A busca pela melhoria da gestão de custos vem transformando a dinâmica das operadoras de saúde, que investem em recursos próprios
A verticalização das operadoras de saúde não é um assunto novo. Ela ocorre desde a década de 1980, quando algumas operadoras começaram a lançar recursos próprios, sejam laboratórios, hospitais ou outros. Porém, o tema tem ganhado mais espaço nos últimos anos frente aos desafios enfrentados pelo setor, como o surgimento de novos players, especialmente os conglomerados de saúde.
Na Unimed Ponta Grossa, o processo teve início em 2007, com a inauguração do Hospital Geral Unimed (HGU), que é o maior hospital do Sistema Unimed no Paraná, atualmente. De lá para cá, já foram investidos R$ 57 milhões em serviços próprios e há previsão orçamentária para novos investimentos.
Alinhamento do cuidado
Nos últimos quatro anos, os serviços próprios da cooperativa têm se fortalecido com a rede de análises clínicas. Em 2018, após um ano da inauguração do primeiro laboratório próprio, foi inaugurado o segundo posto de coleta em Ponta Grossa, que registrou, durante o mesmo ano, uma média de 160 mil exames.
Hoje já são 8 unidades do Laboratório Unimed, sendo 6 em Ponta Grossa, 1 em Castro e 1 em Carambeí. A estrutura própria conta também com um centro de diagnóstico por imagem, o CDU, que oferece uma gama completa de exames, inclusive, ressonância magnética.
Saiba mais: Investimento em recursos próprios cresce no Paraná
“A verticalização se torna viável e sustentável por diversos fatores, sendo um dos principais o maior controle de custos dos serviços prestados. Em outras palavras, eficiência. Ela permite também diversificar as suas receitas, com atendimento a outros convênios e particulares”, destaca o diretor Administrativo da Unimed Ponta Grossa Rafael Francisco dos Santos.
Segundo ele, a verticalização foi muito importante para a Unimed Ponta Grossa se manter no mercado. “A verticalização baliza negociações com prestadores, permite que a gente trabalhe com uma gestão de custos bem mais eficiente, bem mais efetiva do que quando a gente trabalha na rede credenciada. Torna-se um diferencial, podendo trabalhar não somente o custo, mas a qualidade que queremos entregar aos nossos beneficiários”, aponta Santos.
Alocação dos recursos
A tendência vem sendo acompanhada por outras Singulares paranaenses. Em Paranavaí, o modelo é encarado como extremamente necessário para a sustentabilidade das operadoras de saúde, sendo imprescindível para o enfrentamento da concorrência, coligado à evasão de clientes e à baixa resolutividade dos prestadores.
“Desde muito, a Unimed Paranavaí vê na verticalização de serviços próprios, uma solução para controlar qualidade e custo assistencial, uma vez que, estando inserido na linha de cuidado, desde o administrativo, facilita esses controles”, acrescenta o diretor-presidente da Singular, Renato Livio De Marchi.
O primeiro recurso próprio da cooperativa foi o Hospital Unimed, inaugurado em 2008. Atualmente, duas áreas da Unimed Paranavaí operam diretamente com quesitos de verticalização, a Gerência da Atenção à Saúde e a Gerência de Recursos Próprios.
Em outubro de 2021, a Singular inovou em fazer uma parceria com um hospital privado, que já era credenciado, e que tinha um ambulatório anexo ao Pronto Atendimento. De acordo com De Marchi, a parceria consistiu em iniciar em conjunto uma APS – Atenção Primária à Saúde, servindo como referência para determinado produto comercializado pela Operadora.
Hoje em dia, somente o Sistema Unimed tem mais de 130 hospitais próprios no país. Ter os próprios locais de atendimento, sejam hospitais, clínicas, ambulatórios, centros de diagnóstico, entre outros recursos, tornou-se um diferencial competitivo.
O próximo passo da Unimed Paranavaí é a construção de uma nova Unidade Hospitalar, conforme já notificado pelo diretor-presidente da Singular. A nova unidade compreenderá uma estrutura moderna e com maior complexidade se comparada a atual.
De Marchi ressalta que, ao se analisar uma nova verticalização, deve-se analisar com muita cautela do ponto de vista estratégico, considerando, principalmente, o que poderá representar para a cooperativa, visando sempre sua sustentabilidade.
“Ao médico cooperado é necessário esse novo empreendimento, bem como o papel dos Recursos Próprios, uma vez que proporciona condições de trabalho e garante a qualidade assistencial aos seus pacientes”, explica.
Em Ponta Grossa, o planejamento de recursos próprios é realizado pela Diretoria Executiva em conjunto com os gestores do HGU e, anualmente, são traçados investimentos e ações estratégicas no Planejamento Estratégico Orçamentário.
Além da ampliação do Laboratório, a Singular planeja mais uma torre no HGU, e ampliar a capacidade do centro de diagnóstico por imagem. O diretor Administrativo, Rafael Francisco dos Santos, revela que também há planos de iniciar as atividades de um centro de atendimento ao cliente, que vai contemplar uma unidade assistencial com foco em cuidados paliativos.
“A cooperativa de trabalho médico é uma empresa complexa e precisamos sempre tomar o cuidado para não perder o seu foco que é gerar trabalho e renda para o médico. Por outro lado, quando você tem um parque de recursos próprios grande, você amplia a possibilidade de oferta de trabalho e consegue regular a remuneração do médico sempre balizando para cima em relação à média dos concorrentes, como medicinas de grupo”, avalia.
Conheça os pontos positivos da verticalização:
Benefícios de competitividade
• Exposição e fortalecimento da marca
• Ampliação do trabalho médico
• Oportunidade de lançamento de novos produtos de Rede Própria
• Promoção da qualidade dos serviços prestados
• Referência assistencial local
• Assegura a garantia de atendimento com qualidade e segurança para o paciente
Benefícios Financeiros
• Maior poder de negociação com fornecedores
• Ganho de escala de custos e despesas
• Eficiência tributária (no caso das cooperativas)
• Novas fontes de receitas (atendimento de outros convênios e particulares)