Teste rápido, sorológico, “teste do nariz”… afinal, qual a diferença entre cada um dos testes disponíveis para detectar a infecção – ativa ou não – pelo novo coronavírus? Assim como os próprios sintomas da Covid-19, entender qual o momento certo de realizar o teste e, consequentemente, saber interpretar corretamente o resultado, tem gerado dúvidas e confusão entre a população.
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Quando a pandemia chegou oficialmente ao Brasil, em meados de março, era comum ver – e temer – a realização do exame RT-PCR, o famoso “teste do nariz” ou “teste do cotonete”, ilustrado em diferentes reportagens. Porém, à medida que a doença avançou, surgiram também outros modelos de testes, como os rápidos e os sorológicos.
Cada um, por sua vez, tem uma indicação específica e pode ser realizado em diferentes locais, como hospitais, laboratórios e até mesmo farmácias. Por isto, é importante saber diferenciá-los e, ainda, entender seu resultado. “Muitos ainda não sabem quando procurar atendimento médico e nem qual exame deve ser feito. Infelizmente, as fake news sobre o assunto acabam prejudicando muito esse processo de informação”, explica o médico infectologista responsável pela Unimed Laboratório, de Curitiba (PR), Jaime Rocha.
Entenda a diferença entre os testes de Covid-19
A médica de Família e Comunidade Ana Paula Torga, que atua no Centro APS da Unimed Paraná, explica a função de cada teste e qual o momento certo de realizá-lo.
RT-PCR
O “teste do cotonete” ou “teste do nariz”, como é conhecido o RT-PCR, é considerado padrão ouro pela OMS devido à sua alta sensibilidade e especificidade, e detecta a infecção ativa e em sua fase aguda. “O melhor momento a se fazer o PCR é quando o paciente apresenta sintomas suspeitos da Covid e está entre o 3º. e 9º dia do início desses sintomas”, explica a médica. Além disso, Ana Paula explica que o exame não apresenta “falso positivo”, pois a técnica é para detectar parte específica do material genético do coronavírus (SARS COV2).
O RT-PCR não detecta a presença de anticorpos.
Teste sorológico
O sorológico é o teste laboratorial de sangue, e detecta tanto uma infecção ativa, quanto uma infecção recente – ou seja, que o paciente já teve contato com o vírus, mas não o transmite mais. “Em caso de IgM positivo e se estiver com sintomas, pode estar transmitindo a doença e, sendo assim, sugerimos ser avaliado por um médico”, orienta Ana Paula.
Teste rápido
Permeado por polêmicas, o teste rápido, comumente realizado em farmácias, não tem sua eficácia garantida, de acordo com a médica. “Não temos nenhum teste rápido disponível no Brasil até o momento que possamos garantir a eficácia. Nem para diagnóstico, nem para avaliar a ‘imunidade’, pois eles dão muitos resultados duvidosos como falso positivo – tanto para IgM quanto para IgG. Mesmo os aprovados pela ANVISA”, afirma.
O exame é realizado após um pequeno furo no dedo, por uma técnica de cromatografia, e detecta a presença de IgG e IgM no sangue.
E o que significa o IgG e o IgM?
Detectado nos testes sorológico e rápido, os anticorpos IgG e IgM são usados para entender se o paciente está na fase aguda da doença, se teve uma infecção recente ou, ainda, se já teve contato com o vírus e não o transmite mais.
IGM reagente e IGG negativo
Ana Paula explica que o resultado pode significar que o paciente está com vírus ou pode ser falso positivo (quando reage com outro componente do sangue como se fosse do coronavírus, mas não é). É necessário confirmar com exame de RT-PCR.
IGG reagente e IGM negativo
O paciente teve contato o vírus e está, no momento, com imunidade, e não transmite mais a doença. “Porém, ainda não podemos garantir que essa imunidade é permanente, pois é uma doença nova e os trabalhos científicos ainda não nos garantem a durabilidade da imunidade”, detalha Ana Paula.
IgG e IgM reagentes
De acordo com Ana Paula, IgG e IgM reagentes significam que a pessoa esteve em contato com o coronavirus há um período de 10 a 14 dias, no mínimo. “IgM e IgG surgem a partir da 2ª semana de contato com o vírus, portanto não nos servem para diagnóstico de infecção aguda da Covid”.
*É importante ressaltar que tais resultados foram avaliados em exames laboratoriais, uma vez que os testes rápidos não têm sua eficácia comprovada e não podem ser usados como diagnóstico final.
Eu devo fazer o teste mesmo sem ter nenhum sintoma?
A testagem é recomendada por diversas autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma forma de controle de pandemia. No entanto, é necessário que a população tenha mais conhecimentos sobre os testes de Covid-19, e respeite a indicação médica.
Para Jaime Rocha, ainda que seja necessária uma testagem em massa, é preciso evitar solicitações de exames para pacientes assintomáticos devido ao risco de escassez dos insumos em função da grande demanda. Ele também faz um alerta. “É fundamental que a pessoa com suspeita da doença passe por avaliação médica, evitando, assim, realizar exames desnecessariamente ou de forma equivocada. Existem protocolos específicos para as testagens e eles precisam ser adotados e respeitados, ou seja, o médico é quem avalia e orienta o que deve ser feito, quando e como”, finaliza.