Paradigmas da Inteligência Artificial: como fugir da demência digital e extrair seu potencial

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Neurocientista e futurista Álvaro Machado Dias abordou as promessas e armadilhas do progresso (Foto: Divulgação/Unimed Paraná)

Cada era da história carrega consigo diferentes questionamentos, paradigmas e debates acerca do caminho que estamos trilhando como sociedade. Com a Era da Metamodernidade não é diferente: o avanço da Inteligência Artificial (IA) e sua aplicação em diferentes frentes, como a medicina, levanta uma série de incertezas sobre o futuro, bem como a hesitação sobre o que é ou não ético e moral. Com esse foco, o neurocientista e futurista Álvaro Machado Dias abordou as promessas e armadilhas que esse progresso traz durante a sua palestra, no 10º e-saúde, promovido pela Unimed Paraná.

A evolução da sociedade, conforme o palestrante, acontece, desde o início, de maneira não-linear. Ou seja, nem sempre nós estamos progredindo e melhorando. Há situações e momentos da história em que a sociedade passou por declínios, crises ou guerras, como o fim de impérios, por exemplo. No entanto, quando olhamos para história de maneira ampla, sempre houve evolução. Atualmente, somos uma sociedade melhor do que a registrada há mil anos – mesmo com períodos de maior dificuldade.

Essa construção, chamada por Dias de “andaime civilizatório”, é o que marca a existência humana na Terra. “É como se o ser humano tivesse uma prancheta em que é possível ir e voltar. Nós aprendemos um som, que funciona como um código, então voltamos à prancheta e registramos isso. Em seguida, aprendemos outro, e depois outro, sempre indo e voltando. São esses registros que geram os conceitos que, depois, baseiam as nossas relações, aprendizados e a evolução dentro desses andaimes que são construídos”.

Com o fortalecimento da Inteligência Artificial, no entanto, a civilização tem passado por um novo momento: é a primeira vez, segundo o neurocientista, que o progresso de evolução da espécie humana é compartilhado com um agente externo. “É como se a IA oportunizasse a chance de ‘emular’ o progresso civilizatório. Com ela, é possível realizar experimentos, testar e aplicar antes de levar para a vida real de fato”, comenta. Isso acontece devido ao embasamento da IA: ela é derivada, de acordo com Dias, do cérebro humano. “Se aprendemos algo relacionado à IA, podemos melhorar o entendimento sobre o cérebro. Se aprendemos algo relacionado ao cérebro, podemos melhorar e aplicar na IA”.

Contudo, a Era da Metamodernidade traz consigo, também, um boom de dados e informações que avançam em ritmo exponencial. “Quando falamos sobre o senso de exponencialidade, é importante frisar que não é de um para dois mil. Mas de um para um quinquilhão. É isso que dá o tom para essa Era vivida agora, e é também nesse cenário que os algoritmos se destacam. Ele é o filtro para essa enxurrada de informações, pois, caso não existisse, não seria possível usar nada do que está disponível hoje para nós no universo de dados”.

As reflexões da Inteligência Artificial

Dessa maneira, as armadilhas do progresso mudam de figura, bem como já aconteceu em outros momentos da história. Conforme o futurista, a Inteligência Artificial traz como promessa a autonomia e a resolução de problemas que pareciam insolúveis, enquanto as armadilhas estão ligadas à estupidez tecnológica e à algoritmização do pensamento. “A tecnologia existe para tornar a existência humana melhor e não as coisas melhores. Um exemplo é a bomba atômica. Ela se tornou melhor devido às tecnologias, mas isso não quer dizer que é a melhor solução para a sociedade”, disse, ao destacar que é preciso buscar um equilíbrio entre a utilização das soluções que são apresentadas e a preservação do potencial humano.

Quanto mais tecnologia, mais facilidade. Porém, quanto mais facilidade, mais riscos temos de cair em uma demência digital. Um dia você pede para a Inteligência Artificial te ajudar a ter um insight para criar um texto. No dia seguinte, pede para ela mesma redigir um texto mais técnico. No entanto, com o passar do tempo, a IA já está escrevendo até seus e-mails e, quando você precisa sentar e colocar qualquer coisa no papel, já nem lembra mais como é que faz. Você desaprende”, chamou a atenção.

