Olhar responsável para a saúde: artigo do Presidente da Unimed Paraná

Confira o texto de Paulo Roberto Fernandes Faria sobre as necessidades atuais do Sistema de Saúde Suplementar

olhar para a saúde
(Foto: Ilustração/Freepik)

A Saúde Suplementar precisa de mais atenção e de melhor entendimento por parte do governo e da sociedade. É fundamental que se entenda o quanto o setor é vital para o país, desafogando o SUS e proporcionando uma assistência à saúde de qualidade para um quarto da população brasileira. Isso sem contar a geração de empregos e o estímulo ao desenvolvimento econômico. Segundo o Relatório do Emprego da Cadeia Produtiva da Saúde, do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar, até maio deste ano, o setor acumulou quase cinco milhões de vínculos empregatícios.

DR. PAULO
Paulo Fernandes Faria, presidente da Unimed Federação do Estado do Paraná(Foto: Divulgação/Unimed Paraná)

De acordo com o painel da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o setor, responsável pelo atendimento de 25% da população brasileira, em 2022 realizou cerca de dois bilhões de procedimentos. O Sistema Unimed, responsável pelo atendimento de 10% da população brasileira, segue a mesma grandeza de números. O total de eventos assistenciais das cooperativas médicas no Brasil foi de quase 600 milhões. O que representa 380 milhões de exames, 104 milhões de consultas médicas, 60 milhões de atendimentos ambulatoriais, 24 milhões de terapias e três milhões de internações.

Apesar desses números e de sua importância, a saúde suplementar enfrenta desafios gigantescos, que envolvem não apenas a regulação e os custos elevados, derivados da chamada inflação médica, mas também obstáculos administrativos, políticos e burocráticos que afetam o acesso e a qualidade. A judicialização é um desses entraves. Exige esforço hercúleo das operadoras apenas na tentativa de que os contratos sejam atendidos e respeitados.

Nos últimos anos, os problemas vêm se acumulando, com projetos do poder público que visam ampliar benefícios, sem, contudo, passarem por análise mais aprofundada do que realmente é possível. A impossibilidade de rescisão contratual e o controle de reajuste dos planos coletivos, o rol exemplificativo e a abolição de carência em diversas situações são apenas alguns exemplos.

O resultado vem sendo o desequilíbrio do setor, o que traz várias consequências para o seu financiamento, colocando em risco a sua sustentabilidade e prejudicando o acesso e a permanência dos beneficiários. Afinal, esse financiamento é baseado no mutualismo, o que significa que o total de clientes de um plano de saúde financia a assistência para aqueles que necessitam em determinado momento e assim sucessivamente. O entendimento desse conceito que permeia os planos de saúde é fundamental para a sua sustentabilidade.

No caso da Unimed, o fato de sermos um sistema de cooperativas de trabalho médico faz com que unamos forças para levar a 90% dos municípios brasileiros um atendimento assistencial qualificado. Diferenciamo-nos no mercado pela natureza e pelo propósito que abraçamos e também pela rede de médicos que mantemos entre nossos cooperados.

Acreditamos e incentivamos o poder público e a sociedade a buscar conhecer mais sobre o funcionamento da saúde suplementar. Vemos esse entendimento como essencial para alcançar o equilíbrio entre os setores público e privado, e é isso que vai garantir que a população brasileira tenha acesso a serviços de saúde de qualidade e adequados às suas necessidades, dentro de um quadro realista.

Novos desafios surgem a cada dia, mas os já conhecidos também continuam: demandas relacionadas ao órgão regulador, ao jurídico e às questões tributárias e fiscais; desafios mercadológicos e tecnológicos; desafios na área assistencial que incluem novos modelos de atendimento e de remuneração; otimização de custos e recursos; a proximidade com nossos cooperados e o entendimento dos cooperados do seu papel dentro da cooperativa.

Como Sistema Unimed, sabemos de nossa força e de nossa capacidade de resiliência. No entanto, os tempos exigem ainda mais união, desprendimento e intercooperação. Pensamentos ou atitudes isoladas, de agora em diante, podem ser fatais. Acredito que nossa tarefa será mais exitosa se nós fizermos mais próximos e coesos. O cenário existente nos demandará, mais do que em qualquer outra época, estruturas mais robustas e profissionalizadas e reservas que nos garantam fôlego diante de prováveis adversidades.

A alta capacidade adaptativa do Sistema Unimed mostrou-se importante durante os últimos três anos, diante da pandemia e das dificuldades econômicas que nos afetaram. Nos últimos dois anos, no estado do Paraná, tivemos um salto excepcional no número de beneficiários. Passamos de 1,5 milhão para mais de 1,7 milhão de clientes, representando 15% da população paranaense. Nosso market share atingiu a marca dos 57%. São números impactantes que podem e devem ser comemorados. Isso reflete a qualidade e o conceito que adquirimos na nossa comunidade. O trabalho, entretanto, deve ser contínuo. Atingir essas marcas faz aumentar as expectativas, demandando ainda mais a nossa atenção.

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No Paraná, temos fortalecido ações inovadoras na busca de melhorar a jornada dos nossos públicos, em especial clientes e cooperados. O investimento em verticalização vem sendo adotado de forma consistente. A construção do hospital de alta complexidade no oeste do estado é um exemplo. Esse hospital, assim como outros que estão sendo adquiridos ou construídos em Londrina, Maringá, Curitiba e Foz do Iguaçu, vai ao encontro de questões estratégicas para o Sistema Unimed Paranaense: atender com qualidade as demandas sempre crescentes de saúde e fortalecer a nossa marca.

Defendemos, veementemente, a necessidade de um olhar responsável para a saúde suplementar. Isso inclui um debate amplo da sociedade e a união de todos para que possamos definir parâmetros realistas que contribuam de fato para o acesso e a permanência dos nossos beneficiários.

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