A tecnologia invadiu praticamente todos os espaços de nossa vida. Na área da saúde, não é diferente. No Sistema Público ou Suplementar, os recursos digitais estão em todas as fases da jornada digital do paciente. Segundo Omar Genha Taha, diretor de Inovação e Desenvolvimento da Unimed Paraná, esse processo inicia-se já no momento em que o indivíduo se sente doente e toma a decisão de ir em busca de algum tipo de tratamento. “Desde a marcação do atendimento, são acionadas dezenas de plataformas e sistemas (gestão, ERP) sejam os referentes a agendamentos das clínicas e /ou consultórios, sejam os ligados a operadoras de saúde, responsáveis por permissões e/ou regulação do atendimento”, destaca o diretor.
Taha lembra que isso acontece antes mesmo de o paciente ter acesso ao próprio médico, uma vez que a seleção de um profissional de saúde, hoje, requer, na maioria das vezes, a ajuda de plataforma digitais. “A partir daí, existem dezenas de possibilidades para o atendimento em si, que vão desde equipamentos médicos digitais até a documentação de anamnese em prontuário eletrônico”, conta. “Esse prontuário eletrônico”, continua Taha, “muito provavelmente está conectado a sistemas de gestão e deve ter teleatendimento, conexão com registro eletrônico de saúde e outros sistemas macro”, explica.
Para facilitar a vida do paciente e melhorar o trato de informações, atualmente, controle digitalizado de medicação, solicitação eletrônica de exames laboratoriais e imagem SADT podem já estar associados a guias de internação. A partir daí o paciente entra em contato com sistemas sofisticados para monitoramento e gestão das modalidades terapêuticas.
Todo esse rito, explica Taha, acontece quando se trata de um paciente que efetivamente ficou doente. No entanto, a tecnologia digital também se aplica de forma confortável à prevenção. “Se todos sabemos quais são as principais formas de prevenção – alimentação equilibrada, atividade física, sono adequado, ponderação mental – tudo isso pode ser monitorado por artefatos digitais”, destaca. De forma sintética, o uso da tecnologia nessa área, explica Taha, pode ser resumido em três grupos importantes: os weareables (vestimentas), o grupo de diagnóstico por imagem e propedêutica, e a teleconsulta ou teleatendimento.
Os weareables são os já conhecidos smartwatches, pulseiras e óculos, que podem monitorar dados vitais, como pulsação, pressão arterial, frequência respiratória, além de atividades física e sono, por exemplo. Taha lembra que a maior parte se conecta a programas que estão no celular e gerenciam esse monitoramento 24 horas. “Esses equipamentos, desde que devidamente alimentados e manuseados, têm condições de gerenciar com precisão a saúde, inclusive emitindo relatórios e alertas em condições de emergência. As lojas de aplicativos têm centenas que realizam muito bem esse trabalho”, relata o diretor.
O segundo grupo consiste no diagnóstico por imagem e propedêutica armada com os chamados PACS (Picture Archival Communication System) associados aos HIS (Hospital Information System) e RIS (Radiologycal Information System). Eles se conectam aos sistemas de gestão hospitalar e prontuários eletrônicos, integrando centenas de bilhões de dados que oferecem praticamente todas as possibilidades diagnósticas e terapêuticas.
E, finalmente, a teleconsulta (ou o teleatendimento) que foi chancelada recentemente pelo Conselho Federal de Medicina – CFM e tornou-se de uso corrente no período da pandemia. “As tecnologias inovadoras 4.0 já se integram a todos esses elementos, como IoT (Internet of Things), Blockchain, Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, impressão a distância 3D, realidade virtual, armazenamento na nuvem, robótica aplicada e agora chatGPT. As possibilidades são imensas”.
Todas essas ferramentas, softwares, aplicativos e demais elementos digitais apoiam o paciente desde o início da doença (momento em que o indivíduo apresenta sinais e sintomas e é diagnosticado) até o desfecho do tratamento. O desafio para a área da saúde é a integração de todos esses dados e a facilidade de acesso às informações. Isso sem conflito de dados, sem redundância, desperdícios ou lacunas que prejudiquem a qualidade da assistência prestada. A integração permitirá que os dados sejam trabalhados e as diversas plataformas às quais estamos interligados conseguirão predizer riscos no dia a dia. Como bem nos diz o TEDx Speaker Sergio Ricardo Santos, autor da Newsletter Valor&Saúde, essa capacidade de predição tornará o sistema capaz de dimensionar as ações preventivas necessárias para que o indivíduo não adoeça, adoeça menos ou tenha o melhor cuidado possível para administrar uma doença já instalada. Algo que hoje já acontece em menor escala.
Leia também: Jornada digital no atendimento à saúde é oportunidade de acolhimento e evolução
“Com os sistemas integrados”, concorda Omar Taha, “todos os profissionais de saúde não precisarão fazer as perguntas que foram respondidas em atendimentos anteriores a respeito da saúde do paciente em questão, nem sobre o histórico de saúde familiar ou mesmo de hábitos. A integração permitirá avaliar, em tempo real, interação entre medicamentos e impedir que alguém venha a recomendar alguma associação de medicamentos, eventualmente, arriscada ou danosa”, alerta.
O fim da desconexão dos dados abre portas para um novo mercado de saúde, pois muda desfechos, elimina impertinências, aumenta eficiências e amplifica a percepção de uma boa experiência em si da jornada de saúde.
Leia também: Líbero: tudo num clique