Governança clínica e de dados

Saiba mais sobre esses conceitos e como eles são aplicados na Unimed Paraná

gestão

Quando falamos de excelência no atendimento, tendemos a focar na ponta do processo, na experiência individual que cada paciente teve junto ao profissional de saúde com o qual teve contato. No entanto, quando pensamos em gestão, o caminho para a excelência começa muito antes. No segmento das instituições de saúde, por exemplo, utiliza-se o termo governança clínica para delimitar o conjunto de estratégias e práticas adotadas pelas instituições para assegurar que o serviço seja prestado com segurança, eficiência, alta qualidade e atenção às necessidades dos pacientes.

A aplicação do conceito exige a coordenação e a integração de processos clínicos, administrativos e de gestão. “A governança clínica em operadoras de planos de saúde se concentra em garantir que as decisões e práticas clínicas sejam baseadas em evidências, que haja transparência e responsabilidade na prestação de cuidados e que os interesses dos beneficiários sejam prioritários. E quando se trata da Federação, é extremamente importante promover integração entre as Singulares, por meio de princípios, diretrizes e políticas construídas em conjunto, a fim de produzir padrão de atendimento e controles, gerar visibilidade e ações conjuntas em prol da qualidade de atendimento, melhores negociações internas e externas e garantia de posicionamento, no mercado e na experiência do beneficiário”, explica Antonio do Amaral Junior, gerente de Desenvolvimento e Estratégia da Unimed do Paraná.

Vantagens da governança

A atenção aos princípios da governança clínica colabora na redução da necessidade de intervenções médicas adicionais e dos custos associados a complicações decorrentes de cuidados inadequados. “A padronização de práticas clínicas, o uso eficiente de recursos e a prevenção de eventos adversos decorrentes de erros assistenciais contribuem para a redução de desperdícios e custos desnecessários no sistema de saúde. Isso pode incluir a diminuição de readmissões hospitalares evitáveis, o uso racional de medicamentos e a minimização de procedimentos desnecessários”, destaca Junior.

A implementação de processos rigorosos também auxilia no cumprimento de regulamentações e na prevenção de fraudes e abusos. Essas medidas protegem a operadora de planos de saúde contra possíveis penalidades legais e financeiras e auxiliam na mitigação dos riscos associados à responsabilidade clínica.

Além disso, a melhor aplicação dos recursos tende a aumentar a satisfação dos beneficiários dos planos de saúde. “Isso pode resultar em maior fidelidade dos clientes e uma reputação positiva para a operadora de plano de saúde, o que é fundamental em longo prazo”, comenta o gerente. Dessa forma, a aplicação efetiva do conceito de governança clínica não apenas melhora a qualidade e segurança do cuidado ao paciente, mas também contribui para a sustentabilidade financeira e operacional do segmento de saúde.

Pilares da governança clínica

Para que a governança clínica seja aplicada de fato, deve-se observar uma série de itens, tendo em vista que o conceito é amplo. “Cada um desses elementos desempenha um papel crucial na aplicação efetiva da governança clínica em uma operadora de plano de saúde, contribuindo para a melhoria da qualidade do cuidado, a segurança do paciente e a eficiência operacional”, comenta Antonio do Amaral Junior. Ele cita os oito pilares a seguir:
1. Comprometimento da liderança da alta administração com uma cultura focada na segurança e na qualidade do cuidado ao paciente, que reforça a importância da governança em toda a organização
2. Profissionais de saúde bem informados e engajados, com participação ativa em atividades de melhoria da qualidade, adesão a protocolos clínicos e busca contínua pela excelência
3. Estratégias e políticas claras relacionadas à governança clínica, incluindo definição de metas de qualidade, processos de monitoramento e avaliação, e diretrizes para tomada de decisão clínica.
4. Protocolos clínicos e diretrizes de prática clínica baseados em evidências
5. Monitoramento e avaliação contínua dos desempenhos clínico e operacional
6. Transparência na divulgação de informações
7. Integração entre sistemas de informação, para facilitar o acesso a dados clínicos e operacionais relevantes, suportar processos de tomada de decisão baseados em evidências e promover a coordenação do cuidado entre diferentes profissionais e serviços de saúde
8. Participação dos beneficiários, por meio de canais de comunicação e feedback

