Para médico do exercício, atividade física devia ser atividade de rotina das pessoas como os hábitos de higiene
Indicada para todas as pessoas, sem exceção, apenas com adaptação às habilidades e condições de saúde de cada um, a atividade física regular é vista pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como essencial para uma vida saudável e com qualidade. A prática de exercícios físicos é fundamental para a prevenção e o controle de diversas doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão, problemas articulares, ósseos e musculares, entre outros.
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De acordo a OMS, pouco mais de 20 minutos diários, 150 minutos por semana, de exercícios leves ou moderados já são suficientes para tirar a pessoa do sedentarismo e de todos os problemas de saúde que ele pode acarretar. Mas qual exercício escolher, que atividades são recomendadas para se deixar o sedentarismo? Para o médico Marcelo Leitão, especialista em medicina do exercício e cooperado da Unimed Curitiba, qualquer um.
“O exercício correto, na verdade, não existe. O que existe é a necessidade de se manter ativo. Você pode escolher a modalidade que seja da sua preferência, que ao mesmo tempo seja factível – que você goste e que tenha condições da fazer, para que isso se torne um hábito e, consequentemente, isso traga os benefícios do exercício. Não adianta uma pessoa gostar de esquiar na neve morando no Brasil e daí faz a atividade uma vez por ano, nas férias”, comenta, explicando que, o que pode existir, é contraindicações para determinadas atividades para pessoas que apresentem alguma limitação ou problema de saúde.
“Por exemplo, uma pessoa que tenha problemas no joelho ou no tornozelo não vai conseguir fazer uma atividade de corrida ou que tenha alto impacto para os membros inferiores. Assim como uma pessoa que tem problema de ombro não vai poder fazer natação ou jogar tênis. Então a gente apenas contraindica atividades se a pessoa tem algum desses problemas. Se ela não tem nenhuma limitação, ela pode escolher o que ela quiser. Então se o paciente me pergunta o que é melhor entre natação, corrida, ciclismo, caminhada, eu respondo que não tem melhor. Todos eles são bons”, reforça.
Esforço deve aumentar de forma progressiva
O médico orienta que uma pessoa sedentária que resolva iniciar uma atividade física regular deva escolher uma atividade de baixa intensidade e ir aumentando o esforço físico de forma progressiva. “Se essa pessoa tem menos de 40 anos, faz um exercício suave, como uma caminhada e não sente falta de ar, desconforto no peito ou qualquer tipo de dor osteomuscular, a princípio, essa pessoa pode iniciar um programa de exercícios sem maiores problemas. Se a pessoa tem mais idade ou teve algumas dessas manifestações, ou se deseja iniciar um programa de exercícios mais intenso, deve fazer uma avaliação médica para ter segurança na sua atividade”, explica. “O médico identificará os riscos, solicitará os exames necessários e fará a orientação para garantir que a pessoa faça o exercício com baixo risco”, prossegue.
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Para uma pessoa que está com sobrepeso, o médico sugere que observe se exercícios como corrida ou mesmo caminhada não causam sobrecarga às articulações dos membros inferiores. “Isso não quer dizer que a pessoa não possa fazer uma caminhada ou, até mesmo uma corrida, mas que faça daquela forma progressiva. Mas ela pode optar por exercícios que não gerem essa sobrecarga sobre as articulações e os músculos dos membros inferiores e que podem ter resultados tão bons quanto o da caminhada e, principalmente da corrida. Por exemplo, ciclismo e natação. Ciclismo tem bem menos impacto sobre os membros inferiores, natação divide o esforço com os membros superiores também”, sugere.
Repouso é essencial
O médico lembra que o repouso é essencial para a recuperação do corpo após o exercício e as transformações musculares que a atividade física proporciona, mas o repouso, diz, também pode ser ativo, com uma atividade mais leve. “Não é necessário fazer alternância, pode-se atividades todos os dias, mas, principalmente, pessoas que querem já fazer um exercício de maior intensidade, treinar, por exemplo, para uma corrida, não devem querer fazer um exercício de alta intensidade, dando o máximo de si, todos os dias. Ela precisa montar um ciclo de treinamento, com dias da semana que fará exercícios mais intensos e dias de exercícios mais suaves, dando para o organismo uma condição de recuperação. O repouso é fundamental para que o organismo se recupere para a próxima sessão de exercício. Mas esse repouso pode ser um repouso ativo. Ao invés de ficar completamente parado, você faz um exercício mais leve, que dá ao teu corpo a condição de se recuperar”.
Com o passar do tempo, se a atividade física tornar-se um hábito, a pessoa vai perceber, automaticamente, que o exercício que está fazendo não está mais lhe dando o mesmo nível de dificuldade, de esforço físico. É a hora da progressão. “Aí ela pode aumentar a intensidade e/ou a duração do exercício. Claro que se tiver o acompanhamento de um profissional de educação física, ela pode otimizar essa forma de progressão. E sempre lembrar que, mesmo que já tenha atingido o mínimo que a OMS recomenda, é sempre desejável que você aumente seu condicionamento, pois os benefícios serão maiores”.
Falta de tempo não é desculpa
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que cada pessoa no mundo faça, no mínimo, 150 minutos de atividades físicas leve ou moderadas semanais, ou 75 minutos de atividades de alta intensidade por semana, para não ser considerada sedentária e ter os benefícios que a atividade física regular proporciona ao organismo. Mesmo que não se consiga atingir esses números, qualquer atividade física é considerada melhor do que uma vida sem exercícios. Ao mesmo tempo, quanto mais tempo de atividade, podendo-se chegar, até aos 300 minutos semanais, maior o benefício.
“Uma das grandes questões do mundo moderno é a falta de tempo. Pessoas que dizem que têm o dia muito atribulado e não conseguem incluir a atividade física na sua rotina. Mas 25 minutos de atividades físicas moderadas ou menos de 15 minutos de atividades intensas são suficientes para sair do sedentarismo. O problema é que a atividade física, que é uma ação de saúde, não está entre as prioridades de muitas pessoas e, assim, vai sendo protelada. A falta de tempo é muito mais uma desculpa que uma expressão da realidade. Atividade física devia ser incluída na nossa rotina como os hábitos de higiene por sua importância para a saúde. Ninguém deixa de tomar banho por falta de tempo. E assim devia ser com o exercício”, provoca Marcelo Leitão. “Se, mesmo assim, você não consegue dedicar 20 minutos do seu dia para a atividade física, concentre no final de semana: 1h15 de atividade física moderada no sábado, mais 1h15 no domingo e você está afastando o sedentarismo da sua vida”, conclui.