Ansiedade: quando o sentimento vira transtorno

Ansiedade
(Foto: Ilustração/FreePik)

Resposta natural do ser humano frente aos perigos do mundo ou a situações que geram expectativas, a ansiedade é um sentimento conhecido e comum a muitas pessoas. Tal emoção, porém, pode se transformar em um transtorno e levar o paciente a desencadear até mesmo sintomas físicos, com uma preocupação exagerada em relação a situações cotidianas.

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Sentir-se ansioso por uma festa, uma prova ou um acontecimento em específico é completamente normal e, em muitos casos, traz benefícios ao ser humano. O problema acontece quando o sentimento sai de controle e gera um prejuízo à qualidade de vida da pessoa, que passa a enfrentar as chamadas “crises de ansiedade”, com sintomas psicológicos e até mesmo físicos, como taquicardia e tontura.

Causas da ansiedade

A médica psiquiatra, Ana Paula Rosa Filgueiras, explica que 30% a 40% dos casos de ansiedade possuem raízes genéticas. Em outros casos, porém, o estilo de vida ou situações específicas podem desencadear tais quadros. “O ansioso carrega uma preocupação exagerada sobre situações cotidianas, e passa a não conseguir realizar atividades cotidianas. Isso é especialmente sofrível para o indivíduo que, normalmente, é caracterizado por uma pessoa ativa e, muitas vezes, acostumado a realizar várias tarefas simultaneamente”, pontua.

De acordo com a profissional, há a possibilidade, ainda, de questões invisíveis gerarem ‘gatilhos’ paras crises. “A ansiedade pode ser desencadeada por eventos traumáticos ou estressantes, mas também podem ocorrer sem gatilhos visíveis. Nesse sentido, é necessário analisar caso a caso para uma abordagem mais assertiva”.

Quais são os sintomas mais comuns?

Ana Paula explica que, na ansiedade, “o corpo se prepara, continuamente, para uma situação de defesa sem que haja o gatilho de um perigo real, desenvolvendo sintomas que podem atrapalhar o cotidiano do indivíduo”. Nesse momento, podem ser cultivados, por exemplo, pensamentos negativos, geralmente catastróficos, como se algo ruim estivesse sempre na iminência de acontecer.

De modo esquemático, os sintomas podem ser categorizados conforme abaixo, de acordo com a profissional:

  • Autonômicos: palpitação, taquicardia, sudorese, náusea, vômito e diarreia;
  • Musculares: tremor, tensão muscular, dor no corpo, dor no peito em pressão;
  • Cinestésicos: calafrios, ondas de calor e frio, dormência nas extremidades e no rosto;
  • Respiratórios: sufocação e sensação de falta de ar;
  • Psíquicos: tensão, nervosismo, apreensão, dificuldade em se concentrar, despersonalização (sensação de distanciamento do próprio corpo), desrealização (sensação de que o que está ao arredor não é real).

Busca por ajuda profissional

Quando os sintomas de ansiedade se tornam agudos, com aumento da frequência e intensidade das crises, é necessário marcar uma avaliação médica. Nessa avaliação, é definido o método de tratamento mais indicado e a necessidade ou não do uso de medicação.

De acordo com Ana Paula, essa busca deve acontecer quando a pessoa estiver em sofrimento, ou quando perceber prejuízos causados pela ansiedade na sua rotina. “Quando, por exemplo, a ansiedade afeta a execução do seu trabalho ou a qualidade dos seus relacionamentos”, diz, ao lembrar que essa mudança no modo de viver pode trazer grande sofrimento ao paciente, caso não procure ajuda profissional.

De acordo com Ana Paula, a mudança no estilo de vida também pode ser uma aliada para amenizar os sintomas da ansiedade. “Recomendamos que o ansioso realize exercícios físicos leves e de forma contínua, alimente-se bem, evite drogas (lícitas e ilícitas), mantenha uma boa higiene do sono, além de evitar cafeína e carboidratos refinados”.

Terapia como aliada e a relação com outros transtornos

A psicóloga Patrícia Olivo Poiani, que atua no Centro APS da Unimed Paraná, explica que a terapia é um processo de autoconhecimento, e pode ser extremamente benéfica nesse momento de crise. “O indivíduo irá aprender a identificar os desencadeadores da sua ansiedade e desenvolver ferramentas cognitivas e comportamentais para o gerenciamento das emoções e enfrentamento dos eventos estressantes”, explica.

Isolamento: a relação entra a respiração e a ansiedade

De acordo com a psicóloga, que é especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, existe a possibilidade, ainda, de o paciente ansioso desenvolver outros transtornos, como a depressão, por exemplo. “É comum que a pessoa com transtorno de ansiedade possa sentir-se triste e a pessoa com depressão possa sentir-se ansiosa”, diz. 

Em alguns casos, de acordo com a profissional, embora os sintomas possam se confundir ou até se manifestar ao mesmo tempo, a ansiedade e a depressão “são transtornos diferentes, sendo cada um com causas, sintomas e tratamentos específicos e diferenciados”.