A limpeza que salva (e acolhe)

limpeza que salva e acolhe

A dedicação dos profissionais de limpeza e desinfecção que atuam no Sistema Unimed Paranaense fez toda a diferença durante a pandemia

Dia sim, dia não, por conta da escala de trabalho, as atividades de Rosenilda Mendes começam bem antes de o sol nascer. Ela acorda às cinco horas da manhã, toma café e parte rumo ao Hospital Geral Unimed de Ponta Grossa. O trajeto dura cerca de meia hora e é feito de ônibus. Às sete, ela bate o ponto e dá início à jornada como auxiliar de serviços gerais. O trabalho consiste em limpar bancadas, camas, paredes, chão, teto, maçanetas… tudo! Tudo o que precisa ser desinfectado para garantir a segurança e o bem-estar de pacientes, acompanhantes, médicos cooperados e colaboradores.

“Eu e toda a minha equipe tentamos desenvolver um serviço de qualidade para que o paciente tenha uma boa recuperação”, afirma Rosenilda, que trabalha no HGU desde 2015 e já passou por todos os setores.

Limpeza que acolhe e salva

Embora o trabalho dela não inclua tratar os pacientes de forma direta – como faz a equipe médica -, é de extrema importância para a recuperação deles. Afinal, a manutenção da higiene no ambiente hospitalar previne infecções relacionadas com a assistência à saúde e diminui o risco de contaminação. Rosenilda, no entanto, vai além.

“Entro no quarto, dou aquele bom dia, pergunto se o paciente está melhor e coloco na TV uma música, louvor ou novena, pois muitas vezes eles comentam que gostam. Mesmo quando estão dormindo, eu faço tudo isso”.

Tamanha dedicação e sensibilidade quase foram interrompidas no início da pandemia. Rosenilda ficou apavorada com o risco de se contaminar com a Covid-19, chorou e até pensou em pedir as contas. Foi a mãe quem a encorajou a não desistir.

“Ela falou que eu poderia fazer a diferença na recuperação do paciente. E que se Deus me deu essa missão, eu deveria cumpri-la”.

O conselho surtiu efeito. E, apesar das dificuldades enfrentadas e do sofrimento visto tão de perto, valeu a pena ter continuado. Entre um plantão e outro, Rosenilda comemorou a extubação e a alta de vários pacientes. Com alguns, mantém contato até hoje.

“Falamos-nos sempre, queremos saber se estão bem. Esses dias, um deles mandou foto caminhando no parque. Criamos um vínculo de amizade e isso não tem preço”, conta ela, que já recebeu vários mimos como forma de agradecimento pelo cuidado. “Eu e minha colega sempre brincamos que eles são nossos pacientes. Aqui, somos a família deles. E eles são o amor de alguém que está esperando lá fora”.

Rosenilda, felizmente, não pegou Covid. Além de manter o distanciamento, usar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e álcool em gel, ela também passou por uma série de treinamentos e avaliações na Unimed para reforçar os cuidados com a higiene. As mudanças e adequações foram constantes e o conhecimento ficará para toda a vida.

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“O que levo disso tudo é empatia, solidariedade, carinho, gratidão e, principalmente, amor ao próximo. A pandemia ainda não acabou. Mas vamos lutando e seguindo em frente com a certeza de que dias melhores virão. Esse é o Jeito de Cuidar Unimed”.

Na APS, cuidado também redobrado

Trabalhando como terceirizada na área de serviços gerais do Centro APS (Atenção Personalizada à Saúde) da Unimed Paraná, Eni Ribeiro teve sua rotina bastante alterada com a chegada da pandemia – a começar pela paramentação, que passou a ser mais demorada e exigir muita cautela.

limpeza que salva e acolhe

“Eu trabalhava parecendo que estava indo pra Lua” – relembra ela, com bom humor. E explica: “Usava óculos, touca, máscara, face shield, avental, luva mais comprida e protetor para o pé”.

