“O que a gente fez tão bem na aviação, que ainda não fizemos na medicina?” questionou Victor Gadelha, head de Educação, Pesquisa e Inovação da Dasa, durante a sua palestra de encerramento no 10º e-saúde sobre o uso da tecnologia na gestão em saúde, que teve como mediadora a gerente da Gestão de Atenção à Saúde (GEAS) da Unimed Paraná, Arianne Villanova Almeida Gaio. Gadelha relembrou episódios da aviação que foram impulsionadores para que a segurança de voos no Brasil e no mundo mudasse – e melhorasse.
Em sua provocação, falou sobre a manutenção preventiva e assertiva que a aviação começou a aplicar para que ocorressem menos acidentes aéreos – o que tem gerado grandes resultados. Segundo ele, há menos chances de morrer em um voo comercial do que em um procedimento cirúrgico, por exemplo.
Esse questionamento também serviu para que Gadelha falasse sobre “Tendências e perspectivas futuras das tecnologias aplicadas à gestão em saúde”. Em sua percepção, a tecnologia e a Inteligência Artificial têm trazido grandes avanços inovadores para a prática da medicina, desde à análise de dados até o uso de algoritmos para a diminuição de tempo de tratamento do paciente. “Mudando, inclusive, o desfecho do caso”, acrescenta.
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Apesar de muitos profissionais de saúde temerem por suas profissões, em sua apresentação, ele assegura que o uso da tecnologia servirá para potencializar o cuidado, tornar a tomada de decisão mais assertiva e ofertar mais precisão ao diagnóstico e tratamento do paciente. “O médico com o uso da tecnologia e da inteligência artificial é ainda mais eficaz”, comenta.
Entre as maneiras que a tecnologia aplicada à gestão em saúde poderá beneficiar instituições e profissionais de saúde está o controle e a gestão de estoque, como medicamentos e insumos, além de logística. Também explicou que o uso de algoritmos para treinar modelos de Inteligência Artificial generativa pode trazer grandes benefícios para a medicina, como no apoio de detecção de doenças. Gadelha demonstrou como diagnósticos feitos com IA baseados em sintomas e histórico médico do paciente podem ser possíveis. Além disso, a adaptação da IA generativa pode ser aplicável na previsão de tratamento, na melhoria do desfecho clínico, entre outros.
Outro exemplo usado pelo palestrante foi a da tecnologia chamada de “gêmeos digitais”, que é um modelo virtual de um objeto físico. Com todos os atributos de um modelo físico, ele recebe dados em tempo real por meio de conceitos como Big Data, IA e machine learning, para simular situações. Na saúde, por exemplo, ele pode representar um paciente – com suas condições de saúde, reações clínicas e totalmente personalizáveis.
Embora sejam muitos benefícios que o uso da tecnologia pode aplicar na medicina, Gadelha alerta também para os riscos e desafios que o modelo pode apresentar ao setor. Citando as chamadas “alucinações”, ele esclarece que se não for bem treinada e receber dados corretos, modelos como a própria IA Generativa podem criar informações incorretas ou dados enganosos – que seria prejudicial no campo da saúde. “Cabe a nós saber regular para, de fato, usar a IA para melhorar o atendimento e a gestão em saúde”, finaliza.