Muitas cooperativas vêm percebendo a importância da verticalização no fortalecimento da marca
O cenário da Saúde Suplementar vem mudando há algum tempo, mais aceleradamente, nos últimos dois anos, com a aquisição de hospitais, clínicas e laboratórios por novos e grandes players, a maior parte constituído por fundos internacionais. Diante disso, o Sistema Unimed, no âmbito nacional, vem procurando se organizar com ações contundentes no enfrentamento da nova concorrência. Entre as ações previstas estão a criação de um fundo imobiliário, uma fintech e uma corretora digital.
A empresa de Asset Management (gestão de recursos), a Investcoop, ligada à Seguros Unimed, por exemplo, é uma prestadora de serviços voltado à área de investimentos. Os valores captados vão ajudar o Sistema a implementar estruturas, inclusive, a compra e construção de hospitais, por exemplo. Já estão sendo geridos projetos de construção de hospitais, dessa forma, como o de Campina Grande e o de Maceió que serão os primeiros construídos com o Fundo de Investimento Imobiliário.
Regional
A Invescoop está elaborando um Fundo Imobiliário nacional para investimento de ativos do Sistema, visando novos projetos de desenvolvimento e renda. O projeto permitirá que as Unimeds construam seus recursos próprios com o Fundo de modo que possam trabalhar com os recursos obtidos, sem perder competitividade e fortalecendo o Sistema.
No estado do Paraná, não é diferente. As Unimeds também vêm se organizando frente a esse novo cenário da Saúde Suplementar. Para o presidente da Unimed Paraná, Paulo Faria, é necessário entender o momento em que estamos vivendo “Tivemos nos últimos anos, uma corrida, de grandes players consolidadores, para aquisição de recursos assistenciais e operadoras de planos de saúde em todo o Brasil. Esse novo mercado de saúde suplementar, altamente competitivo, exige de todos nós um olhar mais aprofundado sobre as decisões estratégicas a serem tomadas de agora em diante. Isso implica um olhar mais atento à necessidade de verticalizações e também ao estreitamento das relações com alguns de nossos parceiros’, defende.
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O presidente da Unimed Londrina, Omar Genha Taha, destaca que a verticalização surgiu no Sistema como uma forma de auxiliar a gestão no sentido de trazer custos assistenciais mais consistentes e oferecer novas modalidades de trabalho para os cooperados. “Esse movimento acabou demonstrando que auxilia também na qualidade dos serviços oferecidos aos nossos beneficiários. Hoje, a verticalização é uma realidade no Sistema, sempre adotada com cuidado para manter o equilíbrio entre as estruturas que fazem parte dos serviços próprios e as parcerias tradicionais que as Unimeds têm com prestadores, cooperados, clínicas, laboratórios e outros serviços que nos auxiliam no atendimento”, explica.
Segundo o presidente da Unimed Regional Maringá, Durval Francisco dos Santos, até alguns anos atrás, o relacionamento negocial com os hospitais acontecia dentro de um padrão amigável, porque a maioria das diretorias dos hospitais eram compostas por médicos cooperados. “Esse cenário mudou com a entrada dos grandes players no mercado de Saúde Suplementar de Maringá, com enorme poder econômico/operacional e, num curto espaço de tempo, ocorreram compras de hospitais e fusões de planos de saúde, fazendo com que nos sentíssemos acuados. Se não pensássemos em termos um serviço próprio hospitalar, poderíamos ficar na mão dos planos concorrentes”, avalia.
Tanto a Unimed Londrina quanto a Unimed Maringá aprovaram, recentemente, em suas assembleias locais, a construção de hospital próprio em suas cidades sedes. Esses hospitais darão tranquilidade e garantia de melhor qualidade no atendimento aos beneficiários, melhor remuneração aos médicos-cooperados e, maior controle de custos assistenciais. Isso, segundo os presidentes dessas Unimeds, fortalecerá a ação nas regiões onde elas estão inseridas.
Hiroshi Nishitani, presidente da Unimed Costa Oeste, acredita que a verticalização é o futuro das operadoras de saúde. Há uma necessidade imperativa de se ter serviços próprios e, com a verticalização, há uma redução de custos, ampliação dos serviços e manutenção da qualidade – princípios e compromisso inegociáveis da Unimed com os seus públicos. Costa Oeste, Unimed localizada em Toledo, conta com um hospital geral Unimed, na cidade-sede, e o projeto de outro em Marechal Cândido Rondon, cidade vizinha.
Baixa, média e alta complexidades
“Nos últimos anos, passamos a investir cada vez mais em unidades próprias. Em 2014, criamos o Núcleo de Atenção à Saúde (NAS) para disponibilizar aos beneficiários consultas nas especialidades médicas que demandam maior procura, como Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Endocrinologia e Psiquiatria. Em 2018, fundamos o Hospital Geral Unimed (HGU), em Toledo, que conta com Unidade de Terapia Intensiva que durante a pandemia tem atendido exclusivamente pacientes em tratamento da Covid-19”, conta Nishitani. O novo HGU a ser construído, em Marechal Cândido Rondon, deverá ocupar uma área de 5,1 mil metros quadrados, contemplando 30 leitos, salas cirúrgicas, pronto atendimento e ambulatório. “Os atendimentos nessa unidade serão de baixa à média complexidades. A unidade será a primeira no Paraná localizada fora do município-sede de uma cooperativa Singular, destacando mais uma vez nosso compromisso, preocupação e cuidado com a saúde de todos os beneficiários”, acrescenta Nishitani.
Com orçamento de cerca de R$ 150 milhões, a Unimed Londrina aprovou, em agosto, a construção de seu primeiro hospital próprio. A princípio, o hospital contará com 150 leitos. A previsão é que a obra seja concluída em três anos, criando cerca de 800 postos de trabalho. Já o hospital de Maringá teve sua construção iniciada, recentemente, no atual espaço do pronto atendimento da Singular. O empreendimento deverá contar com 250 leitos.
Além dos hospitais, essas Unimeds também contam com vários serviços verticalizados, como prontos atendimentos, centros oncológicos, centro de atenção à saúde, núcleos especializados de terapias, entre outros serviços. No Paraná, fora esses hospitais em construção, existem sete hospitais próprios. Para Taha, o desafio quando o assunto diz respeito a recursos próprios (o Paraná ainda é o estado em que há menos verticalização das cooperativas Unimed) é desenvolver serviços de forma a evitar conflitos com cooperados e prestadores. A Unimed tem um respeito enorme por sua rede prestadora. Por isso, a tradição nas parcerias e investimentos com a rede prestadora e hospitais beneficentes. Entretanto, diante do redesenho do cenário da Saúde Suplementar e da competividade trazida por novos players, todos concordam que é fundamental também fortalecer a rede própria. Isso traz ganhos para os beneficiários Unimed, para os próprios cooperados e também para a rede terceira, fortalecendo e reforçando a qualidade nos espaços Unimed.
Esse redesenho tem exigido que a Unimed repense estratégias e “busque implementar inovação dentro dos seus processos e da oferta de seus produtos e serviços”, destaca Taha. Ao que Santos e Nishitani também concordam. “Sabemos da importância da resolutividade dos problemas diante da urgência e complexidade que o momento atual exige. Para isso, precisamos revisar permanentemente todos os processos assistenciais e de cuidados aos pacientes para oferecer a melhor assistência, com baixo custo ao usuário. Buscamos cada vez mais a excelência dos serviços de saúde prestados, fortalecendo nossa cultura acolhedora e investindo na qualificação de pessoas, estrutura, certificações e gestão”, avalia Hiroshi Nishitani.
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