Qual é o maior desafio nesses tempos de pandemia?

Qual é o maior
desafio nesses tempos de pandemia?

Perguntamos aos profissionais da linha de frente como está sendo essa experiência na luta contra o vírus e seu impacto social

EDSON BRUCK-guarapuava

Edson B. Warpechowski

O maior desafio numa pandemia como essa, que acomete muitas pessoas ao mesmo tempo e de forma tão rápida que ainda não conseguimos sair totalmente da curva de aprendizado, é termos em curto espaço de tempo a certeza de estarmos beneficiando o maior número de pacientes. Os estudos têm sido dinâmicos e o que era “verdade absoluta” ontem para o tratamento de Covid-19 pode ser um conceito ultrapassado hoje ou amanhã.

Dr. Joaquim Celso -LONDRINA

Joaquim Celso A. Guimarães

Avalio como muito importante e desafiadora a questão do equilíbrio emocional. Tenho visto pessoas que estão confinadas há mais de 120 dias sem sair de casa. E o pior é que muitas estão confinadas muitas vezes em seu próprio quarto, não conseguem nem deixar o ambiente. Então, isso para mim, é um desequilíbrio emocional. Temos que saber conviver dentro das práticas de isolamento, de distanciamento social, e poder tomar um sol para tentar viver da forma mais normal possível. Vivemos uma era em que, provavelmente, a tendência é que muitas coisas aconteçam nesse sentido inusitado, podendo ser alterações ecológicas, econômicas e políticas. Então, é um grande momento para começarmos a aprender a desenvolvermos esse equilíbrio.

drlucas - ponta grossa

 Lucas Garcia

O principal desafio para o médico que atua na linha de frente contra a Covid-19 é a resiliência de se adaptar a uma pandemia totalmente sem precedentes na nossa geração. Temos que adequar a prática e os serviços e isso tudo em uma época de incertezas, pois, além de sermos profissionais de saúde, também temos o papel dentro de nossas famílias. Precisamos de instituições de saúde que, dentro do respeito da autonomia da relação médico-paciente, permita-nos trabalhar com segurança e assertividade.

dra. cyntia - Paranaguá

Cyntia G. Digiovanni

Sem dúvida, o que mais me desafia na pandemia é a manutenção do equilíbrio. A percepção do desconhecido e da fragilidade de tantos conceitos – antes firmemente inseridos no nosso cotidiano profissional, pessoal, financeiro e emocional – tornou realmente assustador. Ultrapassar essas inseguranças mantendo o equilíbrio em benefício de todos que dependem e confiam em meu julgamento, tanto pacientes como familiares, e ser capaz de transmitir conforto e tranquilidade a todos que me cercam, é meu objetivo e maior desafio.

dra_kenny - costa oeste

Kenny Regina Lehmann

Creio que não há uma resposta, mas várias, e cada pessoa tem uma realidade e um desafio de reinventar o trabalho ou a rotina. Se por um lado estamos mais distantes de alguns familiares, outros estão mais próximos, pois não saem todos os dias para trabalhar e as crianças não vão às escolas. Em termos de saúde mental, o medo, a insegurança de não saber qual é o próximo passo está tirando o sono de muitos. Precisamos lembrar da resiliência e da capacidade de adaptação, importantes características do ser humano, que permitiram a evolução da espécie. Mais do que nunca, essas habilidades são necessárias para enfrentarmos a pandemia.

Andre L. de Cassias

A pandemia trouxe um desafio enorme para nós médicos, assim como para o sistema de saúde. O acesso que tínhamos por meio de consultas presenciais em clínicas e pronto-socorros passaram a ser perigosos e até mesmo irresponsáveis, pois colocar em contato pacientes com suspeita de Covid-19 com outros pacientes em situação de risco é imprudente. Para solucionar essa dificuldade, as teleconsultas surgiram como a melhor opção e, principalmente, no caso de pacientes crônicos, permitiu o acompanhamento programado dentro de planos de cuidado com encontro para exames de rotina próprios do acompanhamento de médicos de família, minha especialidade

Inácio E. Casella Gagliardi

Parece que os desafios estão em saber pouco, ter que aprender muito em tão pouco tempo, além de conviver com o medo e as incertezas que a infodemia gerada nos meios de comunicação e que refletem no nosso trabalho diário.

dr andre rabelooeste do parana

André Felipe Aguiar Rabelo

Na atual situação, estamos rodeados de anseios e incertezas, e ainda podemos refletir sobre como os desafios vividos podem nos amadurecer. E, apesar da descoberta de como a tecnologia pode auxiliar, é possível sentir na relação médico-paciente a importância do acolhimento humano. Acredito que todos estão mais vulneráveis emocionalmente pelo isolamento social, no entanto, na área de Ortopedia e Traumatologia, vivemos momentos de urgência e emergência, além de agudizações de doenças osteomusculares que necessitam de uma abordagem imediata. Isso me desafio todos os dias a humanizar o atendimento e compreender cada vez mais as necessidades gerais do próximo, no objetivo de tratar não só a questão osteomuscular, mas os demais aspectos humanos que essa pandemia tem afetado.

Claudio de Melo

Sem dúvida. lutar com um inimigo invisível num cenário de novidades, incertezas e desafios. Além disso, o excesso de informações nas mídias, politização da saúde e muita ansiedade e insegurança de nossos familiares e pacientes são os aspectos que mais se evidenciaram durante esse momento.

João Augusto Abomorad

João Augusto H. B. Abomorad

Essa é a pergunta mais difícil de ser respondida nos últimos meses, principalmente por um profissional da saúde. Desafiar uma doença nova em uma pandemia, sem tratamento eficaz ainda conhecido e sem a certeza da cura, causa um desconforto imenso para nós! As incertezas do campo médico somam-se às angústias de cunhos pessoal e familiar com uma possível contaminação. Isolar-se da família e dos amigos durante meses aumenta ainda mais a pressão sobre todos nós. O enredo dessa história é extremamente obscuro, amedrontador e, para toda essa geração médica, o maior desafio já conhecido para a nossa carreira. O sonhado final feliz hoje se resume em uma vacina que alcance nossos entes queridos antes da doença.

Dr. Eduardo Henrique Felipe de Paula

Eduardo Henrique F. de Paula

Em uma primeira fase, passamos pela escassez de recursos e a lentidão para coleta e emissão dos exames. Os laboratórios tiveram dificuldade para a validação de resultados e, por fim, cada exame tem sua indicação pelo tempo de contato e início dos sintomas. Os resultados de uma sorologia IGG positivo demonstra que o paciente já teve o contato com a doença e, provavelmente, está imune e não transmite o vírus. Deparamo-nos com o desespero e o afastamento do trabalho frente a um resultado como esse. Sem falar nas possibilidades de falso positivo, falso negativo e reações cruzadas. Sobraram o pânico e a contagem de mortos pela grande mídia, e faltou informação relevante para a população. Desafios que o médico tem que enfrentar e esclarecer, baseado nos mais verdadeiros níveis de evidência.

foto Dr Alexandre Coltro Curitiba_

Alexandre Coltro

O médico tem que ser uma pessoa forte mental e fisicamente. Fazer plantões cuidando de pacientes com a Covid-19. Isso não é para qualquer um. Sua vida familiar também muda completamente porque você fica confinado para proteger as pessoas que ama e não recebe aquele carinho caloroso que recebia antes da pandemia. O que tudo isso pode nos ensinar é dar mais valor à nossa vida como ser humano e deixar de lado algumas coisas menos importantes.

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