Especialista aponta a necessidade de derrubar estigmas, pois existem tratamentos de alta eficácia para a esclerose múltipla, doença que atinge milhões de pessoas em todo o mundo
Na última quarta-feira, dia 27 de maio, foi comemorado o Dia Mundial da Esclerose Múltipla (EM). Um dia de destaque para uma doença neurológica de pouca compreensão ainda, e que merece destaque. Isso porque essa é a segunda doença que mais causa sequelas em jovens e adultos jovens, logo após o traumatismo. E infelizmente, até o momento, não há como preveni-la ainda. “A causa da Esclerose Múltipla ainda não é completamente compreendida, mas sabe-se que existem fatores genéticos e também fatores ambientais – por exemplo, infeções, exposição solar – que contribuem para o surgimento da doença”, destaca Henry Koiti Sato, médico cooperado da Unimed Curitiba especialista em neurologia.
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Estima-se que no mundo existam pelo menos 2,8 milhões de pessoas portadoras de EM. “Infelizmente no Brasil os dados são escassos, porém acredita-se que cerca de 30 a 40 mil pessoas convivem com a doença crônica, progressiva e autoimune. Então a conscientização da população sobre a doença é importante tanto em caráter informativo quanto para tirar estigmas que o diagnóstico causa. Até porque hoje temos tratamentos de alta eficácia para a doença”, reforça o neurologista.
Sintomas da esclerose múltipla
O especialista explica que a Esclerose Múltipla afeta os neurônios do encéfalo e medula espinhal, formando áreas com perda de mielina, uma proteína que ajuda na transmissão dos impulsos elétricos. Ou seja, células de defesa do nosso corpo atacam o próprio sistema nervoso – como se ele não pertencesse ao mesmo organismo – causando lesões no cérebro e na medula.
“Seu diagnóstico é difícil, pois não há um único exame que define o diagnóstico, e muitos sintomas são confundidos com causas de outras especialidades. Mas, dentre os principais sintomas que podem ser EM consideramos falta de sensibilidade pelo corpo, redução da força muscular, falta de equilíbrio, barramento visual. Desta forma, é necessário um conjunto de sintomas associado a alterações em exames como, por exemplo, a ressonância e Liquor”, orienta Sato.
No momento ainda não há cura, mas há tratamento capaz de controlar a evolução da doença, com diversos medicamentos com perfil diferente de eficácia e efeitos colaterais. O neurologista ressalta ainda a importância de um tratamento com equipe multidisciplinar, com psicólogo, fisioterapeuta, educador físico, nutricionista e fonoaudiólogo.
Pandemia
Infelizmente, é possível que a pandemia tenha afetado tanto diagnósticos como tratamentos de Esclerose Múltipla. Para Henry Sato a menor procura por atendimento demonstra atraso de diagnóstico e tratamento em diversas áreas da Medicina, e nos casos de EM não é diferente. Contudo, segundo ele, “o agravante nos casos de Esclerose Múltipla é que muitos pacientes no início da doença podem melhorar espontaneamente dos sintomas e, assim, não procurar o médico. Ainda mais em um cenário de pandemia”. Sendo assim, fica o alerta, qualquer sinal vale sim a visita ao neurologista com todas as medidas preventivas sanitárias que o momento exige.