Até que ponto ansiedade, estresse e até depressão são reações naturais aos “tempos difíceis” da pandemia, e quando buscar ajuda
Passado mais de um ano de sua chegada ao Paraná, é natural que a Covid-19 tenha mexido, de alguma forma, com a saúde mental de praticamente todos os cidadãos. Seja por medo da doença desconhecida, pela insegurança e ansiedade do isolamento social, por dificuldades financeiras causadas com a crise econômica gerada pela pandemia, o luto da perda de uma pessoa próxima ou o estresse das crianças em casa, sem irem para escola, algum efeito psicológico a pandemia causou nas pessoas. Mas, a partir de que momento, essa mudança de comportamento deixa de ser uma consequência, de certo modo, esperada do período atípico que estamos atravessando e passa a ser um distúrbio?
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O psiquiatra Gustavo Sehnen, médico cooperado da Unimed Curitiba, explica que é natural estarmos mais ansiosos e angustiados, em razão de todos os acontecimentos ocasionados pela pandemia, mas o medo não pode paralisar a rotina. “Existe um limite do que é saudável e o que não é. E isso é subjetivo, não é determinado por um exame de sangue. Por isso que avaliamos a pessoa, como era, como está, a questão do humor, da ansiedade, se está se fechando, se isolando”, diz.
Bem-estar mental dos brasileiros piorou no último ano
Uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, aponta que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. O Brasil aparece atrás apenas de Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).
O mecanismo de ansiedade ou pânico tem sintomas físicos como tensão muscular, palpitação, apreensão negativa, sintomas gastrointestinais e insônia. “Deitamos e a cabeça não para. A intensificação dos sintomas vem no momento em que estamos livres, que devemos relaxar”, ressalta Sehnem.
A orientação para minimizar a tensão é buscar se conhecer e adotar uma rotina que inclua atividades que proporcionem bem-estar. “Parar, olhar para si e entender o que está sentindo é o primeiro grande passo”, orienta a psicóloga Jenima Pretes Vilches, colaboradora da Unimed Curitiba.
A especialista reforça que é necessário lidar com as preocupações de maneira mais prática. “Entender, olhar e agir, mas com ações efetivas. Solucionar o que é de seu alcance e tirar da mente a preocupação com o que não é de sua responsabilidade”, aconselha.
Por fim, o médico Gustavo Sehnen lembra que é fundamental cuidar do emocional, para que a saúde física esteja em dia. “A questão emocional influencia na imunidade, então, é importante cuidar da saúde mental até mesmo para enfrentar melhor a Covid-19 em caso de uma possível contaminação”, finaliza.
Em caso de sintomas, é importante procurar um especialista, que poderá fazer um diagnóstico correto e prescrever o melhor tratamento. Evite a automedicação.