Desconfortável para algumas, tranquila para outras, a menopausa marca um momento importante da vida de toda mulher, na qual um ciclo se finda e outro começa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, é uma fase biológica natural da vida. Ela ocorre entre os 45 e 55 anos e anuncia o fim da vida reprodutiva feminina, ou seja, o momento quando acaba o estoque de óvulos. Com isso, vêm as transformações físicas e emocionais causadas pelo climatério, que podem envolver alterações de humor (tristeza, nervosismo, irritação e outras oscilações), inchaço, enxaquecas, além das famosas ondas de calor, diminuição da libido e da lubrificação vaginal. No entanto, o desconforto não é regra. Segundo a médica de família e comunidade Camila Berti: “Algumas sentem mais e outras menos (ou nada) esse conjunto de sintomas que ocorrem devido à queda hormonal. A presença e a intensidade dependem de fatores socioculturais, psicológicos e endócrinos de cada mulher”.
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Ainda assim, tal fase requer um pouco mais de cuidado e atenção, já que pode aumentar a chance de doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, infarto do miocárdio, AVC), diabetes, osteoporose e colesterol alto. Além de mudanças no perfil lipídico, na densidade óssea e sintomas urinários, como a urgência miccional. Por isso, para a ginecologista e obstetra Elaine Bregola é fundamental que a mulher tenha uma rede de apoio, como amigos, familiares e profissionais de saúde, que possam auxiliá-la quanto à necessidade ou não de tratamento: “Conversar com um ginecologista e discutir a possibilidade da reposição hormonal é fundamental e auxilia muito no controle de todos os sintomas. Para aquelas mulheres com contraindicações da terapia de reposição hormonal, temos outras opções que podem nos ajudar a melhorar a qualidade de vida da paciente”, explica.
Algumas das outras opções que podem substituir um tratamento hormonal, segundo Camila, é o tratamento fitoterápico para alguns sintomas, além de terapias complementares como o apoio psicológico, a acupuntura, o acompanhamento nutricional e a atividade física. O importante, para a médica, é ter um olhar integral para a mulher nessa fase. “Esse também pode ser um período de outras mudanças, como aposentadoria, casamento de filhos, viuvez, separação, morte dos pais, relação com o próprio corpo e sexualidade, entre outros. Então, além do tratamento médico, é preciso também buscar pessoas que sejam pontos de apoio positivos”, considera.
No entanto, ambas as profissionais afirmam que é possível aumentar as chances de passar por esse momento de forma tranquila, caso a mulher cultive
hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada, atividade física regular com fortalecimento muscular, exercícios para memória e função cerebral, correção de desníveis hormonais, hábitos de higiene do sono, exames de rotina e, ainda, profissionais que escutem atentamente a paciente. E alertam: a menopausa não deve ser encarada como uma doença: “Não é o fim da vida, mas um período importante dela. Depois disso, ainda há muito o que se fazer. É um momento valioso para apresentar novos conceitos para uma vida equilibrada”, pondera Elaine.
Também é uma oportunidade para repensar escolhas e o ritmo de vida da mulher. “Precisamos lembrar que, no nosso mundo atual, a maioria das pessoas está muito acelerada, com um ritmo de vida intenso e, muitas vezes, as mulheres são valorizadas apenas quando produzem muito, seja em casa ou no trabalho. A menopausa é um período da vida que pode vir para desacelerar e, com isso, ser uma oportunidade de olhar para si e para a própria vida. Não é motivo de medo ou vergonha, é um processo natural e uma oportunidade de buscar novos prazeres e expressões. Procure um médico para conversar mais sobre o seu momento de vida”, finaliza Camila.
Alimentação e menopausa
A alimentação na menopausa pode ser uma aliada da mulher, segundo a nutricionista Vanessa Ceccatto, pois ajuda no alívio dos sintomas desconfortáveis como as ondas de calor (fogacho), suor noturno, insônia, irritabilidade, cefaleia, mudança da libido, secura vaginal e às vezes alterações na memória e depressão. Além de contribuir para correção da deficiência hormonal e suprir a necessidade nutricional com a ingestão de cálcio, vitamina D, zinco e magnésio.
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A dica está em evitar alimentos processados e ultraprocessados (industrializados), açúcares, gorduras trans e saturadas, fast-foods, enlatados, embutidos, frituras e excesso de sódio. “O bom funcionamento intestinal também é essencial para absorção dos nutrientes, por isso, o uso de alimentos probióticos e prebióticos é recomendado”, explica. A profissional recomenda uma dieta baseada em comida fresca e natural, como frutas, legumes, peixes, azeite, oleaginosas, grãos e cereais. Também o consumo da soja orgânica e seus derivados, ricos em fitoestrógeno.
E, ainda, alimentos ricos em ômega 3, como sardinha, atum, linhaça e chia. Além disso, o ciclo das sementes é um protocolo natural para a regulagem dos hormônios femininos (ver na imagem). Apesar das dicas, cada mulher precisa ser cuidada de forma individualizada, o que só um profissional pode fazer.