Crise ou nova realidade? Ao falar sobre o futuro do Sistema Unimed, é inevitável não debater sobre o atual cenário vivenciado pelo setor da saúde suplementar, com a entrada de players cada vez mais competitivos, custos assistenciais elevados e novos perfis de beneficiários. Dessa forma, a frase popular “o que nos trouxe até aqui não é o que vai nos levar adiante” nunca coube tão bem quanto agora.
O assunto foi debatido na primeira plenária do 30º Suespar (Simpósio das Unimeds do Estado do Paraná), em agosto deste ano, sob o tema “Sistema Unimed e a evolução da saúde suplementar”, que reuniu o presidente da Unimed do Brasil, Omar Abujamra Junior e o líder da Indústria Life Sciences & Health Care da Deloitte Brasil, Luis Fernando Vieira Joaquim, sob mediação do presidente da Unimed Paraná, Paulo Roberto Fernandes Faria.
“São duas constatações iniciais. O sistema de saúde não está em crise… esse é o novo normal para o setor”, declarou Abujamra Junior. Para o presidente, as operadoras de saúde são o elo de gestão do sistema, sendo justamente a gestão a responsável por levar eficiência e equidade ao setor. “A saúde suplementar tende a ser cobrada, cada vez mais, como o sistema público, pois é de interesse da população. Por isso, teremos que evoluir e nos posicionar frente a essa nova realidade.”
Para tanto, há a necessidade de os atores que atuam na área buscarem soluções realistas para que as demandas crescentes de saúde sejam bem executadas, conforme o presidente, reforçando a força e capilaridade que o Sistema possui no país. “Só no Paraná somos mais de 11 mil médicos-cooperados, responsáveis por mais de 1,8 milhão de beneficiários. No país, considerando os clientes de planos de saúde e odontológicos, a Unimed é responsável por cuidar de 10% da população, gerando quase 150 mil empregos diretos. Somos a maior rede assistencial do Brasil, com mais de 30 mil serviços de saúde credenciados e próprios”, elencou Abujamra Junior.
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A relevância de mercado e a atuação há mais de 50 anos na saúde da população brasileira, no entanto, não são suficientes para a sustentabilidade da marca. Afinal, não basta fazer o que sempre foi feito: é necessário estar atento às mudanças constantes do setor. Dessa maneira, o presidente da Unimed do Brasil destacou diferentes ações realizadas nos últimos anos com foco no “aumento da eficiência, fortalecimento da intercooperação e posicionamento institucional permanente”.
Entre os pilares dessa reorganização está a construção de um Planejamento Estratégico participativo, bem como a intensificação da defesa de pautas político-institucionais, interlocução permanente com a ANS (Agência Nacional de Saúde), o reposicionamento do lab como um hub nacional de inovação aberta – que já conta com a participação de mais de 300 Unimeds pelo país -, a modernização da governança sistêmica e a estruturação do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS.UB). “Com o olhar voltado à perenidade, buscamos o protagonismo do cooperado, as boas estratégias e disciplina na execução de uma gestão clínica e operacional eficiente, a capilaridade e autonomia alinhadas sob uma governança sistêmica efetiva e, ainda, a atuação como rede de inovação e aprendizado, explorando as oportunidades em nosso ecossistema de negócios”, completou.
A abrangência e a capacidade médica, como ressaltadas pelo presidente, são a força do Sistema Unimed que muitos concorrentes não possuem, conforme Joaquim. “No Brasil temos bons médicos e boa capacidade assistencial, o que nos falta é gestão e investimento em tecnologia. Com a mudança do mercado, está sendo percebida a diminuição da perenidade de grandes organizações, enquanto há o aumento no número de ‘unicórnios’”, disse.
O mundo se modifica rapidamente, como já foi percebido em outras áreas, como financeira e de mobilidade, com o surgimento de apps que transformaram completamente a maneira de consumo. “Os antigos conceitos mudaram e as empresas também têm que se reinventar, não importa se antes eram líderes de mercado, pois, agora, há o crescimento de novos consumidores, com perfis totalmente diferentes.”
Com o foco no setor da saúde suplementar, Joaquim destacou que um dos grandes desafios para os próximos anos é a mudança no perfil da população, com o envelhecimento acelerado e com taxas de saúde alarmantes, como o número de obesos ou pacientes com doenças crônicas. “Os hospitais terão o modelo de negócio transformados, focando mais a alta complexidade, por exemplo. A prestação de serviço também está mudando por conta das tecnologias, controle de dados, digitalização. Veremos os quartos hospitalares inteligentes e digitais ganharem força, também, com um olhar totalmente voltado a melhorar a experiência do usuário”, reforçou.
Por fim, o profissional destacou que o Sistema Unimed tem que buscar demonstrar sua força na qualidade. “Quais produtos e modelos de negócio vocês têm e podem entregar de valor aos clientes?”, finalizou.