Como a organização pode contribuir com a redução da ansiedade

organização e ansiedade
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A psicóloga Marta Valéria Lupack traz 8 dicas que podem auxiliar na organização do seu dia a dia e até reduzir a ansiedade

Em algum momento da vida, a maioria das pessoas – talvez não todas – já sentiu algum sintoma relacionado à ansiedade. São diversas as formas que ela pode aparecer, afetando tanto o psicológico, quanto o físico de uma pessoa. Alguns desses sinais podem até ser considerados corriqueiros, no entanto, a principal diferença entre os sintomas de uma ansiedade comum e o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é avaliar até que ponto ela não atrapalha a sua vida cotidiana.

Preocupações e medos excessivos, sentimento de insuficiência, pensamentos exigentes e críticos a si, inflexibilidade diante das próprias atitudes, sensação de não estar no controle, medo do futuro, inquietação, dificuldades para respirar ou respiração acelerada, entre outros. A lista de sintomas pode ser ainda maior quando enumerados os sinais físicos que o transtorno pode apresentar.

Mas de que forma a organização diária pode colaborar para a redução desses indícios de ansiedade? A psicóloga Marta Valéria Lupack, que é pós-graduada em Psicologia Cognitiva-comportamental, especialista em Mindfulness e em Psicologia da Saúde, separa algumas dicas que podem ajudar e explica que antes de qualquer organização, é preciso organizar os pensamentos e os sentimentos.

organização e ansiedade Marta
A psicóloga Marta Valéria Lupack acredita que a mente também precisa de organização.
Reprodução/Arquivo Pessoal

“A mente ansiosa e agitada precisa de um processo básico de organização, já que as coisas espalhadas por todos os lados, em geral, nos deixam incomodadas. Já essa arrumação nos ajuda a centrar e conseguir alcançar os próprios objetivos”, relaciona.

Um desses primeiros passos, segundo ela, pode ser registrando as coisas que passam, de forma desorganizada, pela nossa mente. “Anotar o que pensa vai ajudar você a se acalmar”, exemplifica. Ela ainda esclarece que cada um deve encontrar a própria forma pessoal de organização. “Organizar não é ter mais trabalho, é redistribuir o que já está acontecendo, definir um lugar para cada coisa e cada coisa em um lugar”, enfatiza Marta.

Vida corrida e mente agitada

Apesar de ser bastante comum hoje em dia, a ansiedade pode estar ligada a diversos fatores da nossa vida. Seja por experiências passadas, vivências diárias e até mesmo pelo modo que o mundo hoje nos percebe, como seres que precisam ser perfeitos, produtivos e pontuais em demandas urgentes. A psicóloga afirma que a vida corrida, a falta de tempo e o estresse podem aumentar a ansiedade. “A mente ansiosa quer muitas coisas ao mesmo tempo”, complementa.

Como se não bastasse a vida ligeiramente corrida, a pandemia de Covid-19 ainda intensificou esse número de pessoas ansiosas. Para se ter ideia, no primeiro ano da pandemia (2020), os números globais de ansiedade e depressão aumentaram em 25%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Confira o relatório completo aqui.

Nesse corre-corre para tentar dar conta de tudo, Marta comenta que a ansiedade nos impulsiona a querer resolver tudo de uma vez. Isso tudo faz com que as coisas e os sentimentos fiquem misturados, nos oferecendo um sentimento de impotência e inadequação – gerando ainda mais ansiedade.

Leia mais: 10 dicas para prevenir a ansiedade

“É preciso ter um comportamento diferente diante de tarefas e/ou situações. Lidar com organização e objetividade faz a ansiedade diminuir. Organizar significa, basicamente, colocar em ordem aquilo que está desordenado, misturado, ou que está solto, sem lugar”, esclarece a especialista.

Faça um planejamento daquilo que deseja realizar

É importante listar, enumerar e colocar em datas possíveis. Planejar seu dia e suas tarefas, tudo isso ajuda você a perceber que está em ação, passa a sensação de que você está com as atividades e os pensamentos identificados e sob controle. Estabeleça rotinas e cronogramas diários, mensais e anuais.

Planeje o próximo dia

Pode ser algo simples, mas identificar e até mesmo listar as tarefas do próximo dia pode contribuir para que você não se sinta ansioso e preocupado com a demanda do ‘amanhã’. Assim você concretiza o que poderia se tornar pensamentos acelerados e um medo excessivo de não dar conta.

Ter bons hábitos de saúde

Logo que falamos em bons hábitos de saúde pensamos em atividades físicas. Mas além da prática regular de algum esporte, ter uma alimentação saudável, dormir bem e o suficiente, alongar-se durante o dia e ter uma postura correta, meditar, beber água, ter momentos de prazer e lazer, fazer pausas e terapia são as diversas formas de criar bons hábitos para a saúde.

Registre seus pensamentos

Seja na agenda, no diário, nas notas do celular, – como falado anteriormente – anotar o que pensa ajuda a reorganizar sua mente e, por consequência, ajuda você a ter uma percepção diferente da vida e de como a ansiedade afeta ela.  

Delineie o que é problema e o que é preocupação

É o famoso: ‘uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa’. Na hora de definir formas de solucionar, tenha a atenção que problema é uma coisa e preocupação é outra. Problemas têm solução e preocupações são os sentimentos gerados por aquilo que não tem uma definição para nós.

Divida seus objetivos em partes possíveis de realizar

A psicóloga explica que, quando nos deparamos com algum problema ou tarefa, podemos seguir os seguintes passos: 1. Identificar o seu objetivo; 2. Quebrar seu objetivo em partes menores; 3. Definir um ponto de partida; 4. Definir uma rotina para realizar esse objetivo; 5. Começar – dar o primeiro passo.

O fato de definir o objetivo ajuda a perceber que várias coisas, muitas vezes, trazem um mal-estar, faz você perceber que há mais de uma situação que deve ser revista e que não estamos sendo apenas engolido pela vida. Traz uma sensação de controle: “Ufa! É isso que está acontecendo. E não mais uma mistura de sentimentos diante de algo que parece pequeno e simples. Quando não definimos um objetivo, podemos nos perder em pensamentos distorcidos e sentimentos desproporcionais”, diz Marta.

Pratique Mindfulness

Como já percebido, a organização em prol da diminuição da ansiedade está totalmente ligada à organização dos pensamentos. Mindfulness ou “atenção plena” é considerada também uma técnica de meditação. A prática visa se concentrar e se perceber no presente, incluindo os próprios pensamentos, sentimentos, sensações e ambiente.

Procure ajuda de um especialista

E não menos importante, em todos os casos já citados, o diagnóstico e o tratamento para a ansiedade é feito por um profissional. Procure ajuda de um médico psiquiatra e psicoterapias com psicólogos – que auxiliarão tanto no controle da ansiedade como na escalada pela organização da sua vida.

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