A aplicação de
conceitos e de padrões
de governança
clínica que garantam
eficiência econômica
e elevados padrões
de satisfação é
fundamental para o
sucesso a longo prazo
das organizações
de saúde

Governança de dados

Hoje em dia, é difícil falar de gestão e governança sem falar também de tecnologia de informação, incluindo a coleta, o tratamento e a segurança de dados. Para a Federação, a análise de informações clínicas, demográficas, de utilização de serviços de saúde, entre outras, permite entender as necessidades dos beneficiários, monitorar a eficácia dos tratamentos e identificar tendências de saúde.

Vale pontuar que essa coleta é realizada com medidas de segurança, que incluem: criptografia; controle de acesso; protocolos de segurança rigorosos para proteger os dados sensíveis; treinamento regular dos funcionários sobre práticas de segurança da informação e conformidade com as políticas internas da empresa; monitoramento de atividades suspeitas; seleção de fornecedores de TI certificados, que seguem padrões de segurança reconhecidos internacionalmente; revisão contínua da infraestrutura de TI para detectar e responder rapidamente a possíveis ameaças à segurança dos dados. Tudo em conformidade com as regulamentações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Como medida proativa, a operadora mantém, ainda, um comitê de LGPD, atrelado ao Comitê de Riscos. “Ao priorizar a segurança e o acesso controlado às informações dos beneficiários e parceiros, a Unimed Paraná pode garantir não apenas a conformidade com as regulamentações, mas também a confiança dos clientes e parceiros na proteção de seus dados pessoais e confidenciais”, afirma Junior.

Hoje em dia, a Federação possui oito projetos em andamento, e em parceria com a Unimed do Brasil, que provêm modelos de predição e de gestão com base em inteligência artificial para atender o estado, além de investimento continuado da diretoria em tecnologia, estrutura e desenvolvimentos das equipes para a evolução do processo. Além disso, por meio da Universidade Corporativa, equipes e lideranças de todo o estado participam de programas de desenvolvimento e transformação digital, a fim de promover a cultura da gestão, da governança de dados e da inovação.

Desafios na área da saúde

Segundo Marcelo Dallagassa, especialista do Núcleo de Inteligência e Informações em Saúde da Unimed Paraná, alguns pontos merecem atenção para aplicação da governança clínica. Para ele, é fundamental transformar o atual modelo de atenção à saúde em um sistema assistencial integrado, que elimine a fragmentação dos serviços e a dispersão das informações. “Isso envolve implementar padrões rigorosos de qualidade e segurança, promover a eficiência e a transparência e incentivar a participação ativa dos pacientes em suas próprias decisões de saúde. Ao fazer isso, promoveremos a qualidade e a eficiência de um cuidado centrado no paciente, essencial para a sustentabilidade do nosso segmento de operadora de plano de saúde”, esclarece.

Além dos 23 anos de experiência na Unimed do Estado do Paraná, Dallagassa atua como professor universitário. E a partir de seus estudos, pesquisas e da vivência profissional, ele observa que a ausência ou a fragmentação dos dados de saúde pode comprometer a integração necessária para um modelo assistencial eficaz. “É essencial garantir o acesso a um registro eletrônico de saúde abrangente, utilizado por profissionais de saúde para ações direcionadas ao bem-estar do paciente”, defende.

Para o especialista, outro desafio tem a ver com uma mudança cultural e de processos. “Atualmente, muitas organizações focam predominantemente na prestação de serviços de saúde, sem priorizar a análise das necessidades específicas de cuidados dirigidos a cada indivíduo”, afirma. Por isso, ele ressalta a necessidade de revisar constantemente os processos internos, transformando o que for necessário, para que as práticas estejam sempre alinhadas com a abordagem centrada no paciente. E sejam capazes de responder às mudanças de contexto.