No fim do dia, tudo ia direto para o lixo, exceto a face shield, que era reutilizada após higienização. A retirada das peças era feita com cuidado, assim como orientado pela equipe médica e de enfermagem. Cartazes também reforçavam como devia ser o procedimento para evitar contaminação.

Para além dos EPIs, outra mudança no dia a dia de Eni foi o volume de trabalho. Antes da pandemia, a desinfecção dos consultórios era feita duas vezes por semana. Depois, passou a ser realizada entre uma consulta e outra, ou seja, várias vezes ao dia.

“Uma das coisas que eu mais admiro é esse cuidado que a APS tem com os pacientes. Se fosse em outro lugar, poderiam fazer a cada dois ou mais pacientes, mas aqui não”, afirma ela, que posteriormente foi transferida para limpar os banheiros e a recepção da Federação e hoje atua em um condomínio em Curitiba.

A saída da APS deixou Eni com os sábados livres para curtir a neta Natali, de 8 anos, e se dedicar mais à igreja da qual participa. Por outro lado, a fez perder o contato mais próximo com médicos e enfermeiros, que frequentemente sanavam suas dúvidas.

“Eu gostava de trabalhar na APS porque sou curiosa. Ficava perguntando ‘que instrumento é esse?’, ‘para quê serve?’, conta aos risos.

A curiosidade não só estreitou os laços de amizade de Eni com a equipe como também ajudou a salvar sua vida. Isso porque, em novembro de 2020, durante a festa de aniversário de 85 anos do pai, Eni sofreu um AVC hemorrágico.

“Por eu saber os sintomas, quando comecei a ter dor na nuca, desorientação e visão ruim, já avisei meus irmãos e fomos para a UPA. Fiquei 13 dias internada. O neurologista que me atende, toda vez que me vê, fala: ‘você sabe que você é meu milagre?’. A rapidez em procurar ajuda foi essencial e minha curiosidade colaborou bastante para isso”.

Durante o período em que ficou internada, Eni foi acompanhada de perto pela equipe da APS, que manteve contato direto com os familiares para saber seu estado de saúde.

“Tenho médicos do sindicato à disposição, mas isso não impedia os médicos e enfermeiros da APS de me orientar e acompanhar. Uma família mesmo e um vínculo muito bom que criei com o pessoal dali”.

Em Londrina, a retribuição ao cuidado

Aparecida Quirino do Prado, a Cida, presta serviço na Unimed Londrina há 20 anos. No início, era encarregada da limpeza. Hoje, supervisiona 40 colaboradores – a maioria mulheres.

“Se as meninas estão bem, eu estou bem”, afirma ela, que acompanha de perto o serviço realizado pela equipe na sede administrativa, na clínica multiprofissional e no pronto atendimento.

“Tento verificar os problemas antes dos clientes. E não fico só na caneta, não. Quando precisa, também cubro funcionária”, conta.

Quando a pandemia começou, ela percebeu que os olhares se voltaram mais para a limpeza. Afinal, o que já era importante virou uma questão de saúde pública em todo o mundo. “Querendo ou não, somos espelhos para as pessoas. E o que nós fizemos foi tentar passar tranquilidade”.

Entre um treinamento e outro e mudanças nos procedimentos para se adequar à nova realidade, veio uma boa notícia: a vacinação! A Unimed Londrina auxiliou no cadastro da equipe de limpeza, que é terceirizada, para tomar a vacina contra a Covid-19. Funcionou assim: Cida e suas equipes enviaram os documentos para o setor administrativo da Unimed, que fez o cadastro no site da Prefeitura. Assim que as doses iam chegando ao município, o agendamento era feito. A medida garantiu a rápida imunização dos colaboradores e respeitou o Plano Municipal de Imunização, que inclui os trabalhadores da limpeza que atuam nos serviços de saúde como grupo prioritário.

“Isso foi uma benção! Mas não é só durante a pandemia, a Unimed sempre foi assim. Uma empresa que pensa em todos e não faz distinção entre os funcionários. Só tenho a agradecer”, comenta Cida.

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