Nutrição muito além do corpo

nutrição
(Foto: Freepik)

É comum ouvirmos que o ser humano é o único que tem a alimentação como uma atitude que vai além da sobrevivência. Comemos porque sentimos, além de fome, prazer em nos alimentar. No entanto, esse sentimento muitas vezes extrapola os limites de uma nutrição saudável, e pode desencadear compulsões, alimentação desequilibrada e diversos outros problemas mais graves de saúde.

Veja também: Ovo cozido é aliado da dieta e traz benefícios

Dentro do contexto da nutrição comportamental, a nutricionista Simara Stoco Pereira, que atua na área de Gestão de Casos e Atenção Domiciliar da Unimed Paraná, abordou a relação mente e corpo que envolve a alimentação. Como dito, o prazer no ato de comer vem desde muito cedo, ainda durante a amamentação, quando ligamos, automaticamente, o momento da refeição com o aconchego do colo da mãe, por exemplo.

Essa relação aumenta, quase que naturalmente, com o passar dos anos. Momentos felizes muitas vezes estão acompanhados de mesas fartas com nossos pratos favoritos. Em contrapartida, em momentos de tristeza e estresse, também acabamos por recorrer a comidas “confortáveis”, que parecem nos acariciar por dentro e reduzir os sentimentos negativos. Contudo, quando é que essa relação deixa de ser saudável e se torna um problema?

Conforme Simara, nunca tivemos tanta informação sobre a alimentação como atualmente. No entanto, nunca erramos tanto também. “Vivemos um universo de influenciadores, redes sociais e dietas da moda que nos levam a um lado errado da nutrição. Pregam um terrorismo alimentar, acompanhado de restrições severas, que deixam a pessoa com medo da comida. Medo de nutrir o corpo de maneira saudável, mas também prazerosa”, comentou durante a live realizada aos colaboradores da cooperativa.

Nutrição comportamental, como pontuou a nutricionista, vai além do comer por sobrevivência. Porém, isso não quer dizer que devemos nos apoiar em exageros, baseando a alimentação em produtos ultraprocessados e recheados de calorias vazias, como gorduras e açúcar. Mas, equilíbrio é tudo: você também não deve excluí-los completamente da sua vida. “O chocolate pode ser consumido, mas é necessário ter consciência. Comer uma pequena porção, experimentando completamente o sabor, e não uma barra inteira sem ao menos processar o que está sendo feito”, ressaltou.

A profissional também chamou a atenção para o costume de chamar refeições livres como “dia do lixo”. “Nenhum alimento é lixo, não deve existir esse rótulo ou terrorismos. Existem alimentos que são menos saudáveis nutricionalmente falando, mas que são deliciosos. A chave está em entender o momento certo de consumi-los e, principalmente, a frequência com que eles aparecem na sua rotina”.

A psicóloga da área de Gestão Corporativa e Soluções em Saúde Daniele Rabelo também lembrou que se a mente não vai bem, provavelmente o corpo também sofrerá. Por isso, é importante sempre respeitar seu organismo e investir na saúde mental, buscando ao máximo evitar a comparação com corpos irreais que aparecem continuamente em redes sociais e programas televisivos. “Os corpos são diferentes. Temos estruturas diferentes. Essa busca por um biotipo que não existe causa adoecimento e, por diversas vezes, uma relação que não é nada saudável com a comida”, afirmou.

Para Daniele, é importante analisar em quais momentos os alimentos menos saudáveis aparecem na sua rotina. “Se você sente ansiedade todos os dias e, nessas horas, precisa comer um chocolate para se acalmar, é necessário olhar para essa ansiedade”, exemplificou.

Por fim, as profissionais trouxeram algumas dicas para apostar em uma relação mais saudável com a comida: planejamento, rotina, alimentação mais natural, hidratação correta e criatividade na hora de variar os pratos. “Busque sempre evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, tornando-os exceção na sua rotina. Assim, é possível comer o que gosta, sem que isso prejudique sua saúde”.

SHARE