Redução das mortes entre o público idoso é comemorado por autoridades em saúde como o principal indicativo da efetividade da vacinação contra a Covid-19
Até o dia 25 de janeiro, quando o Paraná ainda iniciava a campanha de vacinação contra o coronavírus, 77% dos óbitos por Covid-19 eram de pessoas acima de 60 anos. Nos últimos 30 dias (entre 25 de abril e 25 de maio), com grande parte desta população já vacinada, esse percentual reduziu para 58,7% dos óbitos, um indicador comemorado pelas autoridades em saúde como o principal indicativo da efetividade da vacinação. Até 25 de janeiro, 9433 pessoas haviam morrido de Covid-19 no estado, sendo 7258 acima de 60 anos. Nos últimos 30 dias, foram 4098 óbitos, sendo 2409 de pessoas idosas.
Covid-19: Confira como está a vacinação no Paraná
O Paraná concluiu a aplicação da primeira dose da vacina em sua população idosa no dia 30 de abril. Assim, muitas pessoas, principalmente as na faixa entre 60 e 69 anos, ainda não receberam a segunda dose, o que pode indicar números ainda melhores nos próximos meses. Se considerado o grupo de pessoas até 70 anos (que, no geral, já concluíram seu esquema vacinal) a proporção de óbitos nesta faixa etária caiu de 52% antes da vacinação para apenas 30% nestes últimos 30 dias. Eram 4964 mortes de pessoas com mais de 70 anos entre os 9433 óbitos até janeiro, enquanto, entre 25 de abril e 25 de maio foram 1252 mortes desta faixa etária entre as 4098 registradas.
Efetividade da vacinação
Em Curitiba, a efetividade da vacina está sendo estudada pelo professor de Medicina da PUCPR José Rocha Faria Neto e aponta resultados semelhantes. Segundo o levantamento do professor, antes da imunização, em dezembro de 2020, metade das mortes por infecção do coronavírus na capital paranaense era registrada entre idosos acima de 70 anos. Esse índice caiu para 38% em abril, quando boa parte desse público já havia recebido as duas doses da vacina.
De acordo com o professor, o primeiro impacto positivo da vacina entre os idosos foi percebido na redução do número de casos de Covid. Segundo Faria Neto, nos dois períodos analisados – entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 e entre março e abril deste ano – o número de pessoas infectadas pelo coronavírus foi o mesmo, algo em torno de 20 mil ocorrências. “Entre os pacientes de 90 anos de idade ou mais o número de casos caiu cerca de 42%. Na faixa etária entre 80 e 89 anos a queda foi bem próxima, de 40%. Uma redução menor, mas importante, de 15% nas infecções também foi percebida entre os pacientes com idades entre 70 e 79 anos”, detalhou.
Faria Neto destaca que a pesquisa mostra a real efetividade das vacinas, fato que já havia sido verificado nas pesquisas de desenvolvimento dos imunizantes. Ele reforça que mais do que prevenir a infecção, as vacinas também ajudam a tornar menos graves os quadros de saúde de quem tem Covid depois de ser imunizado.
“O que começamos a ver é que, saindo do cenário supercontrolado da pesquisa, o impacto da vacina identificado nos estudos é perfeitamente verificado no mundo real. As pessoas podem ter dúvidas e, até mesmo, se questionarem ‘qual vacina eu devo tomar?’, e a resposta é: qualquer vacina que estiver disponível no dia. Tem que tomar. Todas as vacinas, com maior ou menor eficácia, têm um efeito muito grande na redução de risco de contágio e de desenvolvimento de casos graves da doença”, disse.