Começa a vacinação contra o coronavírus no Brasil

Vacinação coronavírus
(Foto: Divulgação/Força Aérea Brasileira)

Duas vacinas contra o coronavírus receberam neste domingo (17) a autorização da Anvisa para uso emergencial no Brasil; vacinação começa hoje

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou, no último dia 17 de janeiro, o uso emergencial de duas vacinas contra o coronavírus no Brasil: a coronavac, de fabricação chinesa e que será produzida no país pelo Instituto Butantan e a AstraZeneca/Oxford, desenvolvida pela universidade britânica de Oxford, e que tem acordo de transferência de tecnologia com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com as aprovações, o estado de São Paulo, que já havia importando 6 milhões de doses da vacina chinesa, começou a vacinar profissionais de saúde no mesmo dia, dando início à imunização no país.

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Autorização

Depois de muita polêmica quanto à origem da vacina, desconfiança sobre os dados de eficácia apresentada nos testes clínicos e disputas políticas entre governadores, prefeitos e a Presidência da República, os cinco diretores da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram a favor da liberação. 

Os cinco membros da Diretoria Colegiada analisaram os dados de relatórios produzidos pela equipe técnica da Anvisa sobre os dois imunizantes. A avaliação das vacinas, no entanto, não foi encerrada no domingo. Tanto a Coronavac quanto a vacina de Oxford passaram pelo crivo sob a condição de que, em longo prazo, se faça um monitoramento cuidadoso dos vacinados. Haverá reavaliações periódicas da segurança e da eficácia do imunizante, ainda que, por ora, a agência não veja risco em iniciar sua aplicação em larga escala. “Ressalvadas algumas incertezas pelo estágio das vacinas em desenvolvimento, os benefícios das duas candidatas superam os riscos e ambas atendem os critérios de eficácia e segurança”, pontuou Meiruze Freitas, diretora da Anvisa e relatora da análise dos pedidos.

Vacinação no país

Todas as 6 milhões de doses de vacina que já estão em território nacional foram adquiridas pelo Ministério da Saúde e incluídas no Plano Nacional de Imunização. Deste total, 1,2 milhões ficaram em São Paulo e as 4,8 milhões restantes embarcaram, nesta segunda-feira (18) para a distribuição por todo o território nacional. Inicialmente prevista para ter início na quarta-feira (20), a vacinação pode ser iniciada, em todo o país, já nesta segunda-feira, segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. “Depois de ouvir os governadores, chegamos à decisão que hoje ainda distribuiremos todas as vacinas aos estados, todas. Assim, podemos colocar a ideia de, ainda hoje, ao final do expediente, os estados começarem, no município principal, a vacinar. Com isso, a gente adianta um dia”, declarou o ministro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em solenidade que marcou o início da distribuição das doses da vacina.

As 6 milhões de doses da Coronavac são, hoje, as únicas doses disponíveis para aplicação imediata no Brasil. No contrato entre a Fiocruz e a Astrazeneca, há a previsão da importação inicial de 2 milhões de doses produzidas na Índia, mas o embarque destas vacinas ainda não foi autorizado pelo governo indiano. Também não chegaram ao Brasil, ainda, os insumos necessários para que Butantan e Fiocruz iniciem a produção própria dos imunizantes. A expectativa é que tais insumos comecem a chegar no pais a partir do dia 25 de janeiro. Após recebe-los, a Fiocruz prevê a produção de 700 mil doses da vacina por dia, enquanto o Butantan tem uma capacidade de produção de 1 milhão de doses por dia. Lembrando que são necessárias duas doses para cada paciente vacinado, num intervalo entre 15 e 45 dias, dependendo da vacina.

O governo brasileiro também integra o Covax Facility, consórcio mundial organizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para aquisição de igualitária de imunizantes entre diversos países. O Brasil deve receber ainda neste ano 42 milhões de vacinas através da iniciativa. Ainda não está definido quando esses imunizantes chegam, nem qual será a vacina adquirida através do consórcio.

Cronograma de vacinação

Sem dispor de doses suficientes para vacinar toda a população imediatamente, o Ministério da Saúde criou um cronograma de vacinação que classifica grupos prioritários de acordo com o grau de exposição ao vírus e os fatores de risco para o desenvolvimento das formas mais graves da Covid-19. Assim, nesta primeira fase, serão vacinados os profissionais de saúde que estão atuando diretamente no atendimento à pandemia, as populações indígenas e os idosos residentes em instituições de longa permanência, bem como os funcionários destas instituições. Em seguida, serão vacinados os idosos: inicialmente as pessoas com mais de 75 anos, na sequência, as com mais que 70, que 65 e que 60 anos. A terceira fase é dedicada aos portadores de alguma doença crônica apontada como agravante para a Covid-19, como diabetes, hipertensão e doenças pulmonares, entre outras. Na quarta fase, será vacinada o restante da população adulta. Ainda não há testes com vacinas contra o coronavírus para pessoas menores de 18 anos. Por isso, inicialmente, elas estão fora do programa de imunização.

Dentro deste cronograma, o Ministério da Saúde planeja conseguir vacinar toda a população até o final de 2021. “Mas se conseguirmos vacinar todos os profissionais de saúde e a população idosa em um curto espaço de tempo, já teremos uma redução drástica nos números da pandemia, controlando, principalmente, o número de óbitos e de internamentos hospitalares, uma vez que a grande maioria das pessoas que têm complicações está acima dos 60 anos”, apontou a secretária municipal de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.