Mudança de perfil social e profissional faz crescer incidência de doenças cardiovasculares entre as mulheres; médica também alerta para riscos durante a pandemia
A mulher do século XXI mudou seu perfil social e profissional e isso já vai impactando na sua saúde. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a ocorrência de doenças cardiovasculares aumentou 16,13% entre as mulheres nos últimos anos e a incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) 12,46%. “E isso já equipara as mulheres aos homens no risco cardiovascular. O câncer de mama, que é a doença que mais associamos à mulher, cresceu só 2% neste mesmo período”, comenta a ginecologista Rosane Frecceiro, cooperada da Unimed Curitiba.
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“As mulheres mudaram muito o perfil, porque foram para o mercado de trabalho e exercem, muitas vezes, uma tripla jornada. Aumenta o estresse, acaba tendo uma alimentação inadequada e, sem tempo, acabam ficando sedentárias apesar de tudo o que fazem no dia. Todos esses fatores mudaram esse perfil. Elas acabam, muitas vezes, desencadeando síndromes metabólicas, com destaque para o diabetes tipo 2, e doenças cardiológicas e depressão”, explica a médica.
Problemas gerados pela pandemia
Frecceiro também alerta para a situação específica da pandemia de Covid-19. Além da ansiedade, do estresse e da depressão que podem ser gerados pelo medo da doença, o isolamento social e as situações de perda de renda ou home office e homeschooling, a desatenção com a saúde pode cobrar um preço caro, após um ano de pandemia. “A mulher já é vulnerável a doenças mentais por conta da parte hormonal se tornou mais vulnerável ainda com a pandemia. Ainda houve uma interrupção de cuidados básicos, como os preventivos de câncer de colo de útero, o controle por mamografia. E a falta da consulta ginecológica mesmo. Também ficou para trás a parte de planejamento familiar e vacinações. Como houve essa lacuna, as mulheres ficaram meio abandonadas, até por medo de ir ao consultório, muitas desencadearam tristeza profunda, medo, isolamento”, comenta.
Segundo a especialista, além de manter a energia positiva e a esperança em dias melhores, as mulheres precisam ter uma alimentação adequada, com muitas frutas, verduras, legumes e gordura boa, como as oleaginosas, ter um sono reparador, ingerir muita água e manter atividades físicas regulares. “Isso sem esquecer do uso da máscara, da higiene constante das mãos e de manter o distanciamento social para evitar o contágio”, completa.
Mas nem todas as mulheres conseguem encarar de forma positiva o prolongamento da pandemia, especialmente nas últimas semanas, com o agravamento da doença no país e a sobrecarga da rede hospitalar. “Algumas mulheres são mais resilientes, outras reagem com revolta, raiva e agressividade, podendo desenvolver depressão, medo de morrer e compulsões por álcool, comida e até drogas. É muito importante cuidar do equilíbrio emocional e da saúde mental, dedicando tempo a si mesmas”, orienta.