Entre histórias, palavras e cuidado: a trajetória da médica Maria Ofélia Fatuch

Conheça a trajetória de uma médica cuja paixão por narrativas e coleções nos inspira a valorizar cada instante da vida

Maria Ofélia Fatuch: uma médica pediatra que une paixão pela medicina e pela literatura em sua trajetória
Maria Ofélia Fatuch: uma médica pediatra que une paixão pela medicina e pela literatura em sua trajetória

Maria Ofélia Fatuch é uma mulher multifacetada. Médica pediatra e especialista em Alergia e Imunologia, ela também ocupa a presidência da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES) no Paraná. Outro ponto interessante na vida da médica: ela é uma colecionadora apaixonada por bonecas. Sua trajetória é uma fascinante combinação de amor pela medicina, literatura e arte, que começou a ser moldada desde a infância.

A paixão pelas bonecas teve início quando ela tinha apenas sete anos, quando seus avós fizeram uma viagem em um transatlântico à Europa. Naquela época, era um acontecimento para poucos privilegiados e para compartilhar a cultura vivenciada, eles trouxeram mini bonecas vestidas com trajes típicos de cada lugar que visitaram para a neta.

“Fiquei encantada pela perfeição e pelos detalhes. Cada boneca representava uma parte da cultura que meus avós vivenciaram e, assim, a cada viagem, uma nova boneca chegava em casa,” relembra Ofélia.

Colecionando memórias

A médica compartilha a coleção não apenas como objetos, mas sobre as histórias que elas contam. Cada boneca é um testemunho de suas vivências e das culturas que a cercaram durante infinitas viagens. “Trago comigo não apenas os detalhes das bonecas, mas também os momentos e as emoções que cada uma delas despertou em mim”, explica.

Ela conta que não tem uma boneca favorita em sua coleção, e considera todas especiais. “Para um colecionador, não existe favoritismo; cada boneca carrega uma história, como filhos moram no coração. Em momentos específicos, algumas se destacam por eventos marcantes vividos,” diz.

Uma coleção que representa memórias e culturas vividas
Uma coleção que representa memórias e culturas vividas

Paixão pelas letras

Maria Ofélia cresceu em um ambiente onde a educação e a cultura eram valorizadas. Ela recorda com carinho do seu pai, também médico, que tinha o hábito de escrever frequentemente, utilizando cartas para abordar temas desafiadores com seus filhos. Sua mãe, por sua vez, destacou-se como advogada em uma época em que muitas mulheres tinham pouquíssimo espaço no mercado de trabalho. A base familiar fortaleceu sua trajetória e a inspirou a perseguir seus objetivos.

“Meu avô materno, um empresário de São Paulo, sempre incentivou o aprendizado. Ele ensinava caligrafia com caneta de pena e estimulava a declamação de poesias de autores, como Castro Alves e Casimiro de Abreu. Ler e escrever eram hábitos que cultivava desde criança. A televisão estava no quarto, mas eu raramente a assistia,” conta.

Com formação rica e diversificada, não é surpreendente que a médica tenha se tornado uma escritora talentosa. Ela escreve de forma independente em revistas e jornais, e colabora com o “Mundo Adaptado”, uma publicação destinada a crianças com deficiências físicas e/ou cognitivas. Ela também tem uma página na internet na qual aborda: “Pérolas da Medicina”, relatando, de forma cômica, o cotidiano de um consultório pediátrico.

“Estou terminando minha formação em psicanálise e meu foco é colocar no papel emoções, pensamentos e memórias. A ideia do inconsciente, como a parte mais significativa dos processos mentais, influencia o modo de viver”, diz.

Maria Ofélia também vê uma conexão clara entre sua formação médica e sua escrita. “Toda a minha formação foi acadêmica. Estudar, ensinar e escrever estão interligados. A medicina é uma arte, como foi definida por Hipócrates, e a arte pode humanizar a relação médico-paciente, proporcionando bem-estar tanto para os pacientes quanto para os profissionais”, afirma.

Essa visão integrativa se reflete em sua maneira de abordar a literatura, buscando sempre um significado profundo nas palavras.

A pediatra sonha em publicar um livro baseado em suas experiências como médica e em suas reflexões pessoais.

“Quero compartilhar aprendizados que adquiri no decorrer dos anos, tanto na medicina quanto na vida. Além disso, tenho a ideia de criar um ‘Pocket‘ de autoajuda, enfatizando o poder da palavra. Se tivermos consciência do quanto a palavra curta, poderemos ouvir melhor quem está ao nosso lado”, diz.

Equilibrando pratos

Equilibrar sua carreira médica entre três filhos, hobbies e interesses pessoais é um desafio que Ofélia abraça com entusiasmo. Ela se descreve como “hiperativa” por sua capacidade de envolver-se em múltiplas atividades simultaneamente.

“Gerenciar o tempo é uma habilidade pessoal que desenvolvi no decorrer dos anos. Além da medicina e da escrita, também me dedico a projetos sociais, como a filantropia para crianças carentes no Projeto Frei Rui Depiné. Acredito que a educação é a única forma de mudar a realidade,” ressalta.

Ela também participa do projeto SAHA (SAÚDE), que oferece atendimento médico gratuito a refugiados em São Paulo.

Com seus colegas da Unimed, promovendo a literatura na medicina em encontro da SOBRAMES
Com seus colegas da Unimed, promovendo a literatura na medicina em encontro da SOBRAMES

“É gratificante poder ajudar aqueles que mais precisam. O conhecimento é um poder que não se compra; é algo que se conquista e transforma vidas,” afirma Maria Ofélia, refletindo sobre a importância da educação e do acesso à saúde.

Nos momentos de lazer, a médica encontra prazer em esportes aquáticos, corridas de rua e viagens.

“Adoro conhecer novas culturas e pessoas. Afinal, só nos reconhecemos através do outro. Como disse Rimbaud, ‘O EU é um outro'” compartilha.

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