Os números colocam o Brasil em segundo lugar no ranking da hanseníase em todo o mundo
Janeiro é o mês dedicado à conscientização e ao combate à hanseníase, enfermidade crônica, infecciosa e transmissível, que ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil. A doença tem cura, mas, sem o tratamento adequado, pode deixar sequelas graves, como deformidades, dores crônicas, perda da sensibilidade em determinadas partes do corpo e incapacidades físicas.
Para alertar a população sobre a doença e impulsionar o Janeiro Roxo, iniciativa do Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Dermatologia lançou a campanha “A hanseníase é negligenciada, a sua saúde não!“, em defesa do diagnóstico e do tratamento precoce da doença, bem como do fim do estigma contra os pacientes.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking de países com o maior número de casos de hanseníase no mundo, atrás apenas da Índia – que tem uma população quase seis vezes maior. Na última década, no Brasil, foram diagnosticados em média 30 mil novos casos da doença todos os anos.
O que causa a hanseníase?
A hanseníase, antigamente chamada de lepra, é causada pela Mycobacterium leprae, bactéria comum entre os seres humanos. Cerca de 90% da população consegue se defender dela naturalmente, já os outros 10%, que não têm esse mecanismo de proteção, podem acabar adoecendo.
A transmissão ocorre pelas vias respiratórias, sobretudo em situações de contato próximo e prolongado. Espirros, tosses, beijos ou até mesmo a presença em um ambiente fechado e aglomerado podem causar a contaminação.
A hanseníase costuma evoluir de forma bastante lenta. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), são cerca de sete a oito anos entre a pessoa entrar em contato com a bactéria e manifestar a doença.
Quais os sintomas?
A hanseníase acomete pessoas de qualquer sexo e idade, afetando principalmente os nervos periféricos, olhos e pele. Para se prevenir, é preciso ficar atento aos sintomas. Os principais são:
– surgimento de manchas esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas na pele, com a redução da sensibilidade ao frio, ao calor, à dor e ao tato
– sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos
– queda dos pelos das sobrancelhas
– sensação de nariz entupido
– redução da força muscular, sobretudo nos pés e mãos
– surgimento de caroços no corpo
– inchaço e dores nas articulações, pés e mãos.
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Ao perceber os sintomas, o paciente deve procurar ajuda médica. Se o diagnóstico for confirmado, é preciso avisar as pessoas com quem tem contato próximo, para que elas também sejam examinadas.
Existe tratamento?
No passado, quem pegava hanseníase era excluído do convívio social, pois as pessoas tinham medo do contágio e preconceito com as deformidades que ela causava. Hoje, a história é diferente. O tratamento é feito com antibióticos e, praticamente a partir da primeira dose, o paciente já não transmite mais a doença.
Os danos causados pela hanseníase não são revertidos com os medicamentos, mas impedem que a doença volte a se manifestar. Por isso, o diagnóstico precoce e a conclusão do tratamento são essenciais.
Referências: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)