Só no Paraná, no ano passado, havia 32.525 médicos registrados, 64,3% deles especialistas
Em janeiro de 2023, o número de médicos ativos no Brasil atingiu um volume recorde: 562.229. Na comparação com 2010, quando havia 310.844 médicos, o aumento é de 81%. E em relação ao ano 2000, quando o país contava com 219.896 profissionais, a alta é de 155%. Os dados são da mais recente Demografia Médica do Brasil, lançada em fevereiro pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
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O estudo mostra também que o aumento do número de médicos foi superior ao crescimento da população brasileira. Tanto é que, no ano 2000, havia 1,41 médicos para cada mil habitantes; em 2010, esse número saltou para 1,63; e agora, em 2023, subiu para 2,60.
Segundo a pesquisa, “o ritmo mais lento de crescimento da população geral está relacionado a níveis e padrões dos eventos demográficos de fecundidade e mortalidade. Já o crescimento acelerado da população de médicos ocorre em períodos subsequentes à maior abertura de cursos e vagas de graduação em medicina”.
Somente no Paraná, no ano passado, 21 escolas ofertaram 2.246 vagas em cursos de graduação em medicina. Os números colocam o estado no top cinco do país, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, respectivamente. Em todo o Brasil, são 41.805 vagas distribuídas em 389 escolas.
Distribuição de médicos pelo território
Apesar do aumento do número de médicos no Brasil, a distribuição de profissionais pelo território não é igualitária. Na região Sudeste, por exemplo, em 2022, havia 3,39 médicos para cada mil pessoas. Já na região Norte, esse número caia para menos da metade, 1,45.
Até mesmo dentro dos estados, na comparação entre a capital e as cidades do interior, a diferença é acentuada. No caso do Paraná, no ano passado, havia 32.525 médicos registrados, o que dava uma proporção de 2,80 médicos por mil habitantes. Mas só Curitiba concentrava 42,7% desses profissionais, o que elevava a taxa para 7,08 médicos para cada mil pessoas.
“O “Brasil das capitais” apresenta densidade de médicos (6,13) muito maior que as Regiões Metropolitana (1,14) e os interiores (1,84)”, consta no estudo.
Número de especialistas
Em 2022, dos 514.215 médicos na ativa, 62,5% eram especialistas. Os outros 37,5% eram generalistas. No Paraná, a porcentagem de especialistas é ligeiramente maior: 64,3%. Já em Curitiba, é 70,3%.
Levando em consideração que cada profissional pode ter mais de um título de especialista e pode estar registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) de mais de um estado, de 2012 a 2022, o número de registros de especialistas no Brasil teve um aumento de 84%. Passou de 268.218 para 495.716.
As especialidades com maior número de registros são: Clínica Médica (11,5%), Pediatria (9,8%), Cirurgia Geral (8,4%), Ginecologia e Obstetrícia (7,5%) e Anestesiologia (5,9%). Já as especialidades menos frequentes são Genética Médica (0,1%), Medicina de Emergência, Radioterapia, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Nuclear e Cirurgia de Mão, cada uma delas com 0,2%.
Mais mulheres na profissão
Desde 2009, a porcentagem de mulheres na medicina vem aumentando gradualmente. Naquele ano, elas representavam 40,5% dos profissionais. Já no ano passado, a porcentagem passou para 48,6%.
Nesse mesmo período, de 2009 a 2022, o número de mulheres médicas mais do que dobrou. Saiu de 127.818 para 260.372. Já o número de homens médicos cresceu de forma mais tímida, 46%, passando de 188.084 para 275.497.
Apesar do aumento do número de mulheres na Medicina, o salário permanece desigual. De acordo com dados obtidos junto à Receita Federal, a renda média declarada por médicos homens em 2020 foi de R$ 36 mil. Já a das mulheres foi R$ 23 mil, ou seja, 36,3% a menos.
Projeção para os próximos anos
Em 2024, pela primeira vez na história, o número de mulheres médicas deve ultrapassar o de homens. A expectativa é que elas sejam 50,2% dos profissionais de medicina do país. Em 2035, a diferença deve se acentuar ainda mais. O sexo feminino deve representar 56% dos profissionais, contra 44% do sexo masculino.
Além de mais mulheres, em 2035, os médicos também serão mais jovens. Mais de 85% dos profissionais estarão na faixa etária entre os 22 e 45 anos – o que vai na direção contrária de outros países, que apresentam um envelhecimento da profissão.
Ainda segundo a projeção, o Brasil terá mais de um milhão de médicos em 2035, o que representa 4,43 médicos para cada mil habitantes. Mas a densidade vai continuar heterogênea entre os estados. A maior disparidade deve ser entre o Distrito Federal, com 8,29 médicos para mil pessoas; e o Pará, com 1,86. O Paraná deve superar a média nacional, com 4,56 médicos por mil pessoas.
“Se medidas não forem adotadas, estará mantida ou será agravada a desigualdade de distribuição geográfica, o que fará persistir a escassez localizada de profissionais, mesmo em cenário de maior e crescente oferta global de médicos. Será, portanto, necessário rever e impulsionar políticas e programas de distribuição e retenção de médicos em áreas desassistidas e de menor densidade de profissionais por habitantes. Algumas políticas anteriormente adotadas, como incentivos financeiros para locais de difícil provimento e a interiorização de cursos de graduação com vistas à fixação de médicos, poderão ser reavaliadas ou aprimoradas à luz da projeção em diferentes cenários”, consta no estudo.
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