Dentro da medicina, Dias lembrou o cuidado que deve existir principalmente com algoritmos decisórios, focando no aumento da colaboração das equipes médicas. As ferramentas têm um potencial enorme e devem ser usadas para, quando necessário, orientar, trazer insights, esclarecer dúvidas, mas nunca para tomar a decisão. “São desafios éticos, práticos e culturais, relacionados à mudança da mentalidade adquirida”, complementou.

Além disso, há, ainda, os problemas de “alucinação”, em que plataformas de Inteligência Artificial apresentam dados errados ou confusos. “É preciso desmistificar a tecnologia e lembrar que, no fundo, a tecnologia não existe. As coisas não são tecnológicas, elas estão. Pois, depois que elas são absorvidas e viram uma ferramenta do cotidiano, deixam de ser consideradas tão surpreendentes”, definiu. Por fim, o neurocientista reforçou que, não só a Inteligência artificial, mas todas as tecnologias que acompanham o progresso das civilizações, têm como foco aprimorar o potencial da sociedade.


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Lançado em 2014, o evento promovido pela Unimed Paraná reuniu grandes nomes do setor em programação enriquecedora (Foto: Divulgação/Unimed Paraná)

O e-saúde: década de inovação é celebrada em edição comemorativa do e-saúde

Os dez anos de história do e-saúde – Encontro de tecnologia aplicada à gestão em saúde – foram celebrados em uma edição realizada nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, na sede do Sebrae-PR, em Curitiba. O evento, promovido pela Unimed Paraná, reuniu aproximadamente 500 pessoas em uma programação composta por palestras e painéis ministrados por profissionais de renome, abordando soluções práticas para os desafios impostos ao setor da saúde suplementar.

“Há 10 anos, a Unimed Paraná lançou, com o apoio de algumas entidades, o nosso e-saúde. O objetivo inicial era criar um espaço no qual pudéssemos apresentar temas e fomentar debates em torno de ferramentas e projetos inovadores de interesse comum”, lembrou o presidente da Unimed Paraná, Paulo Roberto Fernandes Faria, durante a abertura do e-saúde, ao destacar que os debates fomentados no evento no decorrer dessa década propiciaram o surgimento de iniciativas inovadoras no Sistema.

O diretor de Desenvolvimento de Mercado da Unimed do Brasil, Luís Francisco Costa, aproveitou o momento para relembrar o destaque que a inovação tem dentro do Sistema Nacional, que conta com o Plano Diretor de Tecnologia e Inovação. “Fomos inovadores ao optar pelo modelo cooperativista, que hoje é a principal força do nosso negócio. Fomos inovadores ao adotar uma marca única, que atualmente é nosso grande diferencial de mercado. E temos sido inovadores na entrega da melhor assistência em saúde aos nossos clientes”, disse.

A importância de debater temas como os propostos pelo e-saúde foi destacada pelo presidente da Unimed Curitiba, Rached Hajar Traya, que relembrou a trajetória do evento no decorrer dos últimos dez anos. O consultor da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Paulo Becker, também ressaltou a relevância que discussões como essa têm dentro do setor da saúde suplementar, fomentando debates e networking. O presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), José Fernando Macedo, também presente na solenidade de abertura, parabenizou os organizadores e a Unimed Paraná, reforçando a programação variada e a união de esforços em prol do avanço do setor da saúde suplementar.

Em sua 10ª edição, o evento trouxe palestras e painéis que abordaram questões como as tecnologias aplicadas na gestão da saúde, interoperabilidade, Gestão de Saúde Baseada em Valor, jornada e engajamento do paciente, projetos e iniciativas de inovação em saúde, e as soluções e experiências do uso da tecnologia em saúde. O e-saúde conta com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), da Unimed Curitiba, da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), da Associação Médica do Paraná (AMP), da Academia Médica, do Sebrae-PR e da Ocepar.

Para o diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed Paraná, Omar Genha Taha, um dos responsáveis pela comissão organizadora do evento, “o destaque deste e-saude foi a apresentação da integração de temas importantes para a gestão em saúde. Cito como exemplo a interoperabilidade de sistemas, modalidades práticas de aplicação de Valor em Saúde, atualização das frentes de trabalho em TI da Federação e do Sistema Unimed, além da oportunidade de dialogar com vários atores da comunidade, tais como os setores público, acadêmico e empresarial”, enfatiza.

Relembre: Edição histórica do 10º e-saúde, com Marcelo Dallagassa e Arianne Gaio; confira o vídeo!

Edição histórica do 10º e-saúde, com Marcelo Dallagassa e Arianne Gaio; confira o vídeo!


 

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