Pandemia exigiu aprofundar autoconhecimento para gestão da saúde mental e experiência serve como referência para o planejamento financeiro dos gastos e investimentos em 2021
Se 2020 foi o ano em que todos forçadamente tiveram que ficar em casa para, além de trabalhar, refletir, neste ano, o processo continuará sendo um chamado latente para o autoconhecimento como forma de sustentar e superar os desafios que se apresentam. E se estiver pensando que o tema dessa matéria envolve autoajuda, espere um momento até descobrir que estamos falando do mercado financeiro e como buscar rentabilidade em meio às incertezas do momento do tempo atual.
Embora o mercado de renda variável possa parecer atrativo e lucrativo, não significa que é a melhor opção para todo mundo, conforme alerta a planejadora financeira CFP (Certified Financial Planner) e sócia da Praisce Capital, Fernanda Alves. Afinal, no universo dos investimentos, tudo se baseia muito no perfil de cada indivíduo e quem não está na pegada de vivenciar o risco deve evitá-lo. Isso porque, a renda variável envolve a aceitação de uma certa volatilidade e até a condição de passar por meses negativos. “Esse é um desconforto muito grande para os investidores que não conseguem lidar com um ambiente inconstante e instável. Então, a dica sempre é: em vez de olhar somente para fora, que o investidor se conheça melhor para definir seus próprios passos”, destaca Fernanda.
Na avaliação da planejadora financeira, quando questionamos qual é o melhor investimento, sempre é importante fazer a ressalva do perfil. “Ainda mais quando estamos vivendo em um período com a taxa de juros em torno de 2% e a inflação em aproximadamente 4%, estamos falando de taxas de juros reais negativas. Isso significa que quem opta por deixar dinheiro em renda fixa com liquidez, perde 2% ao ano para a inflação”, comenta.
Para aqueles mais experientes ou que pretendem expandir a carteira de investimentos ou são mesmo iniciantes, não é preciso planejar de forma solo ou autônoma, há profissionais especializados como assessores que podem auxiliar em todo o processo, inclusive na identificação correta do perfil. Além de considerar quanto dinheiro vai investir, ingressar no mercado financeiro significa estar atento a qualquer movimentação no segmento do tipo de investimento que está dispendendo recurso ou no próprio cenário econômico local e global.
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Apesar de o início do ano ter começado conturbado com crescimento do número de casos de Covid-19 e a demora no início da vacinação, há uma expectativa para uma retomada ainda em 2021. Segundo explica a planejadora financeira, as perspectivas apontadas por grandes nomes do mercado financeiro são positivas diante do cenário, tanto do ponto de vista da recuperação da economia real quanto para valorização dos ativos. “Isso ocorre também porque temos um conjunto de fatores acontecendo simultaneamente no mundo todo, que são: i) uma política fiscal expansionista; ii) juros abaixo da inflação; iii) agenda de vacinação; iv) reabertura das economias e retomada gradual da circulação de pessoas; v) ambiente econômico mais previsível. Isso motiva o otimismo em relação à recuperação econômica”, pontua.
Mudanças e tendências nos investimentos
De acordo com essa visão dos principais gestores do mercado, Fernanda alega que há razão para otimismo, e que a diversificação de ativos que respeitem o perfil do investidor deverá ser o “novo normal” nas recomendações e nas carteiras de investimentos. “Até pouco tempo, o poupador tinha o grande estímulo dos juros altos para manter suas aplicações concentradas em apenas uma classe de ativo e conseguir ter rentabilidade, segurança e liquidez simultaneamente. Com juros a 2% a.a., isso acabou e hoje mais do que nunca o investidor precisará de uma assessoria ativa e de confiança para preservar e rentabilizar suas economias”, conclui.
Primeiro passo: organização
Antes de destinar um percentual da sua renda para os investimentos, preste atenção nas dicas a seguir.
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Rentabilizar é um processo que exige maturidade e pode ocorrer em médio ou longo prazo. Quando se é recém-formado, recebe-se o proporcional à experiência e com o tempo e a dedicação é que vão surgindo as oportunidades para crescer profissional e financeiramente. Seguindo essa lógica, entrar no mercado de investimentos ou poupar parte da renda são atitudes precedidas de alguns ajustes preliminares, tais como:
• Listar todos os gastos
• Saber o valor exato que ganha e comparar com os gastos mensais
• Definir as prioridades de compra X supérfluos ou descartáveis
• Não fazer dívidas ou quitá-las
• Planejar o orçamento destinando verbas para cada área (ex: alimentação; diversão; viagens; manutenção da casa; estudos etc.)
• Evitar o uso de cartão de crédito
• Por último, começar a poupar ou destinar algum valor para investimentos após todas as contas acertadas
Dicas rápidas de investimento
Confira as sugestões da planejadora financeira CFP (Certified Financial Planner) e sócia da Praisce Capital, Fernanda Alves, considerando dois perfis de quem investe:
PERFIL CONSERVADOR: “Destacaria que uma oportunidade para garantir a preservação do poder de compra no longo prazo está nos títulos de renda fixa atrelados à inflação, que podem entregar o IPCA mais 2, 3 ou 4%”.
PERFIL ARROJADO: “Nesse caso, vale a pena abrir os olhos para os fundos de renda variável global, tanto aqueles que investem em mercados emergentes quanto nas maiores economias do mundo (Europa, Estados Unidos e China)”.