Além disso, Dallagassa destaca que é crucial que os serviços de saúde aplicados mantenham uma boa relação de custo-efetividade que resulte em desfechos favoráveis para os pacientes, tanto em termos de qualidade quanto de satisfação.

Serviço de inteligência e tomada de decisões

Dallagassa conta que a Unimed Paraná já tem uma plataforma de Avaliação de Tecnologia em Saúde, projetada para identificar e monitorar a qualidade, a eficiência e a segurança dos cuidados prestados aos pacientes. “Usamos o método PICO (População, tecnologia de Intervenção e Controle, e os Outcomes, ou seja, a definição dos indicadores de desfechos). Para cada tecnologia avaliada, é essencial aplicar esse método rigoroso para garantir indicadores de desfechos relevantes e precisos, orientando decisões baseadas em evidências para aprimorar a prática clínica”, afirma.

Com o intuito de auxiliar os gestores na tomada de decisões cada vez mais precisas, o Núcleo de Inteligência e Informações em Saúde acompanha os indicadores atuais, mas também fica de olho nos estudos retrospectivos com bases de dados, conhecidos como estudos de evidência do mundo real. Esses levantamentos proporcionam avaliações dinâmicas e oferecem uma perspectiva prática e aplicável sobre a eficácia das intervenções no contexto dos cuidados de saúde. Por fim, nunca se deve esquecer da importância da escuta ativa e da avaliação contínua.

Omar Genha Taha, diretor de Inovação e Desenvolvimento, destaca que a Unimed Federação do Paraná estabeleceu como processo prioritário para 2024 a Governança de Dados. “A cada dia fica mais evidente a importância do tratamento adequado do grande volume de dados que trafega atravésdo nosso sistema”, explica. E complementa: “A utilização de ferramentas de TI no auxílio à tomada de decisão na gestão em saúde (BI) está cada vez mais vinculada à utilização da IA Analítica e Generativa (Inteligência Artificial), Machine Learning , IoT e Blockchain”. Para o diretor, algumas perguntas-chave mostram a importância desse processo: “1. Como utilizar dados como apoio à decisão sem que os mesmos recebam tratamento adequado antes que transitem no sistema através dos bancos de dados como DW (DataWarehouse) , Datalake, DataHub ou Snowflake ? 2. Como confiar em dados que não passaram por um sistema adequado de ‘mineração’ que além de verificar a consistência dos mesmos, alinha processos e identifica rapidamente ‘não conformidades’?”

A governança de dados nada mais é que a gestão desses dados. “É o caminho para uma gestão estruturada da jornada do usuário bem como da aplicação de modelos de governança clínica que determinem linhas de cuidado mais adequadas às várias modalidades de paciente. O objetivo é oferecer transparência, agilidade e qualidade no atendimento; além de possibilitar melhores desfechos no atendimento em saúde que resultem em utilização mais adequada dos recursos e satisfação do paciente”, conclui.

O presidente da Unimed Paraná, Paulo Roberto Fernandes Faria, reforça a importância das governanças clínica e de dados no processo de gestão como um todo. E o destaque especial que merece, também, na área da saúde. “A gestão exige um aprimoramento constante, a fim de otimizar recursos e oferecer resultados cada vez melhores. Priorizamos esses programas porque reconhecemos o quanto o setor tornou se complexo nos últimos anos, devido ao próprio excesso de informação. Portanto, a gestão desses dados colabora na estruturação de informação e de conhecimento organizado, o que enriquece as tomadas de decisão, muitas vezes, exigindo rapidez.

A atenção aos princípios da
governança clínica colabora
na redução da necessidade de
intervenções médicas adicionais
e dos custos associados a
complicações decorrentes
de cuidados inadequados

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