Durante a palestra, Maria Carolina Moreno frisou também que a segurança do paciente deixou de ser opção e passou a ser responsabilidade
Um em cada dez pacientes internados serão vítimas de eventos adversos, ou seja, falhas evitáveis durante a assistência. 7% dessas vítimas terão danos permanentes e 11% vão evoluir a óbito em consequência do erro. Esses são alguns números trazidos pela médica Maria Carolina Moreno durante o Webinar “Segurança do paciente no cuidado com a rede”, promovido no início de junho pelo Programa Segurança em Alta da Unimed Paraná.
Durante o encontro, acompanhado por mais de 150 profissionais da saúde, entre colaboradores do Sistema Unimed Paranaense e Prestadores credenciados, a especialista em administração hospitalar frisou que é preciso reconhecer que os erros existem para que eles não se repitam.
“Na faculdade, o médico não aprende que existem falhas. A gente é (ou pelo menos era) ensinado a prestar atenção e respirar fundo para nada sair errado. Mas isso é mentira! Somos seres humanos e vamos errar. Só não sabemos quando. Teríamos resultados diferentes se isso fosse assumido pelas organizações”, disse Maria Carolina.
A médica afirmou também que a segurança do paciente deixou de ser uma opção e passou a ser uma responsabilidade – não só das organizações, mas também dos profissionais de saúde.
“Quando a gente fala em segurança do paciente, estamos falando de qualidade do cuidado. E não existe cuidado de qualidade que não seja seguro. Cabe a todos nós conhecermos os riscos e as nossas responsabilidades e informarmos o que deu errado para buscarmos uma assistência melhor e mais segura”.
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Para a palestrante, apesar de ser uma tarefa difícil, é imprescindível garantir a segurança do paciente também fora dos hospitais. No ambiente laboratorial, por exemplo, ocorrem muitos erros, seja no atendimento inicial, na coleta de amostras ou no momento de liberar os resultados dos exames. Um resultado equivocado pode impactar diretamente na decisão assistencial, seja ela no diagnóstico, na definição de prognóstico ou no acompanhamento terapêutico.
“Hoje, não serve mais o que a gente faz para o paciente só no hospital. Importa também como ele tem alta, que tipo de informações recebe para que o cuidado continue sendo realizado. Não basta só conseguir operar um paciente, por exemplo. Precisa operar e ter qualidade de vida”, afirmou.
Como então oferecer mais segurança ao paciente?
De acordo com Maria Carolina, as organizações podem oferecer um cuidado mais seguro observando três pontos de risco. O primeiro é a transição do cuidado. Quando o paciente vai ser transferido para outro plantão ou instituição, é preciso informar o que foi feito até o momento e deixar claro quais são os resultados esperados.
O segundo ponto de risco é a mudança do saber. Com o grande volume de conhecimento gerado atualmente, o que antes era visto como algo bom para o paciente, hoje pode não ser mais. Portanto, a visão multiprofissional é extremamente importante. “Diversos saberes somados são muito mais eficientes e efetivos do que de um só profissional”, frisou a médica.
Por fim, o terceiro ponto a ser observado é o paciente. Ele precisa ser colocado no centro da assistência e precisa também ser educado e estimulado a participar tanto das ações de segurança quanto das decisões a respeito do cuidado dele.
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Permeando todos os pontos de risco está a comunicação. E para que a equipe se comunique bem, é preciso que os colaboradores sejam unidos e que a organização estruture formas de comunicação eficientes no dia a dia. Para além dos treinamentos, é preciso também promover uma mudança de cultura, incentivando e valorizando os colaboradores.
“Trabalhar a segurança do paciente é trabalhar exaustivamente a sua equipe, suas habilidades. Olhar de verdade para os colaboradores, e não só treinar, pois as soluções estão neles”, disse Maria Carolina.