Produtos low cost: entrave ou futuro?

produtos low cost
Freepik/Ilustração

Com preços de venda menores, os produtos de saúde de baixo custo também se tornaram opção para as operadoras de planos de saúde

Sem dúvida, os últimos dois anos evidenciaram a importância de se pensar constantemente em saúde, seja ela individual ou coletiva. Também trouxeram à tona a diferença entre ter e não ter acesso aos serviços prestados pelas operadoras de saúde. Porém, a economia brasileira não ajudou muito e obrigou parte da população a desistir de pagar mensalidades para os planos de saúde. E foi nesse cenário que as operadoras de produtos low cost encontraram terreno fértil.

Ao traçar um cenário do tema, Rubens Rodrigues Junior, superintendente da Compar – Sociedade de Compartilhamento e Participações S/A, conta que com o decorrer do tempo, a operação dos planos de saúde se tornou muito cara, fato que restringiu os serviços assistenciais tradicionais a um público que engloba o profissional empregado que faz parte de planos coletivos, ou a classe alta que tem condições de pagar um plano individual.

Ao traçar um cenário do tema, Rubens Rodrigues Junior, superintendente da Compar – Sociedade de Compartilhamento e Participações S/A, conta que com o decorrer do tempo, a operação dos planos de saúde se tornou muito cara, fato que restringiu os serviços assistenciais tradicionais a um público que engloba o profissional empregado que faz parte de planos coletivos, ou a classe alta que tem condições de pagar um plano individual.

Rubens Rodrigues Junior exerce o
cargo de superintendente da Compar – Sociedade
de Compartilhamento e Participações S/A

Divulgação/Arquivo Pessoal

“O mercado cresce, mas não para os produtos tradicionais. Cresce em outra fatia de low cost, nas classes sociais C, D e E, na qual muitas operadoras têm poucos produtos para atender à demanda”, observa o superintendente.

Raio X do mercado

O mercado de Saúde Suplementar no Brasil existe há 66 anos e, segundo a ANS, atende quase 49 milhões de usuários, o maior número desde janeiro de 2016. Mas esse número representa apenas 23% dos brasileiros. Já as modalidades de acesso popular à saúde, por sua vez, estão presentes no país há 20 anos, e já englobam 53 milhões de clientes. O restante da população recorre ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou pagamentos particulares.

Números projetados pelo IBGE e ANS em 2021 mostravam que, no Paraná, a balança estava equilibrada. Havia aproximadamente 2,9 milhões de beneficiários na Saúde Suplementar e também a mesma quantidade de clientes nos serviços de acessos populares à saúde.

As operadoras de planos de saúde observam de perto o crescimento da concorrência e, por sua vez, também estão investindo em planos de saúde mais acessíveis, como aqueles que concentram o atendimento de beneficiários em seus recursos próprios. A estratégia tende a gerar um crescimento do número de vidas cuidadas pela Saúde Suplementar e aumenta a demanda de trabalho médico e dos serviços de saúde, o que contribui para a sustentabilidade do atendimento.

Para o superintendente da Compar, investir nessa modalidade pode ajudar a cumprir dois objetivos: ocupar espaços ociosos na agenda dos cooperados e fazer frente às empresas que já estão atuando nesse mercado hoje.

Oferecer produtos de baixo custo foi a forma que muitas empresas do setor encontraram para atrair e até mesmo reter seus clientes. E, consequentemente, abrir portas para novos mercados. O gestor da área de Valor em Saúde da Unimed Paraná, Luiz Antonio Bonan, avalia que esse tipo de serviço se tornou uma possibilidade para atingir diversos públicos que podem escolher quais serviços seu plano vai ou não cobrir.

Luiz Antonio Bonan
é gestor
da área de Valor em Saúde da Unimed Paraná

Divulgação/Unimed Paraná

“São voltados tanto para a inclusão, para possibilitar que clientes que nunca tiveram acesso a planos de saúde possam ter, quanto para a retenção, para clientes que possuem plano de saúde, mas, por algum motivo, não estão conseguindo sustentar o serviço”, explica.

Entretanto, é importante pontuar que, como cobram mensalidades menores, as empresas que oferecem produtos de saúde de baixo custo fornecem recursos mais limitados para atender às demandas dos clientes que precisam economizar.

“É necessário também que haja uma fiscalização maior da Agência Nacional de Saúde sobre operadoras que oferecem esse tipo de produto, mas que cerceiam o acesso dos beneficiários como forma de conter custos e aumentar suas margens”, alerta Bonan.

Desde 2018, a Unimed Paraná oferece o produto Essencial, inserido nessa segmentação de produtos low cost, mas sem perder as características de qualidade da marca Unimed. O plano está sendo comercializado na Unimed Paranavaí, Unimed Noroeste do Paraná, Costa Oeste e Cianorte, com foco em beneficiários da classe C, D e E.

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Os beneficiários do Essencial têm acesso à cobertura do rol de procedimentos da ANS, em uma rede diferenciada. “Os clientes contam com espaços de saúde para realizar o seu primeiro atendimento, chamadas ‘porta de entrada’ e, quando necessário, são encaminhados para os prestadores integrantes da rede para a continuidade do seu atendimento. Após realizarem atendimentos na rede do produto, os beneficiários são redirecionados para a unidade de porta de entrada para que o cuidado seja integral e continuado”, apresenta Bonan.

O segredo do sucesso

No que diz respeito à metodologia de operação do plano de saúde, a mudança está na jornada assistencial do paciente. Em vez de acessar diretamente a rede de prestadores de saúde, o cliente passa por uma espécie de triagem, uma fase inicial do cuidado com uma equipe multidisciplinar e um médico responsável. Segundo Bonan, esse direcionamento, além de resolver mais rapidamente as demandas básicas de saúde, evita que haja a utilização errônea dos recursos da rede, pois o paciente é direcionado para o especialista/serviço que se faz necessário no seu caso.

Para ele, o funcionamento das operadoras de saúde necessita de duas condições: otimização do atendimento e apoio dos clientes quando se trata do uso consciente dos serviços.

“É necessário que haja um foco na pessoa cuidada, buscando a efetividade e a rápida resolução dos problemas de saúde. E, principalmente, que o próprio beneficiário foque em prevenção. Essas medidas, somadas, fazem com que um produto de preço mais acessível seja viável para cooperados, prestadores, operadoras e beneficiários”, ressalta.

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