Suicídio: como identificar os sinais e oferecer ajuda

Suicídio
(Foto: Reprodução/Unimed Paraná)

Ainda tratado como tabu ou assunto proibido por uma parcela significativa da população, o suicídio é um tema que precisa ser trabalhado não só durante o mês de setembro, no qual o assunto é mais abordado, mas sim ao longo de todo o ano. Conforme estudo apresentado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) Brasil em 2018, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, sendo que cerca de 800 mil pessoas – de todas as idades e classes sociais – tiram a própria vida todos os anos.

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Apesar de impactar diretamente os jovens, o suicídio acomete também adultos, idosos e até mesmo crianças. Além disso, são vítimas pessoas de todas as classes sociais, sendo que, de acordo com a OPAS, 79% dos casos registrados mundialmente ocorreram em países de baixa e média renda em 2016.

Quais as principais causas que levam ao suicídio?

Em mais de 90% dos casos, a tentativa ou ato de tirar a própria vida está associada a um transtorno psiquiátrico, como explicou o doutor em Psiquiatria e mestre em Filosofia, Marco Antônio Bessa, no webinar promovido recentemente pela Unimed Paraná. “São fatores de risco transtornos como a depressão, bipolaridade, esquizofrenia e alguns transtornos de personalidade. Além disso, o uso de álcool, tabaco e outras drogas também são considerados agravantes. E, o mais importante, são as pessoas que já tentaram pelo menos uma vez tirar a própria vida, pois quem já tentou tem mais risco de tentar outra vez”, diz. Além disso, fatores sociais, ambientais e econômicos também são considerados fatores de risco, de acordo com o profissional.

Bessa lembra que a pessoa não é fraca e nem está tentando chamar a atenção. “É a consequência de uma doença, muitas vezes não tratada. Recaídas levam a pessoa a se culpar ainda mais, pois tem vergonha de retomar o tratamento previamente prescrito e, consequentemente, acaba piorando o quadro”, afirma.

A importância de aprender a lidar com as emoções

De acordo com o psiquiatra, a sociedade tem dificuldades culturais em falar sobre a emoção, principalmente os homens. “É enraizada a ideia de que a pessoa tem que resolver seus problemas emocionais sozinha”, comenta. Por este motivo, Bessa recomenda que, desde cedo, haja o costume de exercitar o entendimento das emoções. “Temos que incentivar que as pessoas entendam o que estão sentindo. Isso desde a infância, e principalmente os sentimentos negativos”.

Em relação aos adolescentes, o profissional recomenda que seja aberto um canal de comunicação, além de ter cuidado com cobranças excessivas. “É extremamente importante oferecer ajuda aos adolescentes, mostrar que está atento. Diga que você está ali se ele quiser conversar, ou até mesmo para buscar, junto a ele, uma ajuda especializada”, orienta.

Atenção aos detalhes pode facilitar a ajuda

Por fim, Bessa lembra da importância em não criticar e nem dar “lições de moral” à pessoa que demonstra estar passando por um momento complicado. “Não precisa ter um entendimento técnico, basta se colocar à disposição para auxiliar a pessoa a buscar ajuda. É importante, principalmente em relação aos mais próximos, prestar atenção à mudança de humor, de comportamento, como o isolamento, ou quando a pessoa deixa de fazer coisas que gostava, como sair com amigos ou familiares”, finaliza.