O climatério é um período com várias fases e suas particularidades. Entendê-las é essencial para um cuidado efetivo com a saúde feminina
O termo menopausa tem sido utilizado há muitos anos para definir uma fase específica da vida da mulher, no entanto, essa palavra apenas representa a data da última menstruação (retrospectivamente, após 12 meses de ausência de fluxo menstrual) por volta dos 40 a 50 anos, podendo estender-se até os 55 anos. O período de transição entre as fases reprodutiva e não reprodutiva, conhecido como climatério, com duração em torno de 10 a 15 anos é que, de fato, caracteriza um dos momentos mais significativos e intrigantes do organismo feminino. Para que profissionais de saúde e pacientes possam entender melhor esse ciclo natural, o climatério foi dividido em pré-menopausa e pós-menopausa.
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A pré-menopausa poderá ter início cerca de três a quatro anos antes da menopausa e pode vir acompanhada de modificações no padrão do ciclo menstrual, ondas de calor (fogachos), distúrbios do sono e alterações de humor. Já na pós-menopausa, alguns sintomas podem se intensificar como queixas de secura vaginal, sintomas urinários, instabilidade de humor, alterações metabólicas (aumento dos níveis sanguíneos dos lipídios, ganho de peso) e perda de massa óssea (osteopenia e osteoporose). Importante destacar que todas essas manifestações são muito variáveis em sintomatologia, intensidade e duração.
“Existe uma janela de oportunidade para o início da intervenção, na qual a prevenção e o tratamento são mais efetivos. Ela está relacionada ao início dos sintomas, às alterações do ciclo menstrual e à idade da menopausa. Idealmente, é melhor iniciarmos o tratamento dentro dos primeiros cinco anos após a última menstruação, pois os tratamentos iniciados tardiamente costumam ser pouco efetivos e aumentar os riscos para câncer de mama e fenômenos tromboembólicos”, explica a ginecologista, geriatra, sexóloga e promotora de bem-estar na maturidade, Ângela Carvalho.
Para um tratamento de sucesso, segundo Ângela, também é importante conhecer minuciosamente o histórico pessoal e familiar da paciente, assim como realizar exame físico detalhado e solicitar exames complementares específicos para essa fase da vida. Segundo a médica, é essencial que o profissional de saúde tenha conhecimento sobre os riscos e contraindicações da Terapia de Reposição Hormonal, como: antecedente pessoal de câncer de mama, de endométrio, trombose, doença cardiovascular moderada a grave, tabagismo, etc.
De acordo com a médica, é preciso sim considerar as medidas terapêuticas medicamentosas. Porém, seja qual for a fase do climatério, hábitos saudáveis que compreendam a saúde física e mental, como alimentação equilibrada, atividade física e apoio socioemocional, tornam-se indispensáveis como coadjuvantes da terapia medicamentosa: “O maior impacto do climatério sobre a saúde, é o comprometimento psicoemocional, pois a menopausa é, erroneamente, considerada o portal para a velhice feminina, fase em que a pressão social e comercial em prol da juventude eterna chega a ser agressiva e antiética. Diante dos sentimentos negativos associados à entrada na menopausa, os demais sintomas são potencializados, o que leva à “patologização” do climatério”.
Conselho de médica
“A minha proposta é que olhemos para o climatério como parte da nossa trajetória, pois significa que estamos vivas, chegamos ao ciclo da maturidade, sabemos o que queremos e o que não queremos, sabemos quem somos e aonde queremos chegar, podemos olhar no espelho e ver as marcas de expressão, não como sinais de decrepitude, mas como as estradas que percorremos para chegar até aqui. Podemos ver além dos ditames socioculturais, podemos sentirnos belas, vivas e plenas. Basta entendermos que o corpo está apenas nos pedindo um tempo, um tempo para o autocuidado, para a autoconfiança, um tempo para existir, para resgatar os sonhos esquecidos nos baús da juventude atribulada, desacelerar e simplesmente degustar a vida, seguir nessa viagem e aproveitar a oportunidade por cada novo dia vivido. Dessa forma e com o apoio de quem sabe cuidar, o climatério será leve e provavelmente uma de nossas melhores fases”, aduz Ângela.
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