Uma medicina mais próxima e integrada
De repente, um burburinho em torno de uma sigla com três letrinhas APS – Atenção Primária à Saúde. Algumas pessoas do SUS- Serviço Único de Saúde já conhecem, muitos países da OCDE–Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, também. Importante destacar aqui que a OCDE é composta por economias com PIB per capita elevado, assim como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Portanto, são países considerados desenvolvidos, ricos.
A adoção pela APS faz parte do entendimento de que existem necessidades em saúde que geram, com maior frequência, a busca por serviços básicos. A medicina de família e comunidade (MFC) é a especialidade médica que tem programas de formação para atender tais demandas em pacientes de várias idades. Os modelos de atenção primária à saúde preveem uma ampla rede de profissionais e instituições visando organizar a assistência de forma racionalizada e coordenada. Existem enfermidades básicas que devem ser tratadas de forma simples e rápida e que o especialista nessa área é o médico de família. A partir disso, aí sim, a busca pelas especialidades.
É considerado o marco histórico da Atenção Primária à Saúde (APS) a proposta ocorrida durante a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em Alma-Ata (Cazaquistão), em 1978. De acordo com a declaração, a APS “corresponde aos cuidados essenciais à saúde, baseados em tecnologias acessíveis, que levam os serviços de saúde o mais próximo possível dos lugares de vida e trabalho das pessoas, constituindo, assim, o primeiro nível de contato com o sistema nacional de saúde e o primeiro elemento de um processo contínuo de atenção” .
Neste 2019, as empresas Consultoria e Gestão em Saúde Visão e Sixty Labs Exponential Medicine, estiveram no Paraná, por meio de seus representantes, os médicos Márcio de Almeida e Paulo do Bem Filho, para uma avaliação das sete Unimeds que já haviam implantado centros de coordenação de cuidado à saúde. O objetivo do projeto, desenhado por eles foi discutir e elaborar junto às Singulares, um modelo único para o estado. Fizeram visitas in loco e discutiram o projeto com outras interessadas.
Segundo a analista Sheila Tanaka, responsável pela disseminação do modelo de coordenanção do cuidado no estado, a APS, a avaliação das consultorias no estado, foi bem positiva. “Sempre há oportunidades de melhorias, mas os consultores acharam os serviços muito bem estruturados em alguns centros e com boas estruturas e apontaram sugestões de aprimoramentos”, revela.
A história da APS, dentro do Sistema Unimed Paranaense, começou em 2013, com a viagem de dirigentes para Holanda, França e Ingraterra, em uma missão de conhecimento do modelo praticado nesses países. A partir disso, os estudos foram sendo intensificados, e foram surgindo alguns centros de coordenação de cuidados em várias Unimeds do país. Guarulhos, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba/Paraná, Americana, Vale do Taquari e Rio Pardo, entre outras.
A resistência à mudança do modelo assistencial ainda é grande em alguns lugares. Creditam à APS a possibilidade de restrição e a posicionam como sinônimo de SUS. Porém, outros pacientes e cooperados perceberam ganhos reais e enxergam as vantagens do novo modelo. Passam a entender o valor atrelado ao conceito-chave que é a coordenação do cuidado, por vezes vinculado a outros programas de promoção de saúde e prevenção.
O monitoramento de grupos de riscos que incluem gestantes, diabéticos, saúde mental, entre outros, contribuem para a promoção da saúde no grupo de indivíduos assistidos. Segundo Marlus Volney de Morais, gerente de Estratégia e Regulação em Saúde da Unimed Paraná, os cases apresentados por Bem e Almeida mostram os grandes benefícios obtidos pelo modelo: há ganho com melhores resultados em saúde para os pacientes, melhor organização da rede de assistência composta por instituições e profissionais de várias áreas de atuação e também melhora da gestão por parte das operadoras de planos de saúde.
Segundo Paulo Faria, presidente da Unimed Paraná, o modelo assistencial -APS cria valor para toda a cadeia assistencial e beneficia, principalmente, os usuários da Unimed, que são clientes de um modelo coordenado de saúde, com equipes altamente capacitadas e acolhedoras, que promoveram o vínculo de confiança entre os profissionais da saúde e os pacientes; proporcionando uma assistência humanizada e de excelente qualidade.
ATRIBUTOS ESSENCIAIS DA APS
Acesso
É a primeira referência para contato do indivíduo com o sistema de saúde. Aqui a acessibilidade e a utilização do serviço de saúde representam fonte de cuidado a cada novo problema ou novo episódio de um mesmo problema de saúde – que podem receber seu primeiro atendimento nos serviços de APS- exceção às emergências médicas pois as unidades de atenção primária não são necessariamente prontos-socorros; esses podem ser referenciados quando necessário.
Longitudinalidade
A equipe de saúde deve ser uma fonte continuada de atenção, assim como sua utilização ao longo do tempo deve ser. A relação entre a população e sua fonte de atenção deve se refletir em uma relação interpessoal intensa que expresse a confiança mútua entre os usuários e os profissionais de saúde e que se estabeleça com o passar do tempo.
Integralidade
Abrangência dos serviços disponíveis e prestados pelo serviço de atenção primária deve ser a mais ampla possível
Coordenação da atenção
Organiza toda a assistência e os recursos necessários para solução das necessidades de saúde da população atendida e pressupõe continuidade, por parte do atendimento pelo mesmo profissional, organizada por meio de prontuários médicos ou ambos, além do reconhecimento de problemas abordados em outros serviços e a integração desse cuidado no cuidado global do paciente. O provedor de atenção primária deve ser capaz de integrar todo o cuidado que o paciente recebe por meio da coordenação do fluxo dos pacientes entre os diversos serviços de saúde.
Fonte: Unimed do Brasil