tempo real d e algumas situações.
“Será que os dados que eles fornecem são eficazes? Eu diria que sim, porque esses dispositivos estão ficando cada vez melhores e mais consistentes e com um envolvimento em desenvolvimento bastante grande, focados muito mais em prover saúde do que tratar uma doença, conceito que devemos distinguir quando falamos dessas tecnologias”, afirma.
O investimento em gestão de processos (process mining) na condução da jornada do paciente, na busca de eficiência operacional, é outro elemento importante na área da saúde. E a Unimed Paraná já está utilizando a tecnologia para melhorar e otimizar procedimentos. “Eu sou um defensor e um grande entusiasta dessa área e acho que nós deveríamos estar explorando e divulgando mais”, defende.
Melhoria contínua
Na análise de Sacomani, os currículos médicos ainda não estão preparados para treinar um novo médico nesse sentido, porém, há algumas iniciativas, como a da Liga Acadêmica da Santa Casa de São Paulo, em que os alunos se envolvem em projetos de inovação e, com isso, aprendem essas novas tecnologias.
Para ele, o preparo para esse cenário precisa começar já na faculdade, com a modernização do currículo dos cursos de medicina. Entretanto, como isso ainda não ocorre, há uma série de cursos, alguns em modelo Ensino a Distância (EAD), e pós-graduações em Tecnologia, Data Science e Machine learning, por exemplo, que podem mudar a concepção de como entregar saúde e como fazer medicina hoje.
“Todo esse preparo depende de conscientização, cultura e de mostrarmos resultados científicos consistentes”, finaliza.
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