Artigo do diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed Paraná, Omar Genha Taha, relacionando a cultura organizacional e a inovação
Um tema que vem sendo exaustivamente debatido pelos analistas de gestão empresarial é a cultura organizacional da empresa versus inovação. Segundo esses especialistas, a cultura é tão importante que pode construir ou destruir qualquer planejamento estratégico, já que ela está inserida de forma estrutural na empresa. Como diz a famosa frase de Peter Drucker, citada em praticamente todos livros e artigos que falam sobre o tema, “a cultura come a estratégia no café da manhã”. Mas, afinal, o que é cultura empresarial ou organizacional e de que forma ela interfere tão decisivamente nos rumos da empresa? Como implementar a inovação em uma empresa que eventualmente tenha conceitos tão arraigados que impeçam o desenvolvimento desses processos? Como fazer tudo isso em um ambiente cooperativista que tem especificidades e um modo de operação diferente do molde empresarial convencional?
A cultura organizacional é composta por uma série de práticas, símbolos, hábitos, comportamentos, valores éticos e morais, além de princípios, crenças, políticas, sistemas etc. Constitui o modus operandi na consecução de suas atividades, seja na fabricação de produtos ou prestação de serviços, como no caso da saúde. De onde advém essa cultura? Várias fontes podem ser identificadas, outras não: os princípios dos fundadores da empresa, o comportamento da alta direção, dos líderes, os tipos de metas estabelecidas, a relação da empresa com os colaboradores e vice-versa, a percepção que a empresa tem do seu papel social, a reputação interna das lideranças, estímulo a determinados hábitos, tudo isso contribui para forjar um modelo cultural que, às vezes, é difícil de mudar.
A empresa existe, sobrevive e desenvolve-se exatamente porque a cultura organizacional está adaptada às necessidades da operação e da interatividade que ela tem com a sociedade. A questão é quando precisam ocorrer transformações. Na maior parte das vezes, elas não precisam ser significativas. Entretanto, algumas vezes elas devem ocorrer. Um exemplo é quando há perspectivas de mudanças significativas na disputa de mercado e no relacionamento com os clientes, quando se fazem necessárias adaptações importantes da empresa e a implementação da inovação requer uma mudança ou flexibilização da cultura organizacional.
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Em um momento como esse em que vivemos, um acirramento da atividade concorrencial no setor de operadoras de saúde, por exemplo, a inovação nas atividades da empresa, é absolutamente necessária, desejável e até esperada pelos stakeholders. A inovação permitirá que a empresa se posicione no mercado com novos diferenciais competitivos que tragam uma percepção real de qualidade e melhorias para os diversos públicos.
Inovação não é só criatividade, como alguns pensam. Inovar é produzir serviços, elaborar processos, desenvolver tecnologias de uma forma diferente, avançada, com novas soluções que adicionem valor aos resultados da empresa. Segundo Joseph Shumpeter, “a inovação é o motor do desenvolvimento econômico”. Hoje, a medida da inovação dentro da empresa parametriza a sua capacidade de fazer frente à rápida transformação do ambiente de mercado e sustentabilidade diante das premissas da “nova economia”. Alguns definem inovação como “exploração com sucesso de novas ideias”. Por isso, é importante que as “novas ideias” apareçam e circulem no ambiente empresarial.
É preciso deixar claro que o fator primordial para implementação da inovação da empresa só ocorrerá se a cultura organizacional for permeável a ela, se houver apoio e participação da alta gestão e se o clima organizacional, o ambiente da empresa, permitirem que as novas ideias floresçam e se desenvolvam no local de trabalho. Além disso, é fundamental que haja programas de desenvolvimento e estímulo à inovação, recursos disponíveis para que todos os colaboradores, gestores e lideranças possam trazer suas ideias e percepções que evoluam para processos inovativos.
Não é tarefa fácil! Depende de muita discussão interna, alinhamento de diretrizes estratégicas, envolvimento de todos os níveis da empresa, mas não é impossível, desde que os objetivos a serem atingidos estejam bem clarificados para todos e haja uma política consistente de estimulo à inovação.