Colaboração: os desafios e as oportunidades da intercooperação nos sistemas de saúde

colaboração e intercooperação
Shutterstock/Ilustração

Práticas integradas e inovação tecnológica são o caminho para as cooperativas de saúde se adaptarem

Ao falar sobre o cenário pandêmico, o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que, apesar de o mundo já ter as ferramentas para vencer a Covid-19, ainda falta cooperação. Tedros se referia à desigualdade na taxa de vacinação entre países dos continentes europeu e africano. O discurso aconteceu em 2021, durante a Cúpula Mundial da Saúde, evento anual que reúne dirigentes políticos e profissionais da saúde. Porém, termos como cooperação e solidariedade vieram para ficar, seja nos sistemas de saúde ou na sociedade como um todo.

Como modelo de negócios, as cooperativas já nascem com a visão colaborativa por meio de suas estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. No entanto, com o surgimento de novas demandas e o avanço da tecnologia, é preciso que essas organizaçõesse adaptem. Em especial, a saúde, que foi o foco dos últimos anos. Na qual a intercooperação na produção mundial de vacinas de Covid-19, as consultas on-line e o compartilhamento de materiais e medicamentos foram fundamentais.

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Para o superintendente Operacional da Unimed FESP, Mauro Couri, diante desse cenário, é preciso acelerar os sistemas de colaboração dentro das cooperativas de saúde para que elas possam se destacar no setor: “Acredito que compartilhar experiências exitosas, assim como as que não deram certo, seja um ponto fundamental. Entretanto, ainda vejo um olhar para dentro da realidade estadual ou na sua Singular. Sem intercooperação de fato, estaremos fadados ao reducionismo de soluções locais, que não acrescentam ao intercâmbio. Com a intercooperação ocorrendo em todos os níveis, podemos despender menos recursos em projetos que não deram certo”, explica.

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Na avaliação do superintendente Operacional da Unimed FESP, é preciso que essas experiências positivas em relação à intercooperação sejam compartilhadas para não ficarem apenas no âmbito local
Divulgação/Arquivo Pessoal

Neste cenário, Couri identifica que algumas áreas merecem atenção especial e podem ser melhoradas por meio da tecnologia e inovação, tais como: a interoperabilidade de dados, por meio de registros eletrônicos de saúde com informações sobre os beneficiários armazenadas na nuvem; a ampliação dos serviços por acesso remoto, como a teleconsulta e o compartilhamento de conhecimento entre os médicos; além da atenção à saúde mental, com uma rede de acolhimento para todos os envolvidos da organização. Em uma pesquisa sobre inovação, realizada em 2021 pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), 84% dos entrevistados responderam que o viés tecnológico é uma questão importante para alavancar o setor.

No entanto, ainda que as tecnologias digitais sejam essenciais na saúde, Couri ressalta que há outra tecnologia ainda mais fundamental que as cooperativas precisam manter como pilar: o cuidado. “O futuro (que já começou ontem) certamente passará pela ampliação de ferramentas tecnológicas, mas não será suficiente se não retomarmos a nossa matriz de cuidado. A empatia, a vivência e o sentimento de pertencimento nunca foram tão necessários. Tenho certeza de que, por muito que andemos pela dita Saúde 4.0, ainda haverá a necessidade do olhar e do toque da equipe assistencial. O ser humano precisa se conectar com pessoas e a tecnologia, pelo menos, no nível em que estamos, ainda não foi capaz de substituir o afeto”, destaca.

Com as muitas crises atuais, a pauta da solidariedade está em alta e consumidores demonstram preocupação com o propósito real das empresas, o que mostra que passos importantes ainda precisam ser dados para aumentar a intercooperação nos sistemas de saúde. No entanto, é também uma oportunidade para que os ideais cooperativistas floresçam, oferecendo soluções integradas e resiliência aos negócios em períodos desafiadores: “Sou otimista por natureza e tenho certeza de que saberemos superar nossas dificuldades, e como cooperativa de trabalho médico, mostraremos o que nos torna diferentes no meio desse senso comum”, conclui Couri.

Melhorias práticas nas cooperativas de saúde

  • Interoperabilidade de dados, por meio de registros eletrônicos de saúde com informações sobre os beneficiários armazenadas na nuvem
  • Ampliação dos serviços por acesso remoto, como a teleconsulta e o compartilhamento de conhecimento entre os médicos
  • Atenção à saúde mental, com uma rede de acolhimento para todos os envolvidos da organização

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